segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Custou, mas foi!

Após seis meses de intensos treinos na Academia, de dez jogos disputados na Liga Zon Sagres, outros tantos na Liga Europa, um encontro na Taça de Portugal e cerca de meia dúzia de carácter particular parece que, finalmente, Paulo Sérgio acertou com a táctica que mais se aconselha ao futebol leonino e que melhor se adapta às características do futebol português.
Ao escolher o sistema 4x3x3, na variante 4x2x3x1, o treinador sportinguismo, depois de muitos ensaios, acertos, alteração e modificações aos sistemas tácticos pré-definidos parece ter conseguido estabilizar, com evidentes resultados no plano exibicional.
De facto, impor um sistema táctico a um grupo de futebolistas escolhidos por critérios duvidosos, mais ao sabor do interesse ou da vontade de um empresário, privilegiadamente aceite no “reino do leão” (Jorge Mendes), não se torna tarefa fácil.
Com limitações no “jogo exterior”, fruto de carências em termos de médios-ala/extremos de raiz, a ausência prolongada, por lesão, de Izmailov deveria ter merecido mais atenção por parte dos responsáveis leoninos e, provavelmente, ter-se-ia evitado a aquisição, difícil de explicar, de um terceiro guarda-redes (Hildebrand) como reforço do plantel.
Também, num plantel desequilibrado se questiona a necessidade da aquisição de um médio-centro com as características de Zapater, jogador de pouca mobilidade, mais posicional, que joga a espaços e que se “ausenta” grande parte do jogo, quando para a mesma posição o clube dispõe do jovem André Santos, formado na Academia, muito mais envolvido no jogo de equipa, a recuperar e a tentar construir jogadas de ataque e com grande resistência competitiva, como é exigido a um médio-centro moderno.
Por outro lado, o tempo e os jogos vieram confirmar que a insistente colocação de Valdéz nas alas, tentando colmatar as lacunas existentes, só prejudica o futebolista e a própria equipa. Jogando em várias posições o jogador acaba por perder-se, pois não permite que se adapte à posição para a qual tem demonstrado mais apetência, pois denota elevada capacidade para criar linhas de passe e de aparecer com perigo nas zonas de finalização, faculdades exigidas a um médio-atacante-centro que joga “nas costas” do ponta-de-lança.
Embora os “experts” em matéria futebolística continuem a afirmar que, para potenciar o rendimento concretizador da equipa, Postiga e Liedson deveriam jogar, em simultâneo, a experiência e as próprias características dos futebolistas evidenciam o contrário e mostram que a opção pela “dupla atacante” retira espaço de manobra aos avançados, especialmente quando defrontam equipas de menor dimensão, com a agravante de se ter de sacrificar um dos homens do meio-campo ou de uma das alas.
O certo é que, por muito bons jogadores que se possua, só a táctica não chega para ganhar jogos, exigindo-se ao treinador perspicácia e boa “leitura de jogo”, qualidades que não se verificaram no último encontro disputado em Alvalade, frente ao Vitória de Guimarães. Após expulsão de Maniche, colocar em campo Zapater, futebolista preso de movimentos com uma área de actuação muito restrita em detrimento de Nuno André Coelho, jogador rápido, diversas vezes ensaiado a trinco, quando o Vitória acabava de colocar em campo dois homens rápidos, não lembra ao diabo! Se acrescentarmos, a isto, a saída de Valdés, futebolista que estava a desempenhar de forma eficaz a ligação entre o meio-campo e o ataque e com o Sporting reduzido a dez unidades, fica-se com a sensação de estarmos em presença de mais um Carvalhal, Peseiro ou Queiroz.
Numa altura em que, os principais clubes nacionais, começam a abordar a estratégia de ataque ao “Mercado de Inverno”, não espanta que, para esse efeito, não existam verbas disponíveis na SAD sportinguista, atendendo a que, elementos como Sinama-Pongolle, Zapater, Tales, Caneira, Stoikovic, Caicedo, Grimi, Angulo, Matias Fernandez e Caneira, oriundos de mercados futebolísticos caríssimos (Itália, Espanha, Inglaterra), podem ter dado lucro ao empresário que os colocou em Alvalade, mas pouco acrescentaram ao palmarés leonino e, pelo contrário, acarretam avultados prejuízos financeiros e desportivas, que se irão reflectir no futuro do clube de Alvalade.