quarta-feira, 30 de julho de 2008

Reforços leoninos


Após uma temporada em que conquistou a Taça de Portugal, a Supertaça e terminou a Liga no segundo posto, espera-se mais ambição nas hostes sportinguistas. Assim, para além de terem mantido as “estrelas”, os responsáveis leoninos, reforçaram a equipa com futebolistas “credenciados”.

Rochemback: O regressado brasileiro, para além de ser um jogador com uma dimensão futebolística muito acima da média, possui uma capacidade de passe notável aliado a um perigosíssimo remate, especialmente, nas “bolas paradas”. Muito interventivo controla todo o jogo da equipa, assumindo-se como o “motor” que dá a dinâmica e o sentido ao jogo. Oxalá a tendência para obesidade não se comece a manifestar.

Hélder Postiga: Jogador de área, agressivo, frio, com “poder de fogo”, não evoluiu de acordo com o potencial evidenciado, quando ainda júnior.
Difícil missão o aguarda. Com uma concorrência forte é um futebolista que necessita de ser “assistido” pelos flancos, favorecendo-o, particularmente, o modelo táctico 4-4-2, com dois extremos. O seu rendimento, em Alvalade, vai também depender da motivação que lhe consigam incutir.

Caneira: Aos 28 anos, ainda não se conseguiu afirmar na plenitude. A sua polivalência, embora importante e útil, tem-no descaracterizado como futebolista.
Central de raiz, praticamente fez toda a sua carreira como defesa-lateral, nunca se conseguindo impor devido a limitações técnicas. De facto, como lateral não mostra a dinâmica atacante que lhe permite pisar terrenos, para além da linha do meio-campo. Jogador disciplinado, Paulo Bento estará a pensar utilizá-lo como central ou “trinco”. Aquisição dispendiosa demais, para um “suplente polivalente”.

Daniel Carriço: Futebolista em fase de formação é um defesa-central muito concentrado, que evidencia já grande personalidade. Os empréstimos ao Olhanense e ao AEL do Chipre deram-lhe maturidade, experiência e apuraram o sentido posicional e o “tempo de entrada” à bola. Prepara-se para ultrapassar mais uma “fase de crescimento”, no meio das “feras”. Dificilmente será convocado.

Ricardo Batista: A última aquisição e uma das mais inesperadas. De facto, possuindo o plantel leonino um guarda-redes, com “alguma baliza” mas inexperiente, que ganha confiança a cada jogo que disputa (Rui Patrício) e outro “quase veterano” (Tiago), mas sem nunca ter conseguido a titularidade plena, era previsível que a escolha do terceiro “keeper” recaísse num meio-termo. Contudo, a aposta de Paulo Bento foi no jovem internacional sub-21, ex-suplente do Fulham, algo “verde”, é certo, mas com grande margem de progressão.

A táctica: Os primeiros encontros, disputados pelo Sporting, deram para constatar alguma abertura, por parte de Paulo Bento, para abdicar da mal fadada táctica do 4-4-2, em “losango”, utilizada nas últimas temporadas. O técnico leonino deu mostras de que pretende estruturar a equipa num 4-4-2 clássico, colocando os médios a jogar “em linha”, concedendo mais dinâmica aos médios-centro e mobilidade aos avançados.
O novo desenho táctico dá mais largura ao jogo, girando em torno do imprescindível Rochemback que utiliza, na perfeição, os lançamentos longos como arma mortífera para chegar ao golo. Com o 4-4-2 clássico a ganhar “peso”, como modelo de jogo, o Sporting necessita de alas rápidos para flanquear, para os avançados, não demonstrando Izmailov e Vukcevic imaginação técnica, à altura dessa tarefa.
Se calhar a solução estará no 4-3-3 que, à partida, possibilitaria formar um meio-campo, poderosíssimo, com João Moutinho, Rochemback e Miguel Veloso.

domingo, 27 de julho de 2008

Aquisições benfiquistas


A estreia de Rui Costa, como principal responsável pelo futebol do Benfica, e as contratações já efectuadas trouxeram ao plantel novos elementos na esperança de proporcionar ao clube os êxitos, à muito arredados.

Carlos Martins: Futebolista, com algum curriculum, veio para o Benfica para relançar a carreira. Possuindo como principais características a colocação e poder de remate, a táctica do 4-4-2, que Quique Flores pretende implementar, não o favorece, particularmente. Obrigado a ocupar espaços recuados, no centro do terreno, em missões defensivas, perde também algum fulgor quando “descaído” sobre um dos flancos, afastando-o de zonas onde a sua temível meia-distância pode resolver alguns desafios. Do tipo emotivo, se conseguir jogar concentrado, durante os 90 minutos, e estiver fisicamente bem a titularidade espreita-o.

