terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Balanço: SCP

Falar do futebol do Sporting é o mesmo que “chover no molhado”.
Abordar a estratégia e táctica adoptadas, pelo técnico Paulo Bento, é continuar a “bater no ceguinho”.
Pelos vistos, mais de três épocas a “afunilar” o jogo, a criar raras ocasiões de golo, a colocar jogadores fora da sua posição, a insistir, doentiamente, no “losango” e a “fabricar” conflitos evitáveis, não são motivos mais do que suficientes para que Paulo Bento “ponha a mão na consciência” e modifique aquilo que, todos os adeptos e simpatizantes leoninos há muito constataram e os tem afastado da equipa.
Com um plantel escolhido à imagem do seu técnico, mas onde ressalta a qualidade e experiência individual e colectiva de alguns futebolistas, é confrangedor verificar que o clube de Alvalade continua a fazer mais uma “travessia no deserto”, arredado do principal título nacional e com poucas hipóteses de alterar a situação vigente.
Dispondo de futebolistas com a experiência e maturidade evidenciadas por Polga, Rochemback, Caneira, Liedson, Derlei e Postiga, complementadas com a juventude e o potencial de João Moutinho, Pereirinha, Miguel Veloso, Adrien, Yannick, Izmailov, Vukcevic e Daniel Carriço, dificilmente, com outro técnico, o Sporting deixaria de ser um seriíssimo candidato à conquista da Liga.
Com o clube, precocemente, afastado da disputa da Taça de Portugal, mostrando carências primárias ao nível da concessão de jogo e escalonamento da equipa, não se prevê, num futuro próximo, o despontar de uma estabilidade táctico/estratégica que permita aos sportinguistas acalentar esperanças de sucesso, da sua principal equipa de futebol.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Balanço: FCP

Face ao fraco potencial evidenciado pelos principais rivais, embora mostrando algumas fragilidades nos jogos já disputados, o F.C. Porto só por culpa própria não revalidará o título nacional de futebol.
Ao não contar com as “trivelas” de Quaresma, com o “todo-o-terreno” Bosingwa ou com o “tampão” Paulo Assunção, era natural que o FCP viesse a denotar alguma intranquilidade, com os resultados menos favoráveis a aparecerem, atirando a equipa para os lugares secundários da classificação.
Mas a explicação para um desempenho tão pouco habitual do FCP não está só no abandono de alguns dos craques mas também, na introdução de um “corpo estranho”, conhecido por Hulk, na frente de ataque de uma equipa onde os automatismos e mecanizações de jogo se encontravam há muito consolidados.
Ao conceder a titularidade ao recém-chegado Hulk, Jesualdo Ferreira correu alguns riscos que podem vir a custar caro. Se por um lado o jovem brasileiro trouxe agressividade e uma salutar “fossanguice” à zona mais avançada da equipa, por outro “obrigou” o técnico a prescindir do mais que testado 4-3-3, tornando a equipa insegura e colocando em xeque o “fio de jogo”, responsável pelos êxitos, ultimamente, alcançados pelos dragões.
Por outro lado, no centro do terreno, ao “obrigar” Lucho Gonzalez a descair para a ala-direita de forma a dar mais consistência ao novo 4-4-2, limitou a influência do sul-americano numa zona fulcral do terreno, retirando-lhe protagonismo, quer no “balanceamento” da equipa, quer na cadência do futebol praticado, reduzindo, drasticamente, o número de “assistências” que o argentino proporcionava ao seu compatriota Lisandro Lopez.
As novas tarefas atribuídas a Lisandro, também, não têm ajudado a alcançar os melhores resultados. De facto, ao retirá-lo da posição “homem em cunha” no centro do ataque, concedendo-lhe tarefas de “dobragem” dos companheiros da retaguarda, desgastou o argentino que perdeu “poder de fogo” e de explosão que, na época passada, fizeram dele o melhor marcador da liga portuguesa.
Também a adaptação de Rodriguez não tem sido pacífica, em virtude do uruguaio jogar muito “colado” à linha lateral, limitando-lhe o espaço de manobra e de envolvência no jogo atacante da equipa.
Difícil de solucionar, neste FC Porto de 2008/2009 é, sem dúvida, a lacuna existente no lado esquerdo da defensiva. A saída, mal equacionada, de Marek Cech provocou insegurança e instabilidade naquela zona, a que não será alheia a falta de afirmação de Benitez, a pouca propensão de Lino para defender e a adaptação, contra natura, de Pedro Emanuel.
Hulk, embora a espaços evidencie ainda alguma “verdura” e excesso de fogosidade, pela velocidade e poder de remate que tem demonstrado, poderá vir a ser a grande revelação do campeonato, mas uma coisa é certa, a estratégia e o sistema táctico agora implementados demorarão algum tempo a “enraizar” e a equipa irá, forçosamente, ressentir-se disso e, consequentemente, sentir dificuldades na revalidação do titulo.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Balanço: SLB

Com a chegada do Natal e a três jornadas do “terminus”, da primeira volta da Liga Sagres, justifica-se um pequeno balanço ao desempenho futebolístico dos crónicos candidatos ao título máximo do futebol português.
Iniciando pelo Benfica que, ainda não conheceu o travo da derrota, mas sem que alguém minimamente identificado com o clube da Luz saiba qual o onze base de Quique Flores, as indefinições são mais que muitas. Com David Luiz a “fazer” algumas posições, para as quais se encontra pouco vocacionado, e com Sidnei a tentar “ganhar pontos” no centro da defensiva, só Luisão e Maxi Pereira parecem ter lugar garantido na equipa titular.
No centro do terreno a incerteza é total, e a ausência de um “playmaker” não justifica tudo sabendo-se que, as alterações introduzidas, de jogo para jogo, afastam as necessárias rotinas e conduzem a uma flagrante inconstância exibicional. E a dúvida subsiste, Carlos Martins e Hassan Yebda? ou Gilles Binya e Katsouranis? ou, ainda, Aimar ou Nuno Gomes como nº 10?
Com seis meses de treinos no Seixal, o treinador continua a insistir num 4-4-2 clássico, mesmo sem possuir no plantel um ala-direito eficaz e recorrendo, sistematicamente, à colocação de Ruben Amorim naquela posição, introduzindo desequilíbrios na equipa e limitando o desempenho do ex-belenense, que não possui as características mínimas para, de um dia para o outro, desempenhar o papel de extremo.
No ataque, só o hondurenho Suazo parece estar mais tranquilo, em termos de titularidade, fruto da velocidade e do poder físico já manifestados, denotando contudo, alguma inconsistência no seu rendimento futebolístico.
Embora o Benfica ocupe o lugar cimeiro da tabela classificativa, as alterações tácticas constantes a que a equipa tem sido sujeita, retiram solidez ao jogo praticado e confiança aos adeptos que ainda não conseguiram descortinar o estofo necessário e suficiente para um ataque firme ao título nacional.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Futebolices XI

A brilhante iniciativa, dos responsáveis encarnados, de criar o canal televisivo "BenficaTV", está a conseguir atingir os objectivos, na plenitude. De facto, só os benfiquistas podem apreciar as miseráveis exibições, da sua equipa de futebol, conseguidas nas provas internacionais, escamoteando esse prazer aos principais rivais.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Futebolices X

«Tenho a consciência de que salvei o Sporting, desportiva e …financeiramente.» – disse Soares Franco.
Um clube com as aspirações do Sporting pode vencer taças, supertaças ou, mesmo, ser apurado para os oitavos-de-final da Champions mas se, num prazo de três anos, não ganhar a Liga, desportivamente, os objectivos nunca serão conseguidos.
Salvar o clube de Alvalade financeiramente são das “tais coisas” que só se irão constatar, quando os actuais corpos gerentes saírem de cena.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Novas tecnologias

A polémica está a instalar-se, sendo a “verdade desportiva” a bandeira daqueles que defendem a introdução das “novas tecnologias” no futebol.
Só que a “verdade desportiva” não é propriedade de alguns, mas de todos aqueles que acompanham e apreciam o futebol como competição e espectáculo.
Por outro lado, as “novas tecnologias” não são uma panaceia nem se podem transformar numa utopia ao pensar-se que vão resolver todos os problemas dos “erros futebolísticos” dos “homens do apito”.
Não é inocentemente que os árbitros, principais visados, apoiam na generalidade a introdução dos novos “métodos a análise”, uma vez que, prevêem a tarefa mais facilitada, a desresponsabilização aumentada e monetariamente sem consequências.
Todo o cuidado é pouco e não queiram decapitar uma “galinha” que, presentemente, já quase não consegue chocar ovos, quanto mais de ouro.
Os apologistas da introdução das “novas tecnologias” apontam com frequência a experiência do rugby, esquecendo que o futebol é um jogo muito mais dinâmico e onde as interrupções não são tão frequentes.
Os mais cautelosos defendem que, as “novas soluções” deveriam ver a sua aplicação reduzida e restringida aos lances polémicos ocorridos perto da linha de golo, ajuizando se a bola transpôs ou não o “risco fatal”. A solução seria implementada com a colocação de censores no esférico, mas nunca com a introdução de um juiz de baliza, pois isso iria trazer mais um “factor humano” ao jogo. O que não é aconselhável.
Outros, querem limitar a aplicação das “novas técnicas” à grande-área (ex.: foras-de-jogo, penalties, etc.), “atirando” para 2º plano e desprezando as dúvidas surgidas na avaliação de certas faltas ocorridas nas restantes zonas do terreno de jogo e que, todos sabemos, podem “matar”, influenciar e falsear o desfecho do encontro. Muitas dessas pseudo-infracções são “cavadas” e simuladas pelos intervenientes que originam a apresentação de cartões e eventuais expulsões, “cortando” lances que poderiam terminar em golo.
Os mais radicais, normalmente habituados a jogar “playstation”, são da opinião que, os “meios tecnológicos” deveriam contemplar todo o terreno de jogo, apoiados por vários tipos de câmaras, situadas em diversos ângulos de incidência. Por outras palavras estão a declarar que, se prescinde do árbitro, no campo, e se coloca o juiz da partida numa “torre de controlo”, que poderá estar localizada a quilómetros de distância, rodeado por diversos ecrãs que vão dando informações visuais, ao pormenor, daquilo que se passa no terreno de jogo. Pelos vistos, as decisões poderiam vir a ser comunicadas através dos altifalantes do estádio ou por megafone, do representante da Liga.
De facto, as “novas tecnologias” servem, às mil maravilhas, a todos aqueles adeptos que, após os desafios, e desconhecendo estratégias, tácticas e características técnicas dos futebolistas, fazem uso do seu fervor clubista e, de forma simplista, se limitam a discutir se a bola saiu ou entrou, se foi falta ou não, se o avançado estava em linha ou na posição de fora de jogo ou se existiram “roubos de igreja”.
A polémica promete, mas não se pode tratar de um tema tão complexo com a ligeireza como tem sido abordado, muito menos sem existir uma concretização efectiva e exemplificativa da aplicação das “novas tecnologias” a um jogo, previamente filmado, onde seria, forçosamente, contabilizado o tempo de paragem.
É irrealista pensar-se que, ao interromper o encontro, “a toda a hora”, para ajuizar lances duvidosos, também eles sujeitos a juízos de terceiros, torna o jogo mais aliciante e verdadeiro, trazendo benefícios ao espectáculo, sabendo-se que o erro de avaliação continuará a subsistir, sempre que se verifique a existência de dois indivíduos de cor clubista diferenciada.
Como actuar em situações como a que ocorreu no encontro disputado, esta época entre o Benfica e a Naval, quando o rápido Marinho fazendo uso do seu forte poder de arranque se isolou na “cara” do guardião Quim e, quando se preparava para marcar, lhe é assinalado um off-side inexistente? É “menos golo” que um penalty, eventualmente, assinalado pelas “novas tecnologias”, que até pode ser desperdiçado? Como proceder? Coloca-se novamente o Quim na linha de golo e o Marinho a correr desde a linha intermédia? O que fazer no posicionamento dos outros elementos em campo, que entretanto se movimentaram e saíram da posição inicial? Como é que os patrocinadores das “novas técnicas de análise” resolvem uma situação como a verificada?
O que os “fundamentalistas” pretendem não é “verdade desportiva”, é mais a imposição do “tecno-futebol” ou do “futebol computorizado”, uma vez que o futebol como foi idealizado, concebido e que tem vindo a evoluir ao longo dos anos, continua a ser aquele que é jogado entre o Arroios e o Vitória da Picheleira, o Cinfães e o Avanca ou entre o Olímpico do Montijo e o Moitense, uma vez que nesses encontros não está presente a televisão, nem câmaras instaladas que possam “ajudar” os “homens do apito”.
Com o pretexto da “verdade desportiva”, aplicada aos lances polémicos, não se pode cair na insensatez de querer “tapar o sol com a peneira” e, inconscientemente, introduzir mais injustiça e desigualdade desportiva no “jogo do século”……..…passado.
Conservador, “Velho do Restelo”, retrógrado, chamem-me o que quiserem, mas insensato, incoerente e utópico, não.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Seis ou meia dúzia?

