terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Sem Paciência


O verde para além de ter uma forte afinidade com a natureza, sendo a cor que procuramos, instintivamente, quando estamos deprimidos, encontra-se conotado com a esperança e, também, associada à cor predominante no Sporting Clube de Portugal.
Para o simples adepto ou simpatizante do clube de Alvalade, tudo isto parece não fazer qualquer sentido quando, mês após mês, época após época, se verifica um auto-flagelamento e o abandono precoce dos objectivos, previamente, estabelecidos.
O início da temporada 2011/2012 perspectivava, mais uma vez, para as hostes sportinguistas, o “virar de uma página” e o “corte integral” com um passado recente nada vanglorioso, por ausente em títulos.
Com a chegada da nova direcção, presidida por Godinho Lopes, apoiada no regresso de gestores (?) para o futebol, com responsabilidades nos últimos títulos conquistados (Carlos Freitas e Luís Duque), a esperança no futuro foi renovada e a contratação de Domingos Paciência, como treinador, depois de relativo êxito no Sp. Braga, era prova disso.
O início da temporada indiciava que, o Sporting, passava a ter uma verdadeira política de aquisições e que o plantel iria ser constituído com “cabeça, tronco e membros”.
Assim, e após a escolha da equipa técnica que, implementava, predominantemente, o sistema de jogo mais aconselhado para o futebol português (4-3-3), foram cirurgicamente adquiridos, dentro das limitações financeiras existentes, os futebolistas que melhor se “encaixariam” na táctica e estratégia, previamente, escolhidas.
A aquisição de quase duas dezenas de jogadores, a falta de entrosamento e mecanização haveriam de justificar alguns dos resultados menos conseguidos, no início da época futebolística.
Estabilizada a equipa, começaram a “aparecer” os resultados que galvanizaram os adeptos para “altos voos”. “Sentia-se” a equipa equilibrada e os êxitos conseguidos nos meses de Setembro/Outubro, foram disso o reflexo.
Com a baliza entregue a um guarda-redes jovem, mas confiante, que justifica plenamente a titularidade na selecção portuguesa e um quarteto defensivo, formado embora por elementos cuja experiência competitiva suplanta, nitidamente, a capacidade técnica, deveriam contudo “chegar”, perfeitamente para as exigências.
No entanto e no actual plantel, são os centro-campistas que evidenciam melhor qualidade e que dão à equipa a estabilidade necessária para os triunfos. Rinaudo é um trinco “box to box”, raçudo, com elevado poder de marcação e desarme, extremamente, importante quando a equipa perde o esférico e cuja ausência terá contribuído, em parte, para o ambiente que se vive, presentemente, para as bandas de Alvalade.
Ao futebol praticado e ao equilíbrio táctico evidenciados, pela serie de dez vitórias consecutivas, não poderão ser alheios os “triângulos” constituídos nas alas, por João Pereira, Elias e Carrillo, na direita, e Insúa, Schaars e Capel no lado oposto, “coisa” que há muito não se via na equipa de futebol do Sporting.
No ataque, a "entrega" do jovem Van Wolfwinkel não disfarça ausência de um “matador”, nem as saudades de Acosta e Liedson. Logicamente que, os resultados ressentem-se disso.
Refira-se que, uma equipa de futebol, com aspirações não aparece de “um dia para o outro”, torna-se necessário tempo e “estabilidade ambiental” que, mais uma vez, não foram concedidos ao novo técnico.
Embora com presença garantida na final da Taça de Portugal, o actual Sporting não possui o “andamento de jogo” evidenciados pelo Benfica e FC Porto e que, à partida, o coloca numa posição de “outsider” relativamente à disputa directa pela Liga. Também a ausência de suplentes “à altura”, provocou em Domingos uma temporária e inesperada desorientação, nas opções e na “arrumação” dos homens do meio-campo, após a lesão de Rinaudo.
Com um presidente que, evidencia uma personalidade de acordo com a sua estatura física, rodeado por “jagunços” que se escondem em atitudes populistas e de fácil mediatização (o túnel é disso exemplo), o mais aconselhado era dizer mal dos árbitros ou “correr” com o treinador, substituindo-o por um instável e conflituoso Sá Pinto, cujas principais qualidades técnicas são: o carisma, o sportinguismo, a garra e o acerto do seu punho, confirmado por Artur Jorge e Liedson.
PS: O futuro treinador não deverá nem poderá “inventar”. Basta conservar a táctica, colocar os futebolistas nas suas posições e, acreditem ou não, retirar Onyewu (sem “escola” nem velocidade, para o lugar que ocupa) e Matias Fernandes (falta “cabedal”, velocidade e a “ mastigar” muito o jogo) e não prescindir do Polga, independentemente das campanhas existentes contra o experiente jogador.