terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Balanço: SCP

Falar do futebol do Sporting é o mesmo que “chover no molhado”.
Abordar a estratégia e táctica adoptadas, pelo técnico Paulo Bento, é continuar a “bater no ceguinho”.
Pelos vistos, mais de três épocas a “afunilar” o jogo, a criar raras ocasiões de golo, a colocar jogadores fora da sua posição, a insistir, doentiamente, no “losango” e a “fabricar” conflitos evitáveis, não são motivos mais do que suficientes para que Paulo Bento “ponha a mão na consciência” e modifique aquilo que, todos os adeptos e simpatizantes leoninos há muito constataram e os tem afastado da equipa.
Com um plantel escolhido à imagem do seu técnico, mas onde ressalta a qualidade e experiência individual e colectiva de alguns futebolistas, é confrangedor verificar que o clube de Alvalade continua a fazer mais uma “travessia no deserto”, arredado do principal título nacional e com poucas hipóteses de alterar a situação vigente.
Dispondo de futebolistas com a experiência e maturidade evidenciadas por Polga, Rochemback, Caneira, Liedson, Derlei e Postiga, complementadas com a juventude e o potencial de João Moutinho, Pereirinha, Miguel Veloso, Adrien, Yannick, Izmailov, Vukcevic e Daniel Carriço, dificilmente, com outro técnico, o Sporting deixaria de ser um seriíssimo candidato à conquista da Liga.
Com o clube, precocemente, afastado da disputa da Taça de Portugal, mostrando carências primárias ao nível da concessão de jogo e escalonamento da equipa, não se prevê, num futuro próximo, o despontar de uma estabilidade táctico/estratégica que permita aos sportinguistas acalentar esperanças de sucesso, da sua principal equipa de futebol.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Balanço: FCP

Face ao fraco potencial evidenciado pelos principais rivais, embora mostrando algumas fragilidades nos jogos já disputados, o F.C. Porto só por culpa própria não revalidará o título nacional de futebol.
Ao não contar com as “trivelas” de Quaresma, com o “todo-o-terreno” Bosingwa ou com o “tampão” Paulo Assunção, era natural que o FCP viesse a denotar alguma intranquilidade, com os resultados menos favoráveis a aparecerem, atirando a equipa para os lugares secundários da classificação.
Mas a explicação para um desempenho tão pouco habitual do FCP não está só no abandono de alguns dos craques mas também, na introdução de um “corpo estranho”, conhecido por Hulk, na frente de ataque de uma equipa onde os automatismos e mecanizações de jogo se encontravam há muito consolidados.
Ao conceder a titularidade ao recém-chegado Hulk, Jesualdo Ferreira correu alguns riscos que podem vir a custar caro. Se por um lado o jovem brasileiro trouxe agressividade e uma salutar “fossanguice” à zona mais avançada da equipa, por outro “obrigou” o técnico a prescindir do mais que testado 4-3-3, tornando a equipa insegura e colocando em xeque o “fio de jogo”, responsável pelos êxitos, ultimamente, alcançados pelos dragões.
Por outro lado, no centro do terreno, ao “obrigar” Lucho Gonzalez a descair para a ala-direita de forma a dar mais consistência ao novo 4-4-2, limitou a influência do sul-americano numa zona fulcral do terreno, retirando-lhe protagonismo, quer no “balanceamento” da equipa, quer na cadência do futebol praticado, reduzindo, drasticamente, o número de “assistências” que o argentino proporcionava ao seu compatriota Lisandro Lopez.
As novas tarefas atribuídas a Lisandro, também, não têm ajudado a alcançar os melhores resultados. De facto, ao retirá-lo da posição “homem em cunha” no centro do ataque, concedendo-lhe tarefas de “dobragem” dos companheiros da retaguarda, desgastou o argentino que perdeu “poder de fogo” e de explosão que, na época passada, fizeram dele o melhor marcador da liga portuguesa.
Também a adaptação de Rodriguez não tem sido pacífica, em virtude do uruguaio jogar muito “colado” à linha lateral, limitando-lhe o espaço de manobra e de envolvência no jogo atacante da equipa.
Difícil de solucionar, neste FC Porto de 2008/2009 é, sem dúvida, a lacuna existente no lado esquerdo da defensiva. A saída, mal equacionada, de Marek Cech provocou insegurança e instabilidade naquela zona, a que não será alheia a falta de afirmação de Benitez, a pouca propensão de Lino para defender e a adaptação, contra natura, de Pedro Emanuel.
Hulk, embora a espaços evidencie ainda alguma “verdura” e excesso de fogosidade, pela velocidade e poder de remate que tem demonstrado, poderá vir a ser a grande revelação do campeonato, mas uma coisa é certa, a estratégia e o sistema táctico agora implementados demorarão algum tempo a “enraizar” e a equipa irá, forçosamente, ressentir-se disso e, consequentemente, sentir dificuldades na revalidação do titulo.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Balanço: SLB