Mais uma vez um resultado adverso, derrota com o Brasil por 6-2, veio confirmar a falta de aptidão do seleccionador para o lugar.
Como habitual, a culpa não morre solteira, e desta vez deve-se à “porcaria dos jogadores” que: «Se deslumbraram e sofreram golos patéticos».
De facto, defrontar a selecção do Brasil, recheada de centro-campistas de qualidade acima da média, e optar por colocar três “médios de transposição”, onde se notava a ausência de um médio com características defensivas (Tiago não é médio para se encostar aos centrais), não evidencia só falta de perspicácia no escalonamento da equipa mas também, que os tão apregoados “trabalhos de casa” não foram realizados.
Colocar na ala-esquerda um mal adaptado e pouco “jogado” Paulo Ferreira juntamente com um Ronaldo que apenas se preocupa em jogar do meio-campo para a frente, pouco se incomodando em dobrar os colegas, para defrontar dois jogadores rápidos e de potencial elevado (Maicon e Elanio) mostra ingenuidade e fracos conhecimentos técnicos.
Entrar em campo com Danny na posição de avançado-centro, futebolista que evoluiu a “olhos vistos” nos últimos tempos, é uma aberração, por muitos golos que o jogador do Zenit possa vir a marcar, uma vez que se trata de um futebolista, não muito dotado fisicamente, que prefere “pisar” os terrenos envolventes aos avançados.
Insistir, quando as “coisas” começam a não correr de feição, na colocação de Cristiano Ronaldo na posição de ponta-de-lança, por muitos “experts” que defendam esta tese, não traz nada de novo ao jogo, uma vez que o futebolista do Manchester United precisa de “espaço de manobra”, fazendo da velocidade uma das suas principais “armas”.
Depois de Scolari ter realizado uma renovação, a todos os títulos brilhante, tornando a selecção portuguesa, que esteve presente nas últimas fases finais dos europeus e mundial, mais competitiva que a “geração de ouro”, que a antecedeu, aparece mais um “projecto Queiroz” que, propagandeia a “construção” de uma nova selecção, com mentalidade ganhadora, mas que até ao momento só “acrescentou” Danny aos internacionais existentes.
Pelo “andar da carruagem” não se augura nada de bom para o futuro da selecção portuguesa que, provavelmente, começará a não estar presente nos “grandes palcos”, à imagem e semelhança daquilo que aconteceu em décadas não muito distantes.

1º Aniversário



Um ano passou desde a criação deste blogue.
Nascido da insistência de amigos que, conhecendo as minhas opiniões e convicções relativamente às ocorrências e factos futebolísticos, me estimularam e transmitiram a coragem necessária para difícil empreitada.
Sozinho na gestão do “portal”, limitado à temática futebolística e sabendo que um blogue “vive”, essencialmente, da oportunidade e da frequência com que é ”alimentado”, receei não poder cumprir o objectivo, previamente, definido: média de um “post” por semana. Felizmente os assuntos não têm faltado, mesmo só para um breve comentário (ex. futebolices), e a média de textos inicialmente estipulado foi largamente ultrapassada.
Sem publicitação e só com um grupo restrito de amigos a divulgá-lo, é com agrado que constato o aumento exponencialmente do número de visitantes, demonstrando que algum interesse tem despertado àqueles que o visitam, pela primeira vez.
Pessoalmente, o desafio para além de estimulante tem servido como um “escape” e um aliviar de afazeres profissionais, permitindo opinar e abordar os “temas do momento” evitando repetir ideias expressas em jornais e, muitas das vezes, “adivinhando” acontecimentos que, posteriormente, se confirmam. E como tudo fica registado, no blogue, não posso ser acusado de: “saber o resultado só no final do jogo”.
Gostaria de agradecer a todos os visitantes anónimos que têm tido paciência para me aturar, prometendo que as opiniões e os comentários continuarão a surgir com frontalidade, isenção e independência, mesmo abordando situações complexas, eventualmente, ocorridas no clube onde, com orgulho, sou quase cinquentenário.
Nota: Surpreende-me o facto de muito raramente “aparecerem” comentários aos textos publicados. Será que a concordância é generalizada ou só escrevo banalidades?
Cumprimentos desportivos do Luso
20 de Novembro de 2008

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O "portuga" Liedson

Muito se tem falado e escrito sobre a possibilidade de Liedson, após a naturalização e à semelhança do que aconteceu com Deco e Pepe, representar a selecção portuguesa de futebol.
Por muitas dificuldades que o seleccionador encontre no preenchimento da posição de avançado-centro, na “equipa de todos nós”, e sabendo-se da eventual concordância do representante máximo da FPF, o certo é que a convocação do brasileiro é um tema delicado e que encerra alguma controvérsia.
As semelhanças encontradas na naturalização e na subsequente utilização de Liedson na selecção com a convocação de Deco e Pepe não justificam, por si só, a chamada de mais um brasileiro para defender as cores nacionais. Só por desconhecimento se pode confundir o trajecto dos dois luso-brasileiros com o de Liedson. De facto, Deco e Pepe, para além de terem saído do Brasil ainda muito jovens, onde em clubes secundários já manifestavam ténues lampejos de talento, fizeram todo o percurso de aprendizagem profissional já em Portugal, ao serviço de clubes, também, de menor nomeada, como o Alverca, Salgueiros e, no caso de Pepe, no Marítimo B.
Citar a origem de Bosingwa e Makukula, nascidos no Congo, e de Nani em Cabo Verde, não parece correcto uma vez que vieram para Portugal ainda com tenra idade, tendo desenvolvido toda a sua formação nas camadas juvenis de clubes nacionais e, inclusive, iniciado o percurso internacional nas selecções mais jovens do nosso futebol.
Liedson, pelo contrário, chegou ao futebol português “já feito”, com palmarés relevante conquistado em alguns dos principais clubes brasileiros (ex.: Coritiba, Flamengo e Corinthians), só não tendo sido escolhido para representar o seu país de origem porque, na época, o ataque da “selecção canarinho” estava entregue a jogadores como Ronaldo, Ronaldinho, Adriano e outros tais.
Não sendo um jovem, Liedson para além de estar na fase descendente da sua brilhante carreira, completa 31 anos no corrente ano o que, em termos temporais, limita o possível “aproveitamento” como internacional português, não se deslumbrando um enquadramento técnico que compense o “investimento sentimental” e administrativo dos responsáveis federativos.
Por outro lado, a globalidade e a abertura dos mercados, que a todos atingem conduzindo a naturalizações indiscriminadas leva, a médio prazo, à descaracterização do futebol dos respectivos países e à consequente desmotivação dos adeptos e à perda de envolvimento, que uma representação nacional requer.
Longe vão os tempos (27-04-1960), onde assuntos do género não “mereciam” discussão e, a dupla de centrais leoninos constituída por Lúcio, nascido no Brasil mas filho de pais portugueses, e David Julius, sul-africano naturalizado português, se estrearam na selecção nacional, em Ludwigshagen, com uma derrota por 1-2, frente à República Federal da Alemanha.

sábado, 1 de novembro de 2008

Futebolices (IX)

«Podemos perder jogos, posso perder o lugar mas não mudo» – disse Paulo Bento.
Obstinado? Casmurro? Irracional? Obcecado? Insensato? Birrento? Alucinado? Teimoso?
Depois das palavras proferidas pelo técnico leonino, e em face da indiferença manifestada pelos administradores da SAD, o que pensarão os accionistas de tudo isto?

domingo, 26 de outubro de 2008

Jesualdo "O Benfeitor"

Vocacionado para a formação, o professor Jesualdo Ferreira para além de um conhecimento profundo do panorama futebolístico português possui um forte sentido altruísta que o leva a “inventar” e a dar “tiros no pé”, com o objectivo de contrabalançar as forças, nos confrontos do FCP com os seus adversários.
Assim, não é de estranhar que em determinados encontros, onde o FCP é considerado favorito ou com grandes possibilidades de alcançar a vitória, a preocupação do professor seja tornar os jogos mais equilibrados, mais competitivos e emocionantes, intervindo de forma empenhada, no sentido de harmonizar a peleja.
De facto, ao colocar Hulk ou Farias na frente de ataque e fazendo derivar o “mortífero” Lisandro para os flancos, muitas vezes em tarefas defensivas, o professor não pretende senão colocar emoção e incerteza no resultado.
Ao conceder a titularidade a jogadores como Benitez, Lino, Guarin ou mesmo Mariano e ao atribuir a Lucho funções na ala-direita, Jesualdo não está senão a proporcionar ao antagonista a possibilidade de arrecadar alguns pontos.
A facilidade e/ou irresponsabilidade com que passa do rotinado 4-3-3 para um 4-qualquer coisa-qualquer coisa, para além de denotar desespero ou que “anda às aranhas” é “meio caminho andado” para o insucesso.
Ao “apostar” no veterano Nuno Espírito Santo, guarda-redes que fez grande parte da carreira no banco dos suplentes, em detrimento de Helton, por muito que o português una o grupo e dê um óptimo ambiente ao balneário, está a retirar qualidade e a introduzir instabilidade na zona defensiva.
Uma coisa é quase certa, José Nuno Pinto da Costa vai “levar” com o professor-benemérito até final da presente época, arriscando-se a não conseguir repetir os êxitos de épocas anteriores, para satisfação dos seus principais rivais.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Albânia ou Queiroz?