Hassan Yebda: Médio defensivo, possuidor de forte envergadura física, é um exímio recuperador de bolas, encaixando-se “às mil maravilhas” no sistema táctico do novo treinador. Jogador competitivo, incorpora-se com a propósito em acções ofensivas. A sua elevada estatura e poder de elevação poderão, ao longo da temporada, proporcionar alguns golos, especialmente, resultantes de bola parada.

Balboa: Recomendado pelo técnico, é um “ala-direito” rápido e imaginativo evidenciando bons pormenores técnicos, que poderão proporcionar úteis cruzamentos/assistências. Nos jogos já realizados mostrou-se sempre disponível para compensar as incursões do lateral do mesmo lado embora, por vezes, pareça denunciar alguma falta de ritmo competitivo. Não se conseguiu impor no Real Madrid, conseguirá no Benfica?

Ruben Amorim: Jogador do tipo “tapa buracos”, que privilegia o colectivo. Nas últimas épocas foi de uma utilidade extrema, no meio-campo do Belenenses. Com apurado sentido de marcação, as opções de Quique Flores poderão potenciar as suas qualidades. Contudo, em face das limitações tácticas, onde “entrarão” apenas dois centro-campistas, e da forte concorrência existente no sector (ex. Petit, Katsouranis, Maxi Pereira, Binya, Yebda, Carlos Martins e Felipe Bastos), o “banco” espera-o.

Aimar: Apontado como um “fora-de-série” este, ainda jovem, internacional A argentino, não confirmou, nas épocas subsequentes, o potencial exibido tão precocemente. Habilidoso, mas frágil fisicamente e muito atreito a lesões, a sua carreira na Europa não tem sido brilhante. De facto, após ter conquistado duas Ligas, pelo Valência, onde a regularidade exibicional não foi evidente, saiu aos 26 anos para um clube de menor dimensão (Saragoça), não tendo confirmado tão elogiadas qualidades. O empenho de Rui Costa e os montantes envolvidos, na transferência, tornam-se por demais incompreensíveis quando, o 4-4-2 de Quique Flores não contempla um médio-centro-ofensivo com as características do argentino. Ou seja, o nº 10 clássico.

Urretavizcaya: Jogador em quem os responsáveis do Benfica depositam grande esperança. Os desempenhos, no futebol uruguaio, apontam-no como um elemento de grande futuro. Muito jovem, denota alguma ingenuidade e inadaptação ao futebol encarnado, estando fora de questão a sua titularidade. Aconselhava-se o empréstimo, de forma a encontrar o seu espaço e necessária evolução.

Jorge Ribeiro: Formado no clube, regressou pela porta grande, seis anos depois. Existindo, no plantel benfiquista, dois elementos para a sua posição de raiz (Léo e Sepsi), nem mesmo o argumento de ter jogado, a última época, como médio justifica a seu regresso.

Felipe Bastos: Com apenas 18 anos, evidencia personalidade e já alguma maturidade. Notável a sua capacidade de passe e de movimentação que, transmitem ao futebol benfiquista a dinâmica de um “trinco” moderno. Inteligente, bom “distribuidor”, parece “ler o jogo” na perfeição. Tecnicamente evoluído, é um futebolista de remate fácil e potente, que deverá ser “lançado” na temporada que se avizinha.

Sidnei: Este defesa-central, oriundo do Internacional de Porto Alegre, tem como principal referência o ter estado nas cogitações do seleccionador Dunga, para integrar o lote de jogadores brasileiros, que vão participar nos Jogos Olímpicos de Pequim. Com apenas 19 anos, difícil tarefa o espera ao ter de disputar com Luisão, David Luiz, Edcarlos e Katsouranis um lugar no centro da defesa. Por outro lado, e atendendo à falta de classe patenteada pelos centrais benfiquistas, poderá ter uma “palavra a dizer” e ser a tábua de salvação do sector recuado.