Com a chegada do Natal e a três jornadas do “terminus”, da primeira volta da Liga Sagres, justifica-se um pequeno balanço ao desempenho futebolístico dos crónicos candidatos ao título máximo do futebol português.
Iniciando pelo Benfica que, ainda não conheceu o travo da derrota, mas sem que alguém minimamente identificado com o clube da Luz saiba qual o onze base de Quique Flores, as indefinições são mais que muitas. Com David Luiz a “fazer” algumas posições, para as quais se encontra pouco vocacionado, e com Sidnei a tentar “ganhar pontos” no centro da defensiva, só Luisão e Maxi Pereira parecem ter lugar garantido na equipa titular.
No centro do terreno a incerteza é total, e a ausência de um “playmaker” não justifica tudo sabendo-se que, as alterações introduzidas, de jogo para jogo, afastam as necessárias rotinas e conduzem a uma flagrante inconstância exibicional. E a dúvida subsiste, Carlos Martins e Hassan Yebda? ou Gilles Binya e Katsouranis? ou, ainda, Aimar ou Nuno Gomes como nº 10?
Com seis meses de treinos no Seixal, o treinador continua a insistir num 4-4-2 clássico, mesmo sem possuir no plantel um ala-direito eficaz e recorrendo, sistematicamente, à colocação de Ruben Amorim naquela posição, introduzindo desequilíbrios na equipa e limitando o desempenho do ex-belenense, que não possui as características mínimas para, de um dia para o outro, desempenhar o papel de extremo.
No ataque, só o hondurenho Suazo parece estar mais tranquilo, em termos de titularidade, fruto da velocidade e do poder físico já manifestados, denotando contudo, alguma inconsistência no seu rendimento futebolístico.
Embora o Benfica ocupe o lugar cimeiro da tabela classificativa, as alterações tácticas constantes a que a equipa tem sido sujeita, retiram solidez ao jogo praticado e confiança aos adeptos que ainda não conseguiram descortinar o estofo necessário e suficiente para um ataque firme ao título nacional.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Futebolices XI

A brilhante iniciativa, dos responsáveis encarnados, de criar o canal televisivo "BenficaTV", está a conseguir atingir os objectivos, na plenitude. De facto, só os benfiquistas podem apreciar as miseráveis exibições, da sua equipa de futebol, conseguidas nas provas internacionais, escamoteando esse prazer aos principais rivais.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Futebolices X

«Tenho a consciência de que salvei o Sporting, desportiva e …financeiramente.» – disse Soares Franco.
Um clube com as aspirações do Sporting pode vencer taças, supertaças ou, mesmo, ser apurado para os oitavos-de-final da Champions mas se, num prazo de três anos, não ganhar a Liga, desportivamente, os objectivos nunca serão conseguidos.
Salvar o clube de Alvalade financeiramente são das “tais coisas” que só se irão constatar, quando os actuais corpos gerentes saírem de cena.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Novas tecnologias