Primeiro gostaria de solicitar uma nova leitura ao “post” intitulado “O Mito” publicado neste blog, no passado mês de Julho, quando da contratação do professor Carlos Queiroz pela FPF.
Depois recordar que, os primeiros resultados contra as “fortes” selecções das Ilhas Faroé e de Malta foram classificados pelo seleccionador nacional como de “mágicos”. Contudo, a derrota em casa frente à pouco credenciada Dinamarca já foi atribuída, pelos “mass media” portugueses, à falta de experiência dos nossos futebolistas, sabendo-se que, a maioria deles disputa as mais competitivas ligas europeias. Fora, também, há mais de 15 anos que a Selecção Nacional consentira a última derrota em casa em jogos de apuramento para o Mundial. Aconteceu a 24 de Fevereiro de 1993, no Estádio das Antas, frente à Itália, por 1-3. O seleccionador nacional era Carlos Queiroz.
O encontro contra a Albânia, disputado em Braga, só veio confirmar a incompetência que o técnico(?) vem patenteando, ao longo dos anos.
Contra um adversário sem expressão que, se limitou a povoar o seu meio-campo e a zona defensiva, deixando os avançados longe dos restantes elementos e entregues a si próprios o seleccionador mostrou-se incapaz de alterar o rumo dos acontecimentos e contribuir para levar de vencida um equipa que, aos 40 minutos de jogo se viu reduzida a dez elementos.
De facto, o prof. continua a “ler” mal o jogo e a fazer substituições descabidas e fora de tempo dando razão àqueles que o consideram como um bom adjunto, que sente a falta do técnico principal, para lhe “soprar” aos ouvidos.
Para os fanáticos, guardiães-mor do “queirosismo”, o proteccionismo ao seleccionador irá continuar, bem como a compostura intelectual do mesmo.
Algures, numa casa apalaçada do bairro londrino de Chelsea alguém pronunciará famoso provérbio: «Atrás de mim virá, quem bom de mim fará».

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O Dr. Distraído

Em entrevista recente, concedida a um conhecido jornal desportivo o Dr. Soares Franco, presidente do Sporting Clube de Portugal, classifica o distanciamento entre os adeptos leoninos e o clube como uma crise de militância.
A decrescente presença de público em Alvalade, ano após ano, é atribuída a uma “falha de ligação emocional” dos simpatizantes ao clube, não tendo ainda o Sr. Dr. descoberto a formula de fazer crescer a família sportinguista.
De facto, não é apontando como resultados positivos a vitória no Torneio do Guadiana, a Supertaça e a presença na Champions, e minimizando as recentes derrotas com os principais rivais, Benfica e FC Porto para a Liga Sagres, que se atrai mais adeptos ao clube.
O afastamento a que está condenado o simples simpatizante relativamente aos craques, fechados “a sete chaves” na Academia, também não ajuda a juntar os sócios do clube verde branco.
Os falhanços, humilhantes, frente ao Real Madrid e Barcelona, a fraca qualidade de jogo patenteada nos encontros já disputados e as carências, em termos de oportunidades de golo criadas pela equipa, não contribuem para levar mais público ao Alvaláxia.
Por outro lado, as incompatibilidades viscerais do técnico Paulo Bento com futebolistas com potencial mais que suficiente para garantir a titularidade, não são trunfos a favor da união entre os associados leoninos.
O Dr. Soares Franco pode até imputar o não pagamento de quotas e o decréscimo de vendas das gameboxes à “crise global” e à falta de poder de compra dos portugueses mas, uma coisa é certa, sem vitórias e com uma equipa que exibe pouca consistência exibicional dificilmente entrará mais gente no estádio.
O presidente pode sobrevalorizar os torneios particulares disputados pelo Sporting, as Taças e Supertaças conquistadas, o apuramento para a Liga Milionária mas se o clube não vencer, a curto prazo a principal Liga nacional, os adeptos do futebol em geral continuarão a afirmar que os sportinguistas estiveram “x anos” sem vencer o campeonato, como aconteceu em 18 anos consecutivos, não sendo relevante mencionar as taças conquistadas, no período de "abstinência", nem tão pouco as vezes em que terminaram no segundo posto.

domingo, 12 de outubro de 2008

Futebolices (VIII)

Para além da justeza do empate, pontuar na Suécia não poderá ser considerado como um resultado negativo. Só que no futebol português, mais uma vez, não se sabe a quem atribuir o mérito do ponto conquistado.
Aos jogadores que suaram as estopinhas? Ao seleccionador que “montou” a equipa a contento? Ou às “energias positivas” do mestre Alves, famoso bruxo de Barcelos, que depois do “trabalho” na Aguçadoura, perto do mar, à meia-noite, se deslocou até Estocolmo para fazer um “servicinho”, junto ao estádio, e ajudar Portugal a ir ao Mundial?

sábado, 11 de outubro de 2008

Os Mourinhos


Considerado por muitos como o melhor treinador do “mundo e arredores” José Mourinho, ao optar por uma carreira “fora de portas”, acabou por deixar uma “pesada herança” no futebol português.
Treinador familiarizado com vitórias e títulos, aproveita com mestria a componente psicológica recorrendo à diversidade de opções tácticas e flutuações estratégicas, com vista à rentabilização das capacidades dos futebolistas ao seu dispor.
Tão afamado e de invejável curriculum, não foi difícil encontrar no futebol português técnicos com tendência para a “colagem” e para o seguidismo dos métodos a aplicar, na ilusão de conquistas garantidas.
Como o risco de fracasso é imprevisível e a imitação nunca é melhor que o original, treinadores como Luís Campos, José Gomes, Carlos Carvalhal, Vítor Pontes (antigo adjunto de Mourinho), ao perseguirem as “pegadas do mestre”, sentiram na pele tão arrojada atitude e comprometeram, de certa forma, as suas carreiras.
Por vezes, basta escolher o célebre “losango”, táctica bastas vezes utilizada por Mourinho, para conduzir ao insucesso uma equipa cujos jogadores evidenciam clara inadaptação a tal sistema.
Presentemente e devido à adopção de polémica táctica, Daúto Faquirá, Jorge Jesus e o próprio Paulo Bento, só para citar alguns dos que disputam a Liga Sagres, face à carência de resultados positivos, vêem comprometido o futuro à frente das respectivas equipas.
Exemplos semelhantes encontram-se espalhados pelas divisões secundárias do futebol português, onde a ausência de percepção, a excessiva ousadia ou falta dela e a escassa experiência conduzirão, a curto prazo, ao fracasso e ao término precoce de carreiras, muitas delas auspiciosas.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Nunca

Outro dia, em Lisboa, encontrei um senhor que:

- Nunca foi ministro, nem dirigente desportivo;
- Nunca assistiu a um jogo de futebol;
- Nunca leu “A Bola”, o “Record” ou “O Jogo”;
- Nunca adquiriu acções de SAD;
- Nunca chamou epítetos desprimorosos aos árbitros;
- Nunca recebeu nem pagou “luvas” ou comissões;
- Nunca se preocupou com o número de estrangeiros a jogar em Portugal;
- Nunca ouviu falar de Dias Ferreira, Guilherme de Aguiar e de Fernando Seara;
- Nunca pendurou a bandeira nacional, à janela;
- Nunca ouviu falar do prof. Carlos Queiroz, nem do prof. Neca;
- Nunca jogou no totoloto, nem no totobola, nem na raspadinha;
- Nunca leu um artigo da Leonor Pinhão, nem do Miguel Sousa Tavares;
- Nunca pôs em dúvida a inteligência de Luís Filipe Vieira;
- Nunca disse mal do Pinto da Costa nem ouviu falar do Estádio do Dragão;
- Nunca se arrependeu de ter votado Soares Franco;
- Nunca foi agredido/ofendido por ser simpatizantes de um clube;
- Nunca pagou IRS, nem IVA, nem a quota de qualquer clube;
- Nunca rugiu impropérios contra os treinadores de futebol;
- Nunca achou que Vale de Azevedo cometesse vigarices;
- Nunca viajou com “claques de futebol”;
- Nunca ouviu falar no “Apito Dourado”, nem na família Loureiro;
- Nunca achou graça ao palavreado do técnico Manuel Machado;
- Nunca concordou nem discordou da aplicação das novas tecnologias ao futebol;
- Nunca se pronunciou sobre a “táctica do losango”;
- Nunca achou que o Paulo Bento fosse um treinador com tranquilidade;

Era um senhor do Nepal.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Futebolices (VII)

Quase octogenário e pela primeira vez no escalão principal, o Trofense cujos dirigentes, desconhecendo a “máxima” que diz: «Equipa que sobe é séria candidata à descida», provocaram a primeira “chicotada psicológica” do futebol português.
Como não pontuaram nos três primeiros jogos mostraram todo seu reconhecimento e apreço, pelo técnico obreiro da subida de divisão e, sem apelo nem agravo, apontaram-lhe a porta de saída.
Mais uma vez, o futebol português no “seu melhor”.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Vukcevic vs Paulo Bento


