quarta-feira, 27 de maio de 2009

Futebolices XV

Na última (?) grande entrevista como presidente, ao jornal “Record”, Soares Franco para além de abordar alguns dos temas da actualidade leonina, elogia as faculdades e capacidades de Paulo Bento, à frente do futebol do Sporting, da seguinte forma:

a) Carácter e personalidade;
b) Grande sentido de missão;
c) Assunção plena dos compromissos;
d) Honestidade fantástica;
e) Excelente “líder”;
f) Alegria de viver e trabalhar;
g) Enorme sentido de humor.

Atendendo ao seu desempenho como treinador da equipa de futebol do Sporting, estranha-se que, não seja feita referência à sua competência técnica e à falta de troféus verificada ao longo de quase quatro anos de vivência em comum, preferindo elogiar as suas qualidades humanas, existentes em muitos sportinguistas, mas não suficientes para a conquista dos títulos que o clube persegue e os associados ambicionam.

sábado, 16 de maio de 2009

Jesus "o salvador"

Em face da época miserável protagonizada pela equipa de futebol do Benfica, orientada pelo pouco convincente Quique Flores, os seus adeptos e simpatizantes numa atitude que patenteia justificado desespero, começaram a “embandeirar em arco” com a possibilidade de Jorge Jesus vir a treinar a equipa, na próxima temporada.
Pensando que se “benzem” talvez os benfiquistas venham a “partir o nariz”.
O “povo benfiquista”, à semelhança do que aconteceu com o povo judeu, há cerca de dois mil anos, tenta agarrar-se á “tábua de salvação” que está mais á mão, acreditando nas capacidades deste “novo Jesus” e no poder profético de Filipe Vieira e Rui Costa, esquecendo-se que, milagres já ninguém faz e que o técnico, agora contratado, construiu o seu curriculum em equipas de pouca nomeada cujas principais aspirações são a subida de divisão ou a luta pela permanência, no escalão máximo do futebol português. A excepção que confirma a regra aconteceu na época que agora termina, no Sp. Braga, onde um forte e dispendioso plantel, oriundo dos principais clubes portugueses e de agremiações com palmarés na América latina, conseguiu elevar o treinador para patamares de voos próximos da águia Vitória.
De facto, com a entrada de Jorge Jesus no Benfica muita coisa terá que mudar. A começar pela táctica, sabendo-se que o técnico é apologista do “fastidioso losango”.
Com a implementação de tal sistema táctico ao actual plantel benfiquista, dificilmente futebolistas como os extremos Reys, Di Maria e Balboa conseguirão ser titulares. O mesmo acontecerá com Cardoso, que terá de ir marcar golos para “outra freguesia”, uma vez que o paraguaio possui características de “avançado-centro fixo”, posição não contemplada no famoso losango, que “vive” de dois pontas-de-lança que fazem da mobilidade a sua principal qualidade. Provavelmente, e á falta de melhor, a escolha recairá na dupla constituída por Nuno Gomes e Mantorras. Ah! Ah! Ah!
Ao utilizar apenas um trinco no vértice recuado do quadrilátero, Jorge Jesus terá, forçosamente, de dispensar futebolistas com as qualidades e os defeitos de Katsouranis, Yebda, Binya, Carlos Martins ou Ruben Amorim. Jogadores que denunciam grandes dificuldades na adaptação aos vértices-ala do polígono.
Talvez Aimar consiga, finalmente, “dar um ar da sua graça” uma vez que passará a existir a posição nº10, para a qual o argentino se encontra mais vocacionado.
De facto, com a entrada de Jorge Jesus o plantel do Benfica terá de “levar uma grande volta”, sendo por demais evidente a necessidade de adquirir futebolistas com características específicas para implementação da táctica escolhida. Após mais um ano a ver os títulos a “passarem”, mas onde o investimento foi extremamente elevado, torna-se penoso para o clube da Luz iniciar mais um ciclo com os custos e os encargos que os novos elementos acarretarão.
Do “tipo pintas”, culturalmente débil e com um percurso similar ao de Quinito, se Jorge Jesus na próxima época, manifestar a mesma competência para treinar um “grande” como aquela que o técnico setubalense evidenciou na época 1988/1989 ao serviço do FC do Porto, tempos difíceis continuarão à espera dos adeptos e simpatizantes encarnados.

sábado, 2 de maio de 2009

O Símbolo da "Briosa"

Em dia de mais um encontro, em Coimbra, entre a Académica e o Sporting, é curioso recordar que o emblema da Académica, conforme hoje existe, deve-se ao Sporting.
A Académica começou a disputar as primeiras provas nacionais no princípio do século passado, de equipamento preto, sem emblema e com os adeptos a erguerem como bandeira a capa académica. Tal facto originou a necessidade de se definir um emblema, para o clube representativo dos estudantes. Primeiro apareceu um pequeno rectângulo com figuras a preto-e-branco e a expressão latina: «Mens sana in corpore sano». Depois, nova tentativa, com uma Cruz de Cristo e com um escudo esquartejado onde se inseriam as insígnias das várias Faculdades da Universidade. A terceira tentativa foi a mais fugaz, durou apenas noventa minutos. A duração do jogo de futebol, frente ao Sporting. E foi por causa do resultado desse jogo que apareceu o actual emblema.
A iniciativa pertenceu à equipa de futebol de 1927 que decidiu avançar para um emblema de cariz definitivo. A ideia era simples: as três letras iniciais da Associação Académica de Coimbra – AAC, em formato arredondado, bordadas nas camisolas.
Com estreia agendada para o encontro com o Sporting, o emblema apareceu do esforço de uma simpática senhora, que em fatigante tarefa trabalhou dia e noite para que os jogadores tivessem, a tempo, nas suas camisolas o novo símbolo bordado.
Contudo, Armando Sampaio o então guarda-redes da Académica, mais tarde seleccionador nacional, esteve em dia pouco feliz e a Académica foi, copiosamente, derrotada pelo Sporting. Mas, curiosamente, a culpa foi atribuída ao emblema bordado, com as tais três letras arredondadas, que por isso, foi arrancado das camisolas.
Após a goleada leonina, foi o próprio Armando Sampaio que pediu a Fernando Pimentel para desenhar um novo emblema para Briosa. Fernando Pimentel, então estudante de Medicina, desenhou, em poucos dias, com total liberdade criativa, o símbolo da Académica que ainda vigora, com as letras AAC e com a Torre da Universidade dentro de um losango a preto-e-branco. O emblema das três letras bordadas, vitimado pelos golos sofridos, foi para o rol do esquecimento.