A táctica: A primeira opção de Quique Flores tem recaído no 4-4-2, sistema táctico tão do agrado dos adeptos benfiquistas, mais saudosos. Sistema ofensivo caracteriza-se por jogar com dois “alas” bem abertos e pela presença de dois avançados, perto da área contrária. No entanto, há que ter algumas precauções. As características evidenciadas pelos dois flanqueadores podem tornar o sistema bastante vulnerável, semelhante a um 4-2-4, provocando desequilíbrios, no centro do terreno, onde jogam os dois médios defensivos, que terão de se desdobrar em tarefas de marcação e de ligação do jogo. Quando defrontam equipas de idêntico gabarito e com os médios distantes, entre si, torna-se evidente o desgaste suplementar a que estarão sujeitos os centro-campistas, correndo-se ainda o risco de “partir o jogo” e deixar os avançados desamparados e entregues à sua sorte.
A táctica já está escolhida, mas o flanco esquerdo do quarteto do meio-campo encontra-se ainda “coxo”, uma vez que os esquerdinos Fábio Coentrão, Freddy Adu e, temporariamente, Di Maria não estão no plantel.

Codina? Luíz Garcia? Belleti? Miccoli? Mark Gonzalez? Smolarek? Promessas ou Certezas? Realidade ou Ficção?

sábado, 12 de julho de 2008

O Mito

O “Portugal futebolístico”, finalmente, irá ter oportunidade de desmistificar o professor Carlos Queirós.
Possuidor de um curriculum invejável, em termos de recebimento de chorudas indemnizações, elogiado por todos (?) e com a imagem de profissionalismo e competência criadas, em grande parte pelos “media”, que advêm das conquistas alcançadas, com as camadas jovens.
Com o pretexto de iniciar mais um “projecto” e efectuar a “recuperação do futebol português”, a todos os níveis, o prof. Queirós prepara-se para assumir o cargo de seleccionador nacional de futebol e celebrar um contrato milionário, com a duração de quatro anos.
Ingrata tarefa aguarda o professor, ao trocar o bem-estar inglês pela incerteza do êxito na selecção.
Substituir Luiz Felipe Scolari, tomar conta da “equipa de todos nós” e reestruturar a formação, a nível das camadas mais jovens, não parece “pêra doce” nem ao alcance do adjunto de Ferguson.
A história não se repete nem os títulos mundiais conquistados, em 1989 e 1991, apareceram por acaso.
Na época, para além de ter tido a felicidade de dispor da “geração d’ouro”, conseguiu “transformar” jovens adolescentes em profissionais de futebol.
Essas vitórias tiveram o seu “custo”. De facto, enquanto os nossos adversários, situados na mesma faixa etária, natos e criados em países ditos desenvolvidos andavam a caminho da escola, fazendo da prática do futebol o seu “hobby” preferido, os “meninos do Queirós” treinavam intensamente no Jamor, com evidente prejuízo para os clubes, que só dispunham das suas melhores unidades nos jogos de fim-de-semana.
Quem não se terá esquecido daqueles tempos e da forma intensiva como eram ministrados esses treinos foram, certamente, os adeptos e simpatizantes do Sporting que, na altura possuía uma equipa de juniores recheada de futebolistas, com capacidades técnicas invulgares (ex.: Figo, Peixe, João O. Pinto, Paulo Torres, etc.) e com potencial mais do que suficiente para vencer a prova máxima nacional. Quedar-se-iam pelo segundo posto, tendo o V. Guimarães arrebatado o titulo, para a Cidade Berço. Curiosamente, dessa equipa vitoriana, não foi “aproveitado” qualquer elemento para o plantel principal.
Demagogia pura é pensar-se que, a competência de Carlos Queirós no planeamento das selecções e no trabalho a desenvolver com os mais jovens irá, forçosamente, trazer resultados. As selecções jovens portuguesas sempre foram “alimentadas” pelo trabalho de formação realizado nos principais clubes portugueses (Sporting, FC Porto e Benfica). Presentemente, para esses clubes todo o dinheiro é pouco e a formação vive, também, na perspectiva do lucro rápido resultante da venda de alguma “vedeta”, sendo objectivo secundário o “abastecimento” da equipa principal.
Com equipas de juniores formadas na grande maioria por jogadores estrangeiros, dificilmente se conseguirá a nível de selecções os êxitos alcançados no passado, sem as necessárias naturalizações.
Por outro lado, o consenso que gravita em torno de Carlos Queirós, depressa se desvanecerá se os resultados não aparecerem e o apuramento, para o Mundial de 2010, se saldar em fracasso.
A estreia está marcada para Agosto, num difícil encontro com as Ilhas Faroé. Depois, para moralizar, talvez o Nepal ou a selecção de San Marino.