Nunca foi fácil desempenhar a tarefa de “advogado do diabo”.
No presente caso e por se tratar de um futebolista que, quando chamado a competir e a defender as cores do clube que representa o faz com determinação, empenho, entrega e com um potencial que se encaixa na perfeição no conjunto leonino, sobram os argumentos de defesa.
De facto, os níveis competitivos evidenciados, em campo, por Vukcevic, nas raras ocasiões que tem sido opção para Paulo Bento, justificam a presença do montenegrino no “onze” inicial.
Por outro lado, toda e qualquer polémica, disciplinar ou não, deverá ser sempre solucionada no “aconchego” do balneário e jamais as “birras”, caprichos ou teimosias, tão do agrado de jovens técnicos, deverão servir como estratégia de afirmação e imposição, perante jogadores consagrados, com historial e “peso” no clube. Se por um lado conduz à criação de “grupinhos”, por outro provoca o abandono de futebolistas com passado e “papel” relevante na equipa. No clube de Alvalade os sinais de incompatibilização são por demais evidentes e conduziram à saída, precoce, de jogadores carismáticos como: Beto, Custódio, Sá Pinto, Paredes, Carlos Martins, etc.
Os pseudo-disciplinadores, defensores do autoritarismo, poderão contra-argumentar que: «Não poderão jogar todos.» Nada mais certo. Mas poderão e deverão jogar os melhores. No caso do Sporting, bastava o técnico ensaiar um “esquema de jogo” baseado num 4-3-3, com dois elementos encostados às “linhas” que, para além proporcionar maior numero de oportunidades de golo, permitiria a rentabilização e compatibilização do trio centro-campista, constituído por Rochemback, João Moutinho e Miguel Veloso, tornando a equipa mais competitiva e séria candidata ao título.

sábado, 13 de setembro de 2008

Parabéns a vossemecês

Neste dia 13 de Setembro de 2008, mais um clube português entrou para o grupo dos clubes centenários.
De facto, temos de parabenizar todos os adeptos, simpatizantes e, principalmente, os associados do Benfica que, vêem o seu “glorioso” chegar à provecta idade de 100 anos.
Para além das alegrias resultantes de um passado grandioso e recheado de êxitos e importantes conquistas, estamos na presença de um clube repleto de tradição e possuidor de uma mística difícil de igualar.
O Benfica, no dia de S. João Crisóstomo, passou a pertencer à família dos clubes seculares onde, entre outros, se encontram prestigiadas agremiações nacionais como: o CIF, o Boavista, o FC Porto, o Sporting, o ACP, o Ginásio Clube Português ou o Clube Naval de Lisboa.
Espera-se que, Luís Filipe Vieira, presidente de todos os benfiquistas, não “deixe passar” em claro tão importante data e reserve a sala principal do Casino do Estoril para a Gala que o clube e os associados tanto merecem e onde os atletas olímpicos do clube da Luz, medalhados nos Jogos de Pequim, esperam uma justa e digna homenagem.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O Palmelão

Após uma leitura atenta do livro das publicações Dom Quixote, sobre os meandros do futebol português, da autoria de Octávio Machado, intitulado “Vocês sabem do que estou a falar”, retirei uma “preciosidade” que revela, parte, da personalidade de tão controvérsia figura.

«…Foi também por essa altura que introduzi o esquema de jogo 4-2-3-1. Era um modelo de jogo que não existia, que até aí ninguém tinha utilizado. Dito de outro modo, fui o primeiro treinador, não apenas em Portugal mas em todo o mundo, a inventar esse sistema de jogo. O primeiro! Claramente! Alguém que prove o contrário, se for capaz....»

Saberá o palmelão do que está a falar?

terça-feira, 2 de setembro de 2008

O Mustang interista

Com o ingresso de Ricardo Quaresma, no Inter de Milão, o folhetim teve o desfecho, há muito esperado.
Se por um lado, ao desfazer-se do futebolista por 18,6 milhões de euros (mais o promissor Pelé), se confirma que Pinto da Costa já não é o que era, em virtude de, em tempos não muito recuados, ter afirmado que Quaresma nunca sairia por menos de 40 milhões de euros, por outro verifica-se que, os dirigentes e os adeptos portistas já estavam saturados das “trivelas” do cigano. Só assim, se entende que, um extremo com o palmarés do internacional português seja avaliado num montante muito inferior ao de Bosigwa (20,5 milhões) e ao da recente transferência de Danny (30 milhões), sabendo-se que, há aproximadamente um ano os “dragões” recusaram uma proposta, do Atlético de Madrid, de 25 milhões de euros. A animosidade existente no Porto, para com o jogador, certamente, não foi alheia à sua sub avaliação.
Difícil tarefa está guardada para José Mourinho que, a curto prazo, terá de “limpar” a cabeça de um futebolista, com condições técnicas excepcionais, mas onde o vedetismo, a sobranceria e a petulância foram o resultado de êxitos rápidos, em espírito débil.

sábado, 30 de agosto de 2008

Futebolices (VI)

O ex- Estrela da Amadora, Mateus foi o 1º jogador a ser indicado, por Daúto Faquirá, para o plantel do V. Setúbal. Foi também o 1º futebolista a ser substituído no arranque da Liga. Ao sair não cumprimentou o treinador, deixando-o de mão estendida. Como reagirá futuramente, em termos disciplinares, o grupo de trabalho a este episódio que, no mínimo, denota uma imensa falta de consideração, educação e de princípios básicos?

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Futebolices (V)

O “defeso” prolongado, não foi suficiente para o FCP conseguir colmatar a vaga deixada por Paulo Assunção. Tentando corrigir o equilíbrio do meio-campo, Jesualdo Ferreira inverteu o “tridente” e fez recuar Raul Meireles.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Futebolices (IV)

Embriagado por êxitos recentes, Jorge Jesus parece desconhecer o “Principio de Peter”. Estranha-se que, prescinda de Wender, por não se adaptar ao pré-definido losango táctico, mas não encontre dificuldades em “encaixar” os “alas” Alan e Matheus.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Futebolices (III)

Os equívocos de Quique Flores: Ruben Amorim, Urreta e Aimar não são médios-ala. Provavelmente, já nem Reyes o é.

Futebolices (II)

Não se iludam os sportinguistas, com os elogios dos “experts”. 3-1 é um bom resultado mas, o Sporting jogou em casa com um adversário que vem da II Liga, “fez” dois golos de “bola parada”, não se viram ocasiões de golo e o guardião do Trofense só recebeu “bolas mortas”.

Futebolices (I)

Ricardo Quaresma pode estar ou não de saída mas, uma coisa é certa, os responsáveis portistas, ao prescindir do jogador, estão a dar uma lição de autoridade, disciplina, rigor e profissionalismo que, há muito, as atitudes de irreverência, vedetismo, arrogância e, por vezes, egoísmo futebolístico, evidenciadas pelo futebolista, mereciam.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Novos dragões


Depois de ver partir, Bosingwa, Paulo Assunção e, provavelmente, Ricardo Quaresma, jogadores importantíssimos na manobra da equipa e na conquista do último título nacional, Jesualdo Ferreira viu-se, em parte, compensado com a chegada de futebolistas de inegável qualidade.

Sapunaru: Sereno e, tacticamente, disciplinado é um jogador que mostra grande solidez defensiva, cultura táctica e bom jogo aéreo. Muito posicional poderá ser utilizado, também, como central.
Sóbrio, embora necessite de ganhar alguma confiança, para atacar, o romeno ganha a olhos vistos o lugar de lateral-direito, o que a acontecer relegaria Fucile para o lado esquerdo da defensiva, posto que ocupou na última temporada.

Rolando: Fisicamente bem constituído, evidencia serenidade, forte antecipação e bom jogo de cabeça, predicados tão necessários para quem joga no eixo da defesa.
Sem pressa nem pressão, mostra grande tranquilidade para quem chegou à tão pouco tempo.
Com estofo para arrebatar uma posição no centro da defesa, Rolando fica à espreita de um lugar de titular.

Cristian Rodriguez: Raça, determinação, poder físico, técnica e entrega fazem deste uruguaio um dos melhores futebolistas estrangeiros a jogar em Portugal. Jogador explosivo já com provas dadas, no futebol português, o destaque e a titularidade na equipa portista, esperam-no.
De elevada produção quando “colado” à linha, as suas arrancadas criam sempre perigo e desequilíbrios, nunca se cansando de tentar o remate.
No “onze” haverá sempre lugar para este uruguaio. Rodriguez é um reforço a sério.

Nelson Benitez: Jogador que levanta as maiores dúvidas. Mostra alguma solidez defensiva, mas muito faltoso. Pouco atrevido a atacar, dá pouca profundidade ao jogo ofensivo.
Por vezes, denota alguma “verdura” e falta de ritmo. Pouco sensata a atitude de dispensar Marek Cech, jogador já adaptado ao clube, para “importar” um argentino que, até ao momento, não convenceu plenamente.
A saída de Bosingwa poderia devolver Fucile ao seu posto original. O defesa uruguaio tinha legitima esperança de ocupar o lugar, na direita, mas devido à pouca qualidade evidenciada por Benitez e Lino, deverá continuar a jogar no lado canhoto.

Tomás Costa: Referenciado como médio-direito, lugar onde Lucho se encontra de “pedra e cal”, é um futebolista com pulmão, habituado a jogar nas costas dos outros, podendo assumir posições diversas, no centro do terreno.
Médio de transição é um lutador que consegue roubar bolas importantes. Com bom toque de bola e desenvolto a atacar mostra facilidade no passe e no remate de longe.
Revela pormenores que, por si só, não farão dele titular mas que ajudarão a lutar por um lugar no “team”.

Fernando: Depois do empréstimo, o jogador vai ter nova oportunidade no FCP. Tacticamente evoluído e disciplinado é um sério candidato ao lugar deixado por Paulo Assunção.
Generoso, batalhador e com bom toque de bola, Fernando é o mais parecido, nas características físicas, com o agora jogador do Atlético de Madrid. Ainda em "fase de crescimento" não deverá entrar de “ caras” na equipa. Caminho longo a percorrer, até chegar à titularidade.

Guarín: Médio polivalente, espreita um lugar na vaga deixada por Paulo Assunção. Pelas características evidenciadas, bem diferentes da do brasileiro, não será o seu herdeiro legítimo.
Não dando sinais de ser um “trinco” puro é um jogador ágil, com presença e boa leitura de jogo, incorporando-se com facilidade em tarefas ofensivas, parecendo estar em vantagem para ganhar o lugar disponível no trio de médios.
O colombiano é mais um nº 8.

Hulk: O Incrível Hulk é uma das personagens mais conhecidas da banda desenhada. O epíteto de super-herói, parece encaixar-se como uma luva neste jovem possante com um físico de meter medo a qualquer defesa.
À procura do sonho europeu, este brasileiro foi uma compra cara mas, os dragões não iriam apostar num avançado que não oferecesse o mínimo de garantias de êxito. No entanto, Hulk só ganhou projecção no segundo escalão nipónico, onde era considerado o melhor jogador do Tokyo Verdy, anónimo clube japonês.
Vem com ritmo competitivo e tem como principais características a velocidade e a força, não receando o fracasso quando tem oportunidade para alvejar a baliza contrária.
Tem um extenso trajecto de adaptação ao clube nortenho e ao futebol português, em geral. Na presente época, será sempre uma segunda escolha.