A polémica está a instalar-se, sendo a “verdade desportiva” a bandeira daqueles que defendem a introdução das “novas tecnologias” no futebol.
Só que a “verdade desportiva” não é propriedade de alguns, mas de todos aqueles que acompanham e apreciam o futebol como competição e espectáculo.
Por outro lado, as “novas tecnologias” não são uma panaceia nem se podem transformar numa utopia ao pensar-se que vão resolver todos os problemas dos “erros futebolísticos” dos “homens do apito”.
Não é inocentemente que os árbitros, principais visados, apoiam na generalidade a introdução dos novos “métodos a análise”, uma vez que, prevêem a tarefa mais facilitada, a desresponsabilização aumentada e monetariamente sem consequências.
Todo o cuidado é pouco e não queiram decapitar uma “galinha” que, presentemente, já quase não consegue chocar ovos, quanto mais de ouro.
Os apologistas da introdução das “novas tecnologias” apontam com frequência a experiência do rugby, esquecendo que o futebol é um jogo muito mais dinâmico e onde as interrupções não são tão frequentes.
Os mais cautelosos defendem que, as “novas soluções” deveriam ver a sua aplicação reduzida e restringida aos lances polémicos ocorridos perto da linha de golo, ajuizando se a bola transpôs ou não o “risco fatal”. A solução seria implementada com a colocação de censores no esférico, mas nunca com a introdução de um juiz de baliza, pois isso iria trazer mais um “factor humano” ao jogo. O que não é aconselhável.
Outros, querem limitar a aplicação das “novas técnicas” à grande-área (ex.: foras-de-jogo, penalties, etc.), “atirando” para 2º plano e desprezando as dúvidas surgidas na avaliação de certas faltas ocorridas nas restantes zonas do terreno de jogo e que, todos sabemos, podem “matar”, influenciar e falsear o desfecho do encontro. Muitas dessas pseudo-infracções são “cavadas” e simuladas pelos intervenientes que originam a apresentação de cartões e eventuais expulsões, “cortando” lances que poderiam terminar em golo.
Os mais radicais, normalmente habituados a jogar “playstation”, são da opinião que, os “meios tecnológicos” deveriam contemplar todo o terreno de jogo, apoiados por vários tipos de câmaras, situadas em diversos ângulos de incidência. Por outras palavras estão a declarar que, se prescinde do árbitro, no campo, e se coloca o juiz da partida numa “torre de controlo”, que poderá estar localizada a quilómetros de distância, rodeado por diversos ecrãs que vão dando informações visuais, ao pormenor, daquilo que se passa no terreno de jogo. Pelos vistos, as decisões poderiam vir a ser comunicadas através dos altifalantes do estádio ou por megafone, do representante da Liga.
De facto, as “novas tecnologias” servem, às mil maravilhas, a todos aqueles adeptos que, após os desafios, e desconhecendo estratégias, tácticas e características técnicas dos futebolistas, fazem uso do seu fervor clubista e, de forma simplista, se limitam a discutir se a bola saiu ou entrou, se foi falta ou não, se o avançado estava em linha ou na posição de fora de jogo ou se existiram “roubos de igreja”.
A polémica promete, mas não se pode tratar de um tema tão complexo com a ligeireza como tem sido abordado, muito menos sem existir uma concretização efectiva e exemplificativa da aplicação das “novas tecnologias” a um jogo, previamente filmado, onde seria, forçosamente, contabilizado o tempo de paragem.
É irrealista pensar-se que, ao interromper o encontro, “a toda a hora”, para ajuizar lances duvidosos, também eles sujeitos a juízos de terceiros, torna o jogo mais aliciante e verdadeiro, trazendo benefícios ao espectáculo, sabendo-se que o erro de avaliação continuará a subsistir, sempre que se verifique a existência de dois indivíduos de cor clubista diferenciada.
Como actuar em situações como a que ocorreu no encontro disputado, esta época entre o Benfica e a Naval, quando o rápido Marinho fazendo uso do seu forte poder de arranque se isolou na “cara” do guardião Quim e, quando se preparava para marcar, lhe é assinalado um off-side inexistente? É “menos golo” que um penalty, eventualmente, assinalado pelas “novas tecnologias”, que até pode ser desperdiçado? Como proceder? Coloca-se novamente o Quim na linha de golo e o Marinho a correr desde a linha intermédia? O que fazer no posicionamento dos outros elementos em campo, que entretanto se movimentaram e saíram da posição inicial? Como é que os patrocinadores das “novas técnicas de análise” resolvem uma situação como a verificada?
O que os “fundamentalistas” pretendem não é “verdade desportiva”, é mais a imposição do “tecno-futebol” ou do “futebol computorizado”, uma vez que o futebol como foi idealizado, concebido e que tem vindo a evoluir ao longo dos anos, continua a ser aquele que é jogado entre o Arroios e o Vitória da Picheleira, o Cinfães e o Avanca ou entre o Olímpico do Montijo e o Moitense, uma vez que nesses encontros não está presente a televisão, nem câmaras instaladas que possam “ajudar” os “homens do apito”.
Com o pretexto da “verdade desportiva”, aplicada aos lances polémicos, não se pode cair na insensatez de querer “tapar o sol com a peneira” e, inconscientemente, introduzir mais injustiça e desigualdade desportiva no “jogo do século”……..…passado.
Conservador, “Velho do Restelo”, retrógrado, chamem-me o que quiserem, mas insensato, incoerente e utópico, não.