Candeias: Jogador participativo, não tem medo de arriscar e gosta de partir para o "um contra um", sempre com a preocupação de fazer a desejada “assistência”, para os homens mais adiantados. Destemido e irreverente, este jovem, movimenta-se bem e não teme o erro.
Embora voluntarioso ainda tem muito que esperar.

Tengarrinha: Na posição onde joga, a concorrência é enorme e não tem espaço para se afirmar. Jogador em fase de aprendizagem vai ter poucas hipóteses de aparecer nas opções de Jesualdo.

A táctica: Com um 4-3-3 bem definido, servido por dois extremos bem abertos e um trio de centro-campistas que se completam, na perfeição, Jesualdo Ferreira terá necessidade de repor os equilíbrios que as saídas de Bosingwa e Paulo Assunção provocaram.
Mesmo sem um substituto directo de Paulo Assunção, Jesualdo não parece muito tentado a inverter o “tridente” do meio-campo, para compensar o desequilíbrio deixado pelo brasileiro.
Como o futebol vive do conjunto, com a saída do “pivot” defensivo o colectivo, forçosamente, irá ressentir-se. Presentemente, o futebolista que melhor poderá desempenhar aquela missão é Raul Meireles que, para além de não desconhecer o lugar, dá largura e inteligência táctica ao jogo, devido ao seu sentido posicional.
Lucho continua a ser a referência do meio-campo, mas a falta de adaptação de Guarín à posição de trinco irá relega-lo para a posição de médio esquerdo? Se tal acontecer não deixa de ser curioso, sabendo-se que o valoroso Ibson, foi dispensado por jogar na posição do intocável argentino.
Com o plantel que tem à sua disposição, se o professor não começar a “inventar” e não tomar opções descabidas, arrisca-se a ser tri-campeão nacional.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Reforços leoninos


Após uma temporada em que conquistou a Taça de Portugal, a Supertaça e terminou a Liga no segundo posto, espera-se mais ambição nas hostes sportinguistas. Assim, para além de terem mantido as “estrelas”, os responsáveis leoninos, reforçaram a equipa com futebolistas “credenciados”.

Rochemback: O regressado brasileiro, para além de ser um jogador com uma dimensão futebolística muito acima da média, possui uma capacidade de passe notável aliado a um perigosíssimo remate, especialmente, nas “bolas paradas”. Muito interventivo controla todo o jogo da equipa, assumindo-se como o “motor” que dá a dinâmica e o sentido ao jogo. Oxalá a tendência para obesidade não se comece a manifestar.

Hélder Postiga: Jogador de área, agressivo, frio, com “poder de fogo”, não evoluiu de acordo com o potencial evidenciado, quando ainda júnior.
Difícil missão o aguarda. Com uma concorrência forte é um futebolista que necessita de ser “assistido” pelos flancos, favorecendo-o, particularmente, o modelo táctico 4-4-2, com dois extremos. O seu rendimento, em Alvalade, vai também depender da motivação que lhe consigam incutir.

Caneira: Aos 28 anos, ainda não se conseguiu afirmar na plenitude. A sua polivalência, embora importante e útil, tem-no descaracterizado como futebolista.
Central de raiz, praticamente fez toda a sua carreira como defesa-lateral, nunca se conseguindo impor devido a limitações técnicas. De facto, como lateral não mostra a dinâmica atacante que lhe permite pisar terrenos, para além da linha do meio-campo. Jogador disciplinado, Paulo Bento estará a pensar utilizá-lo como central ou “trinco”. Aquisição dispendiosa demais, para um “suplente polivalente”.

Daniel Carriço: Futebolista em fase de formação é um defesa-central muito concentrado, que evidencia já grande personalidade. Os empréstimos ao Olhanense e ao AEL do Chipre deram-lhe maturidade, experiência e apuraram o sentido posicional e o “tempo de entrada” à bola. Prepara-se para ultrapassar mais uma “fase de crescimento”, no meio das “feras”. Dificilmente será convocado.

Ricardo Batista: A última aquisição e uma das mais inesperadas. De facto, possuindo o plantel leonino um guarda-redes, com “alguma baliza” mas inexperiente, que ganha confiança a cada jogo que disputa (Rui Patrício) e outro “quase veterano” (Tiago), mas sem nunca ter conseguido a titularidade plena, era previsível que a escolha do terceiro “keeper” recaísse num meio-termo. Contudo, a aposta de Paulo Bento foi no jovem internacional sub-21, ex-suplente do Fulham, algo “verde”, é certo, mas com grande margem de progressão.

A táctica: Os primeiros encontros, disputados pelo Sporting, deram para constatar alguma abertura, por parte de Paulo Bento, para abdicar da mal fadada táctica do 4-4-2, em “losango”, utilizada nas últimas temporadas. O técnico leonino deu mostras de que pretende estruturar a equipa num 4-4-2 clássico, colocando os médios a jogar “em linha”, concedendo mais dinâmica aos médios-centro e mobilidade aos avançados.
O novo desenho táctico dá mais largura ao jogo, girando em torno do imprescindível Rochemback que utiliza, na perfeição, os lançamentos longos como arma mortífera para chegar ao golo. Com o 4-4-2 clássico a ganhar “peso”, como modelo de jogo, o Sporting necessita de alas rápidos para flanquear, para os avançados, não demonstrando Izmailov e Vukcevic imaginação técnica, à altura dessa tarefa.
Se calhar a solução estará no 4-3-3 que, à partida, possibilitaria formar um meio-campo, poderosíssimo, com João Moutinho, Rochemback e Miguel Veloso.

domingo, 27 de julho de 2008

Aquisições benfiquistas


A estreia de Rui Costa, como principal responsável pelo futebol do Benfica, e as contratações já efectuadas trouxeram ao plantel novos elementos na esperança de proporcionar ao clube os êxitos, à muito arredados.

Carlos Martins: Futebolista, com algum curriculum, veio para o Benfica para relançar a carreira. Possuindo como principais características a colocação e poder de remate, a táctica do 4-4-2, que Quique Flores pretende implementar, não o favorece, particularmente. Obrigado a ocupar espaços recuados, no centro do terreno, em missões defensivas, perde também algum fulgor quando “descaído” sobre um dos flancos, afastando-o de zonas onde a sua temível meia-distância pode resolver alguns desafios. Do tipo emotivo, se conseguir jogar concentrado, durante os 90 minutos, e estiver fisicamente bem a titularidade espreita-o.

Hassan Yebda: Médio defensivo, possuidor de forte envergadura física, é um exímio recuperador de bolas, encaixando-se “às mil maravilhas” no sistema táctico do novo treinador. Jogador competitivo, incorpora-se com a propósito em acções ofensivas. A sua elevada estatura e poder de elevação poderão, ao longo da temporada, proporcionar alguns golos, especialmente, resultantes de bola parada.

Balboa: Recomendado pelo técnico, é um “ala-direito” rápido e imaginativo evidenciando bons pormenores técnicos, que poderão proporcionar úteis cruzamentos/assistências. Nos jogos já realizados mostrou-se sempre disponível para compensar as incursões do lateral do mesmo lado embora, por vezes, pareça denunciar alguma falta de ritmo competitivo. Não se conseguiu impor no Real Madrid, conseguirá no Benfica?

Ruben Amorim: Jogador do tipo “tapa buracos”, que privilegia o colectivo. Nas últimas épocas foi de uma utilidade extrema, no meio-campo do Belenenses. Com apurado sentido de marcação, as opções de Quique Flores poderão potenciar as suas qualidades. Contudo, em face das limitações tácticas, onde “entrarão” apenas dois centro-campistas, e da forte concorrência existente no sector (ex. Petit, Katsouranis, Maxi Pereira, Binya, Yebda, Carlos Martins e Felipe Bastos), o “banco” espera-o.

Aimar: Apontado como um “fora-de-série” este, ainda jovem, internacional A argentino, não confirmou, nas épocas subsequentes, o potencial exibido tão precocemente. Habilidoso, mas frágil fisicamente e muito atreito a lesões, a sua carreira na Europa não tem sido brilhante. De facto, após ter conquistado duas Ligas, pelo Valência, onde a regularidade exibicional não foi evidente, saiu aos 26 anos para um clube de menor dimensão (Saragoça), não tendo confirmado tão elogiadas qualidades. O empenho de Rui Costa e os montantes envolvidos, na transferência, tornam-se por demais incompreensíveis quando, o 4-4-2 de Quique Flores não contempla um médio-centro-ofensivo com as características do argentino. Ou seja, o nº 10 clássico.

Urretavizcaya: Jogador em quem os responsáveis do Benfica depositam grande esperança. Os desempenhos, no futebol uruguaio, apontam-no como um elemento de grande futuro. Muito jovem, denota alguma ingenuidade e inadaptação ao futebol encarnado, estando fora de questão a sua titularidade. Aconselhava-se o empréstimo, de forma a encontrar o seu espaço e necessária evolução.

Jorge Ribeiro: Formado no clube, regressou pela porta grande, seis anos depois. Existindo, no plantel benfiquista, dois elementos para a sua posição de raiz (Léo e Sepsi), nem mesmo o argumento de ter jogado, a última época, como médio justifica a seu regresso.

Felipe Bastos: Com apenas 18 anos, evidencia personalidade e já alguma maturidade. Notável a sua capacidade de passe e de movimentação que, transmitem ao futebol benfiquista a dinâmica de um “trinco” moderno. Inteligente, bom “distribuidor”, parece “ler o jogo” na perfeição. Tecnicamente evoluído, é um futebolista de remate fácil e potente, que deverá ser “lançado” na temporada que se avizinha.

Sidnei: Este defesa-central, oriundo do Internacional de Porto Alegre, tem como principal referência o ter estado nas cogitações do seleccionador Dunga, para integrar o lote de jogadores brasileiros, que vão participar nos Jogos Olímpicos de Pequim. Com apenas 19 anos, difícil tarefa o espera ao ter de disputar com Luisão, David Luiz, Edcarlos e Katsouranis um lugar no centro da defesa. Por outro lado, e atendendo à falta de classe patenteada pelos centrais benfiquistas, poderá ter uma “palavra a dizer” e ser a tábua de salvação do sector recuado.

A táctica: A primeira opção de Quique Flores tem recaído no 4-4-2, sistema táctico tão do agrado dos adeptos benfiquistas, mais saudosos. Sistema ofensivo caracteriza-se por jogar com dois “alas” bem abertos e pela presença de dois avançados, perto da área contrária. No entanto, há que ter algumas precauções. As características evidenciadas pelos dois flanqueadores podem tornar o sistema bastante vulnerável, semelhante a um 4-2-4, provocando desequilíbrios, no centro do terreno, onde jogam os dois médios defensivos, que terão de se desdobrar em tarefas de marcação e de ligação do jogo. Quando defrontam equipas de idêntico gabarito e com os médios distantes, entre si, torna-se evidente o desgaste suplementar a que estarão sujeitos os centro-campistas, correndo-se ainda o risco de “partir o jogo” e deixar os avançados desamparados e entregues à sua sorte.
A táctica já está escolhida, mas o flanco esquerdo do quarteto do meio-campo encontra-se ainda “coxo”, uma vez que os esquerdinos Fábio Coentrão, Freddy Adu e, temporariamente, Di Maria não estão no plantel.

Codina? Luíz Garcia? Belleti? Miccoli? Mark Gonzalez? Smolarek? Promessas ou Certezas? Realidade ou Ficção?

sábado, 12 de julho de 2008

O Mito

O “Portugal futebolístico”, finalmente, irá ter oportunidade de desmistificar o professor Carlos Queirós.
Possuidor de um curriculum invejável, em termos de recebimento de chorudas indemnizações, elogiado por todos (?) e com a imagem de profissionalismo e competência criadas, em grande parte pelos “media”, que advêm das conquistas alcançadas, com as camadas jovens.
Com o pretexto de iniciar mais um “projecto” e efectuar a “recuperação do futebol português”, a todos os níveis, o prof. Queirós prepara-se para assumir o cargo de seleccionador nacional de futebol e celebrar um contrato milionário, com a duração de quatro anos.
Ingrata tarefa aguarda o professor, ao trocar o bem-estar inglês pela incerteza do êxito na selecção.
Substituir Luiz Felipe Scolari, tomar conta da “equipa de todos nós” e reestruturar a formação, a nível das camadas mais jovens, não parece “pêra doce” nem ao alcance do adjunto de Ferguson.
A história não se repete nem os títulos mundiais conquistados, em 1989 e 1991, apareceram por acaso.
Na época, para além de ter tido a felicidade de dispor da “geração d’ouro”, conseguiu “transformar” jovens adolescentes em profissionais de futebol.
Essas vitórias tiveram o seu “custo”. De facto, enquanto os nossos adversários, situados na mesma faixa etária, natos e criados em países ditos desenvolvidos andavam a caminho da escola, fazendo da prática do futebol o seu “hobby” preferido, os “meninos do Queirós” treinavam intensamente no Jamor, com evidente prejuízo para os clubes, que só dispunham das suas melhores unidades nos jogos de fim-de-semana.
Quem não se terá esquecido daqueles tempos e da forma intensiva como eram ministrados esses treinos foram, certamente, os adeptos e simpatizantes do Sporting que, na altura possuía uma equipa de juniores recheada de futebolistas, com capacidades técnicas invulgares (ex.: Figo, Peixe, João O. Pinto, Paulo Torres, etc.) e com potencial mais do que suficiente para vencer a prova máxima nacional. Quedar-se-iam pelo segundo posto, tendo o V. Guimarães arrebatado o titulo, para a Cidade Berço. Curiosamente, dessa equipa vitoriana, não foi “aproveitado” qualquer elemento para o plantel principal.
Demagogia pura é pensar-se que, a competência de Carlos Queirós no planeamento das selecções e no trabalho a desenvolver com os mais jovens irá, forçosamente, trazer resultados. As selecções jovens portuguesas sempre foram “alimentadas” pelo trabalho de formação realizado nos principais clubes portugueses (Sporting, FC Porto e Benfica). Presentemente, para esses clubes todo o dinheiro é pouco e a formação vive, também, na perspectiva do lucro rápido resultante da venda de alguma “vedeta”, sendo objectivo secundário o “abastecimento” da equipa principal.
Com equipas de juniores formadas na grande maioria por jogadores estrangeiros, dificilmente se conseguirá a nível de selecções os êxitos alcançados no passado, sem as necessárias naturalizações.
Por outro lado, o consenso que gravita em torno de Carlos Queirós, depressa se desvanecerá se os resultados não aparecerem e o apuramento, para o Mundial de 2010, se saldar em fracasso.
A estreia está marcada para Agosto, num difícil encontro com as Ilhas Faroé. Depois, para moralizar, talvez o Nepal ou a selecção de San Marino.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Selecção Euro 2008


À semelhança do que acontece nos jornais desportivos, e depois de ter assistido à maioria dos encontros realizados no Campeonato da Europa de Futebol (falta a final), sinto alguma legitimidade para eleger a “minha selecção”, do Euro 2008.
A primeira dificuldade surge na escolha do guarda-redes titular. Qual dos “monstros” a seleccionar? Buffon ou Casillas?
Buffon é considerado, por muitos, como o melhor guardião do mundo. Casillas, mais jovem, não lhe fica atrás.
Escolha difícil que, acabou por pender para o guarda-redes do Real Madrid, por ter vencido o confronto directo com o italiano, defendendo as grandes-penalidades necessárias que garantiram a qualificação da Espanha à fase seguinte.
Embora o seu rendimento melhore quando deslocado para o flanco esquerdo, o eleito, para jogar no lado direito da defensiva é Lahm. A escolha é justificada, não só por o alemão ter disputado os dois primeiros encontros como lateral-direito mas, principalmente, por o posto de defesa-esquerdo estar reservado para o esquerdino Zirkov.
Se a selecção dos centrais tivesse sido efectuada antes do campeonato se iniciar, a preferência iria, sem dúvida, para a dupla portuguesa, Pepe e Ricardo Carvalho. Face ao desempenho pouco conseguido, especialmente, no confronto com os alemães, apenas Pepe terá ultrapassado a mediania e manifestado algum inconformismo exibicional, tendo, inclusive, apontado um golo aos turcos.
O luso-brasileiro teria como companheiro do seu lado esquerdo o russo Kolodin. Defesa pendular, quase intransponível, com excelente jogo de cabeça, que utiliza o seu forte remate para levar o perigo às redes adversárias.
O lugar de defesa-esquerdo está guardado para uma das grandes revelações do torneio: Zhirkov. De aparência frágil, o futebolista russo revelou-se como um defesa de cariz ofensivo, detentor de invejável ”pulmão”, que lhe permite “fazer” todo o corredor esquerdo e, em perigosas assistências, proporcionar frequentes ocasiões de golo.
No centro do terreno o italiano Pirlo é indiscutível. A sua qualidade de passe e capacidade técnica permitem-lhe imprimir ao jogo uma dinâmica e movimentação pouco comuns. Por outro lado, a precisão com que assiste os companheiros e o perigo que cria, nas bolas paradas, fazem dele o melhor médio a jogar em Itália e um dos melhores do Mundo.
Como companheiros do meio-campo foram seleccionados dois futebolistas com características díspares. Deco “o mágico”, é um jogador difícil de travar, que utiliza todo o seu manancial técnico para criar desequilíbrios e abrir brechas nas defensivas contrárias. O tridente centro-campista seria completado pelo holandês Sneijder, médio do Real Madrid. Jogador “todo-o-terreno” evidencia uma disponibilidade e uma “saúde física” que lhe permitem fazer o “vai e vem” do meio-campo com eficácia, servindo-se, ainda, do seu poderoso remate para provocar o pânico nas redes contrárias.
Na frente de ataque, a colocação de Ronaldo poderá parecer tendenciosa, face ao que o português produziu. No entanto, de um jogador que actualmente é considerado, por muitos “experts”, como o melhor do mundo tudo se poderá esperar, inclusive, rasgos de génio tão necessários na obtenção de vitórias e conquista de títulos. Talento é, também, o que não falta ao russo Arshavin. Oriundo do Zenit, e considerado o melhor futebolista russo da actualidade, é um jogador rápido, objectivo, de remate fácil, com grande capacidade de controlo de bola e que, aos 27 anos, ainda sonha com “grandes palcos”.
O "onze" fica completo com um avançado fogoso, raçudo, nascido em Espanha. O jovem valenciano David Villa para além de se ter evidenciado como um rematador de grande futuro, “arrisca-se” a ser o melhor marcador do Euro 2008.

domingo, 22 de junho de 2008

"Auf wiedersehen"


Os quartos-de-final cumpriram a sua obrigação e colocaram mais quatro selecções fora da Fase Final do Euro entre as quais, segundo alguns “comentadores”, a grande favorita à conquista do troféu: Portugal.
Caída aos pés da forte selecção alemã, Portugal não saiu sozinho e levou consigo a Croácia, a Holanda e a Itália.

Portugal: Mostrou no Euro, o futebol que, presentemente, está ao seu alcance. Aceitando a condição de favorita e de vencedora antecipada, mesmo antes do Torneio se iniciar, foi eliminada por uma selecção alemã que não difere muito daquilo a que nos habituou. Equipa matreira, trabalhadora, concentrada q.b., pouca evoluída tecnicamente mas forte fisicamente e a cortar as “linhas de passe”, com mestria.
À semelhança do que aconteceu ao Brasil de 1982, Portugal possuía uma equipa recheada de talentos individuais, mas onde faltou algum “conjunto” e um guarda-redes e avançado-centro, à altura dos restantes elementos. De facto, por muito que Scolari insistisse em Ricardo e Nuno Gomes, o certo é que nenhum deles garantia, à partida, desempenhos consentâneos com uma fase final de um Euro (um sofre golos defensáveis, o outro não marca golos fáceis). Por outro lado, a adaptação de Paulo Ferreira ao lado esquerdo da defensiva (um invenção de Mourinho) tornou o sector, dramaticamente, vulnerável, em termos técnicos e de posicionamento, mais evidentes quando se defrontam adversários de qualidade acima da média.
Também se nota que, alguns jogadores portugueses têm dificuldades em lidar com o êxito e com os elogios dos “mass media”, muitos deles extemporâneos e forçados, “levando” futebolistas com aspirações a “melhores do mundo” a prestações muito aquém daquilo que podem fazer.
Surpreendente foi o desempenho de Deco. Depois de uma época problemática, no Barcelona, surgiu na Suiça com uma frescura física invejável, assumindo-se como o organizador de jogo, por excelência, “criando” desequilíbrios raramente aproveitados pelos companheiros, fruto de uma qualidade técnica só acessível aos predestinados. Contra a Alemanha levou a equipa “às costas”.
A frustração acabará por se diluir com o tempo e os responsáveis federativos se quiserem manter a disciplina, independência clubista e o “elan” que existiu em torno da Selecção Nacional, na era Luiz Felipe Scolari, terão de começar a pensar em.............. Manuel José.

Croácia: Chegou como candidata a “outsider”. Venceu o grupo onde estava inserida, mas acabou desqualificada sobre a linha da meta.

Holanda: Ritmo, técnica, criatividade, não foram suficientes para vencer a “mecanização russa”.

Itália: Futebol cínico e muito táctico para o qual, e como é habitual, a Fase de Grupos “não conta”. Desta vez, Buffon não conseguiu garantir a qualificação.

Agora os portugueses têm de saber viver com mais um fracasso desportivo, com a obsessão do deficit e com a gasolina 95 a 1,528 €.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

"Back home"


Concluída a Fase de Grupos do Campeonato da Europa de Futebol metade das equipas, representativas das selecções presentes, já regressaram a casa.
Algumas afastadas sem dó nem piedade, como aconteceu com a França e Suécia. Outras sem mérito, não deixaram uma réstia de saudade, como foram os casos da Grécia, detentora do título, da Polónia e da Roménia.
Já em gozo de férias e com os corpos mergulhados nas cálidas águas da Europa do Sul, encontram-se alguns dos elementos das selecções seguintes:

Suiça: Esperava-se um pouco mais da selecção helvética. Não por possuir qualidades técnicas invulgares mas, sobretudo, por ser uma das anfitriãs.
República Checa: Recheada de jogadores experientes, de elevado índice técnico, a falta de criatividade e o inexplicável comodismo justificaram a eliminação.
Áustria: Equipa veloz mas ineficaz. Ainda acreditou num milagre, quando jogou o apuramento com a Alemanha.
Polónia: Selecção de choque e de entrega. Tecnicamente débil, sem futebolistas de “eleição”, sobrou músculo onde faltou cabeça.
Roménia: Consistência defensiva, em futebol instável.
França: A geração dos “Zidanes” e o “ciclo Domenech”, c’est fini. Adivinha-se a renovação, mesmo que para tal seja necessário fazer a “travessia no deserto”.
Suécia: Futebol frio e metódico, mas onde faltou o improviso e o risco.
Grécia: Jogar sempre no erro do adversário, pode resultar em alguns encontros com algumas selecções, mas não resulta em todos os encontros com todas as selecções.

Há quem diga que, agora é que o Euro vai começar.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Alemanha vs Portugal



Alguém, provavelmente, conhecedor do palmarés conquistado pela selecção alemã, em fases finais de competições importantes (Europeus e Mundiais), proferiu a seguinte afirmação: «O futebol é um jogo simples – são onze contra onze e no final ganham os alemães».
De facto, não é para menosprezar uma selecção que já venceu três campeonatos do Mundo de futebol e igual número de campeonatos da Europa.
Também não é novidade que, à partida, é uma selecção que pouco promete mas que vai "crescendo", ao longo da competição, afirmando-se como séria candidata ao título final.
No presente Europeu a história tem-se repetido.
A selecção alemã tem utilizado um guarda-redes quase quarentão (Lehmann), um lateral-esquerdo que joga do lado direito (Lahm), um defesa-esquerdo (Jansen) que, talvez por reverência, pouco defende e como é hábito em equipas germânicas, os centrais são de elevada estatura, bons cabeceadores, mas “presos de rins”.
No meio campo, as “coisas” não melhoram e até mesmo o “britânico” Ballack não consegue “tocar notas” num sector constituído por “carregadores de piano”.
No ataque, só Podolski se tem evidenciado pelo seu poder de remate. Os restantes elementos (Klose, Mário Gomez, Kuranyi e Neuville) só têm confirmado a crise que se vive no futebol alemão, onde não se consegue descobrir um futebolista, com um mínimo de capacidade, para preencher o lugar mais avançado da equipa.
Foi esta selecção que, no primeiro encontro, embora beneficiando de uma defensiva polaca suicida, teve de recorrer a um jogador oriundo do País adversário (Lukas Podolski) para marcar dois golos.
No segundo jogo, contra a Croácia, andaram a “cheirar a bola” e a derrota por 2-1, só pecou por escassa.
O apuramento, para os quartos-de-final, foi jogado contra uma Áustria irrequieta mas com evidentes limitações técnicas e o resultado não foi além de um golo, de bola parada.
E é esta selecção alemã que se prepara para fazer a “vida negra” a um Portugal favorito, aos olhos da maioria daqueles que acompanham o Euro, mas que até à presente data tem resolvido os seus jogos através da técnica e do talento individual de alguns dos seus futebolistas (ex.: Pepe, Deco e Ronaldo), não patenteando as “mecanizações” e o “fio de jogo”, tão necessários numa equipa que aspira à vitória na competição.
Num jogo a eliminar, façamos votos para que a história não se repita e a frase, proferida há algumas décadas, não se venha a confirmar e os alemães regressem a casa, mais cedo do que pensam.

terça-feira, 10 de junho de 2008

"Hat-trick" puro

O termo “hat-trick” (truque do chapéu, traduzido à letra) aparece quando um jogador marca três golos num jogo, como aconteceu no encontro disputado, no Euro 2008, entre a Espanha e a Rússia, onde o avançado espanhol David Villa fez “o gosto ao pé” por três vezes.
Este termo está tão enraizado no futebol que a sua origem foi esquecida.
Nascido no aristocrático críquete inglês, quando um lançador acerta no “wicket” (os paus que o batedor tenta defender), marca pontos e desqualifica o adversário. Se o fizer três vezes, faz um “hat-trick”. Como recompensa, o jogador autor de tão brilhante proeza, recebe um chapéu (hat) dos companheiros.
É uma tradição que teve o seu apogeu no século XIX e que se foi transmitindo até aos nossos dias.
A expressão foi adoptada por outros desportos, incluindo o futebol.
Hoje em dia, “hat-trick” pode ser tudo que surja em trio, mas só se pode falar em “verdadeiro hat-trick” quando alguém marca três golos consecutivos num jogo.
Contrariamente ao que muitos julgam, só existe “hat-trick” se os golos forem, de facto, consecutivos, como o fez o avançado do Valência, no jogo disputado hoje no Estádio Novo Tivoli, em Innsbruck.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

João "Pequeno"


Nos idos tempos medievais, na britânica cidade de Nottingham e no afamado bando de Robin dos Bosques, existia uma “figura” que se afirmava por possuir uma compleição física avantajada aliada a uma força descomunal, muito útil nas contentas travadas com o Sheriff local, e que contrariando o seu aspecto gigantesco era conhecido por: “João Pequeno”.
No meio-campo da equipa nacional portuguesa, que se encontra a disputar o Campeonato da Europa, também existe um “João Pequeno”. Franzino, com o apelido de Moutinho e de aspecto frágil, é “dez reis de gente” com “alma até Almeida”.
Dos futebolistas presentes, na Suiça, é aquele que tem mais jogos nas pernas e o que evidencia mais frescura física e energia para “dar e vender”. Percorrendo mais quilómetros que os restantes, a sua omnipresença na ocupação de espaços deve-se a uma capacidade competitiva acima da média, a um disponibilidade táctica pouco habitual nos profissionais portugueses e, principalmente, a um talento e empenho que, por certo, o levarão, a curto prazo, para outras paragens.
Nos dois últimos encontros disputados (Geórgia e Turquia), o mais jovem jogador, da selecção nacional, foi tal como o outro “João”, companheiro de Robin, um gigante na produção de jogo e na entrega à luta, evidenciando uma movimentação e tenacidade que justificam, por si só, a opção de Scolari.
Depois de uma brilhante época onde, na equipa leonina, andou a “apagar os fogos” ateados pelo “losango de Paulo Bento”, era de esperar que, atingindo a titularidade na "equipa das quinas”, o seu rendimento futebolístico pudesse subir alguns “furos”, em virtude de as suas características se enquadrarem perfeitamente na táctica do 4-3-3, como médio-centro-volante, contrariamente ao que acontece no Sporting onde, amiúde, é forçado a descair para os flancos.
Uma coisa é, quase, certa: dificilmente se manterá por cá.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Pauleta verde?


Terminada a brilhante carreira, no futebol francês, Pauleta, segundo notícias vinculadas pela imprensa desportiva, prepara-se para assinar contrato com o Sporting.
Aos 34 anos, o melhor marcador de sempre da nossa selecção, encontra-se prestes a realizar um sonho antigo: alinhar por um clube português da I Liga.
Goleador nato, só com olhos para a baliza, a sua impressionante astúcia na ocupação de espaços na área adversária, permite-lhe jogar no limite do “off-side” e finalizar com tremenda eficácia.
No Sporting, por vezes, a história repete-se e depois de Fernando Gomes e Beto Acosta é Pedro Pauleta que se prepara para acabar, já trintão, uma carreira que o consagrou como um dos melhores marcadores da Europa.
Mas contrariamente ao sucedido com o "bi-bota" e o argentino, o êxito de Pauleta na equipa leonina não é garantido. A sua experiência e o faro pela baliza, reconhecidos em Espanha e França, onde representou clubes de nomeada, podem não ser predicados suficientes para “vencer” em Alvalade.
Jogador, tecnicamente não muito criativo, habituado a jogar de costas para a baliza, em sistemas tácticos onde se privilegia o 4-3-3 ou mais especificamente o 4-2-3-1, sente-se abandonado e a sua prestação torna-se menos produtiva, quando lhe faltam os extremos.
Ora extremos são algo que não tem existido no Sporting, de Paulo Bento, já que as últimas épocas têm sido preparadas segundo a lógica do “losango”, onde os dois ponta-de-lança são móveis, deambulantes, “descaindo” com frequência para os flancos.
Embora possuidor de grande sentido colectivo e precisão de passe, o açoriano é, contudo, um avançado-centro fixo não se adaptando, com facilidade, a desmarcações rápidas e flanqueadas, como é exigido, presentemente, a Liedson, Tiuí, Derlei ou Yannick.
De facto, Pauleta é, actualmente, um futebolista experiente, com grande visão de jogo e de remate forte e espontâneo, mas que dificilmente se adaptaria a um sistema de “bola corrida” e exigente poder de desmarcação, como o praticado pelo Sporting de Paulo Bento.
Com a táctica e a estratégia, escolhidas pelo técnico leonino, facilmente se conclui que, não seria só Pauleta que sentiria dificuldade em se “encaixar” na equipa sportinguista, também os ex-leões Quaresma, Simão ou, mesmo, Ronaldo dificilmente garantiriam a titularidade numa equipa onde os “alas” são uma “espécie” não contemplada, pelo sistema táctico escolhido pelo treinador do Sporting.

terça-feira, 13 de maio de 2008

As escolhas de Scolari



Após a divulgação, por Scolari, da lista definitiva de convocados para o Euro 2008, é por demais evidente que algumas vozes discordantes vão fazer-se ouvir. Gostaria também de tecer algumas considerações, à lista dos escolhidos.
Assim temos:

Guarda-redes:
Na baliza, e em face das últimas convocatórias não houve surpresas. Aqui, a admiração será não “entregar” a titularidade a Quim. Embora Ricardo tenha sido sempre a principal preferência do seleccionador, o certo é que, passou a fase final da Liga Espanhola sentado no banco dos suplentes, contrariamente ao que aconteceu com o calmo e, também, experiente guardião benfiquista, que manteve uma elevada bitola exibicional, durante toda a época.

Defesas:
Neste sector, a inclusão do esquerdino Jorge Ribeiro em detrimento de Caneira, faz sentido. O jogador do Valência nunca foi um “lateral puro”, e a pouca utilização no clube espanhol prejudicou a sua convocação. Como existem três laterais-direito, no grupo seleccionado (Bosingwa, Miguel e Paulo Ferreira), a escolha de Jorge Ribeiro terá significado, se for para jogar.

Médios:
Maniche é o grande ausente do grupo dos convocados. Não quero acreditar que seja um “ajuste de contas”, por parte de Scolari. O argumento da pouca utilização, no Inter de Milão, poderia até “jogar a favor” do atleta, uma vez que, dos centro-campistas seleccionados seria o que apareceria, na Suiça, menos desgastado. No entanto, e atendendo a que os trincos se encontram bem definidos (Petit e Miguel Veloso) o seleccionador, entre Maniche, Raul Meireles e João Moutinho só poderia escolher dois. E foi o que fez.

Avançados:
Na ausência de um nº 10, que funcionasse como opção para Deco, o seleccionador optou por eleger mais um ponta-de-lança. Discutível decisão, quando a táctica, normalmente, escolhida aposta num único avançado. Sabendo-se que, o “Plano B” contempla o posicionamento de Cristiano Ronaldo junto do avançado que joga mais em “cunha”, talvez fosse preferível “levar” mais um jogador do meio-campo, uma vez que, o esquerdino Veloso poderá, também, ser opção para a esquerda da defensiva.

Em termos genéricos, a convocatória de Luiz Felipe Scolari “fugiu” pouco do previsível, com a excepção da exclusão do experiente Maniche, substituído por um avançado-centro.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Rescaldo 2007/2008


V. GUIMARÃES (3º): Regressado da Liga Vitalis o Vitória de Guimarães fez uma campanha brilhante, lutando até à última jornada pelo segundo posto e o acesso à Liga Milionária. Orientada por um técnico experiente e arguto e beneficiando da boa forma evidenciada pelo triângulo constituído pelo Geromel, Sereno e Flávio Meireles, a equipa vimaranense assentou grande parte do seu futebol na técnica e rapidez de Ghilas e no “omnipresente” Desmarets. Sabendo-se que, Mrdakovic e Roberto não evidenciaram qualidade suficiente para jogar na I Liga, até onde teria ido este Vitória se tivesse tido à sua disposição um ponta-de-lança eficaz?

BENFICA (4º): Com Chalana, no comando técnico do Benfica, a equipa regressou ao fracassado “losango”, já experimentado por Fernando Santos, e a uma estratégia (existiu?) pouco consistente.
Denotando uma falta de ambição confrangedora, com os futebolistas que pretendem abandonar o clube a não “meter o pé” e os restantes a não evidenciarem qualidade suficiente para representar um candidato ao título, o Benfica “fez” uma das piores épocas de sempre.
Numa temporada para esquecer, e onde só a águia Vitória mostrou constância exibicional, a categoria de C. Rodriguez, a “souplesse” de Rui Costa e a sobriedade de Quim conseguiram atenuar a deficiente qualidade de um plantel onde poucos mereceram envergar a camisola do “glorioso”.

MARITIMO (5º): Ao desmembramento do plantel da época transacta, fruto do abandono dos elementos que constituíam o “núcleo duro” da equipa, os dirigentes do Marítimo responderam, sabiamente, com a contratação de um técnico experiente com provas dadas, inclusive na selecção brasileira, para reformular a equipa e “atacar” uma campanha, que se previa penosa.
Apesar de, a meio da época, ter perdido a referência na área adversária (Makukula), a competência e a capacidade de liderança de Sebastião Lazaroni apoiadas na experiência e qualidade de jogadores como Marcos, Bruno, Van Der Linden e Mossoró, acabariam por colocar, inesperadamente, o Marítimo na Taça UEFA.

V. SETÚBAL (6º): Banhada pelo Sado, Setúbal é uma cidade onde as suas gentes, sempre que necessário, são o suporte sentimental do prestigiado Vitória. Mais uma vez isso aconteceu, e uma equipa com orçamento limitado, com dificuldades de tesouraria e onde grande parte dos futebolistas representaram o clube, na qualidade de emprestados, conseguiu ser a surpresa agradável do campeonato. Unidos em torno de um técnico que soube transmitir a mística suficiente para ir ultrapassando os obstáculos que iam surgindo, futebolistas como Eduardo, Matheus e Cláudio “Pitbull” não esquecerão tão depressa uma temporada onde, para além do merecido apuramento para a Taça UEFA conseguiram sair vencedores da primeira Taça da Liga.

SP. BRAGA (7º): Uma das grandes desilusões da Liga BWIN. Com um plantel reforçadíssimo, iniciou o campeonato com fundadas esperanças numa campanha de luta pelo apuramento para as provas europeias. Contudo, ao longo da época, as duas “chicotadas psicológicas” não surtiram o efeito desejado e as lesões em “jogadores-chave”, fizeram” o resto.
Num plantel recheado de elementos valorosos, poucos foram os futebolistas que se evidenciaram. De facto, só alguns elementos da defensiva, nomeadamente, João Pereira e o chileno Contreras ultrapassaram o escalão da mediania e, mesmo o goleador austríaco Linz, esteve bastantes “furos” aquém daquilo que se esperava.

BELENENSES (8º): A equipa de Belém foi a imagem do seu técnico. Disciplinada e competitiva, assentou o seu futebol, quase sempre, num meio-campo povoado, com os jogadores a jogarem muito próximo uns dos outros. Vocacionada para a exploração do contra-ataque e dispondo de futebolistas tecnicistas, a equipa adoptou uma estratégia de contenção tentando explorar a velocidade e o poder de choque de Weldon, para chegar às redes contrárias. Futebolistas como Júlio César, Rolando, Silas, José Pedro e o “artilheiro” Weldon podem aspirar a outras consagrações.

BOAVISTA (9º): Com o estigma dos salários em atraso a pairar sobre os jogadores axadrezados, só o “espírito guerreiro” de Jaime Pacheco ajudado pelo desempenho de jogadores como Jorge Ribeiro, do guardião Peter Jehe, e dos dois defesas-centrais, conseguiu disfarçar a instabilidade e as fragilidades evidenciadas por um plantel construído “ao Deus dará”. O abandono da família Loureiro, a chegada de uma direcção inexperiente, o assalto a que foi sujeito por indivíduos sem escrúpulos, provocaram uma crise directiva irreversível que “atirou” o clube do Bessa para uma posição indesejada e de futuro incerto.

NACIONAL (10º): Técnico inexperiente, Jokanovic não conseguiu transmitir à equipa a estabilidade emocional e competitiva de outras épocas. De facto, só na fase final da Liga a equipa do Nacional se conseguiu libertar do espectro da descida de divisão. Na fuga aos lugares de risco apoiou-se, principalmente, no talento de Juliano Spadacio, na qualidade do “keeper” reservista Rafael Bracalli e na eficácia de Fábio Coentrão.

NAVAL (11º): Uma época que começou em sobressalto, fruto de resultados pouco animadores, terminou de forma tranquila numa posição consolidada, entre os maiores do futebol português. A entrada de Ulisses Morais concedeu à equipa a disciplina e ambição necessárias, e a aquisição de Marinho, no mercado de Inverno, veio dar o irrequietismo que necessitava para discutir os resultados, com os adversários directos.

ACADÉMICA (12º): Mais uma época de incerteza e aflição. Quase sempre com o “credo na boca”, a equipa dos estudantes só conseguiu a manutenção já na fase final da temporada. O técnico Domingos Paciência, ao alterar com frequência a constituição da equipa, pouco contribuiu para a estabilidade do grupo de trabalho, onde apenas o veterano Pedro Roma e Luís Aguiar se mantiveram à altura dos pergaminhos da “Briosa”.

E. AMADORA (13º): Dauto Faquirá soube fazer a gestão e conduzir de forma equilibrada um plantel, de parcos recursos e onde o pesadelo dos salários por pagar esteve sempre presente. Equipa de baixo nível técnico, manteve-se, ao longo da temporada, homogénea e estável tendo sobressaído a experiência de Nelson, Maurício e Wagnão.

LEIXÕES (14º): Clube oriundo da II Liga, o baixo poder financeiro limitou a aposta em reforços mais credenciados. Talvez por este facto, “viveu” uma temporada futebolística de altos e baixos, sempre com a perspectiva de regressar ao escalão secundário. Só na última jornada conseguiu respirar fundo. A permanência entre os “grandes” do futebol português ficou muito a dever ao esforço de Jorge Gonçalves, Paulo Machado e, principalmente, das virtudes patenteadas pelo guarda-redes Beto.

PAÇOS DE FERREIRA (15º): Desta vez José Mota não conseguiu “fazer omoletas sem ovos”. Dispondo de um grupo de futebolistas com reduzidas capacidades técnicas e qualitativamente muito abaixo dos planteis que dispôs, em anteriores épocas, só o “apito final” poderá evitar a descida de divisão. Os jogadores que se evidenciaram foram os “suspeitos do costume”, nomeadamente, Peçanha, Edson, Pedrinha, Cristiano e o regressado Wesley.

UNIÃO DE LEIRIA (16º): A “morte” vinha sendo anunciada há algumas épocas. Com uma direcção, prepotente, que pouco aprendeu nas temporadas que passou na primeira Liga, sem evidenciar o mínimo de sensibilidade para lidar com os “problemas” do futebol, o destino há muito que se encontrava traçado. Os casos disciplinares que foram acontecendo, ao longo da temporada, e a dispensa de João Paulo, seu principal goleador, só vieram acelerar uma crise latente. Futebolistas como Fernando, Harison e Sougou não mereciam este desfecho, e por certo que outros “voos” os esperam.

As características e desempenho dos futebolistas que formaram os planteis do Sporting (2º) e do FC Porto (1º) foram, devidamente, escalpelizados nos “post” publicados, respectivamente, em 3 de Fevereiro e 9 de Abril, p.p.