sábado, 10 de novembro de 2012

Leão ferido

 

Existe um ditado que diz: «Quando o leão está ferido, até o burro lhe dá coices».
A situação de intranquilidade e de ansiedade que vive, presentemente, a equipa de futebol do Sporting, tem sido motivo de debates de “paineleiros”, bem como o objecto predilecto de alguns artigos de opinião, que pouco têm contribuído para alterar a situação de instabilidade que teima em abandonar o “reino do leão”.
Como quase todos os “analistas desportivos” lêem na mesma “cartilha”, não é difícil atribuir as causas da crise, à ausência de um “projecto” ou de um “plano estratégico”, concluindo, quase sempre, com a estafada frase: «o futuro do Sporting está na Academia».
Comecemos pelos “planos estratégicos” e “projectos” a médio ou a longo prazo.
Um clube com o historial do Sporting, que tenha como objectivo principal a conquista de títulos, qualquer planeamento ou projecto, a implementar, passará sempre por vencer todos os jogos em disputa, independentemente do local onde os encontros se realizam ou do adversário a enfrentar. Os planos, esquemas, projectos ou programas podem ser muito bem idealizados, concebidos ou implementados que, se não conduzirem ao cumprimento dos objectivos previstos, que no futebol são convertidos em vitórias imediatas, pouco representarão para o clube e para os seus apoiantes.
Recordando o passado e voltando à época dos “violinos”, onde o Sporting venceu sete campeonatos nacionais em oito possíveis, é fácil afirmar que o “projecto” resultou na plenitude, pelo menos até 1954, ano a partir do qual o clube de Alvalade, com o mesmo “projecto”, com a mesma filosofia dirigente e até com melhores instalações desportivas, deixou de vencer campeonatos nacionais, com a mesma frequência.
O “projecto leonino” era o mesmo, só que os futebolistas e os técnicos, que se seguiram, eram outros. Se acrescentarmos, a isto, o aparecimento de uma poderosa equipa do Benfica, concebida por Otto Glória, estabilizada pela “velha raposa” Bela Guttmann e reforçada por um dos melhores futebolistas mundiais, de nome Eusébio, poder-se-á concluir que, talvez não tenha sido tão mau conquistar campeonatos de 4 em 4 anos.
Vencer o Nacional, em 1954, 1958, 1962, 1966, 1970 e 1974 e atribuir os êxitos a hipotéticos “planos” e “projectos estratégicos” é pura ingenuidade e ilusão, uma vez que, no ano seguinte, a estratégia mantinha-se, as equipas eram reforçadas e o “treinador campeão” continuava o seu percurso, até os resultados começarem a ser adversos.
Nos finais da década de setenta, do século passado, despontou o FC Porto, pela mão de Pedroto, coadjuvado por Jorge Nuno Pinto da Costa, e o Sporting começou a fazer a sua travessia no deserto.
Quando os futebolistas possuem limitadas capacidades, os técnicos não evidenciam a mínima categoria e perspicácia para o lugar que desempenham e os dirigentes pouco entendem das atribuições para as quais foram eleitos, poderemos teorizar sobre “projectos e mais projectos” que os resultados só surgirão por milagre.
Confirmando a posição até aqui defendida, encontra-se a conquista do campeonato nacional, na época 1999/2000, após 18 anos a investir em equipas dispendiosas, planos infalíveis, esquemas eficazes, programas seguros, projectos estratégicos, novos dirigentes, eternos adeptos, estruturas sofisticadas, etc. Mas Augusto Inácio chegou em Outubro, sem grande curriculum, com a época iniciada pelo “projecto” de Giuseppe Materazzi, entretanto afastado, escolheu a táctica e a estratégia a adoptar, colocou os futebolistas nas posições mais aconselháveis e…….foi campeão. Onde estava o “projecto” do Inácio e “organização estrutural” dos dirigentes? Apenas escolheram a pessoa certa para comandar jogadores que, não sendo de “primeira água”, possuíam as condições técnicas suficientes para, com empenho e mentalidade ganhadora, levarem o Sporting ao título.
Em 2002, poderia o técnico Lazlo Boloni referir que o “seu plano” resultou em pleno e a sua concepção de jogo também, mas se não fosse a categoria e experiência de alguns elementos que compunham o plantel (Ex.: João Pinto, André Cruz, Paulo Bento, Rui Jorge; Rui Bento, Babb, Pedro Barbosa, etc.) e, fundamentalmente, a excepcional capacidade concretizadora de Mário Jardel e o “projecto” de Boloni e da direcção, não teria resultado.
No ano seguinte, com a direcção consolidada, com o mesmo técnico e a sua planificação e estratégia de treinamento, com a equipa reforçada e com Ricardo Quaresma e Cristiano Ronaldo a afirmarem-se com brilhantes desempenhos, a equipa leonina não conseguiu melhor que o terceiro posto na classificação.
Pois é! O “projecto” e o “plano” eram bons só que não contaram com os problemas originados por Jardel e o pelo seu empresário e com a falta de perspicácia de Boloni na abordagem à situação criada. O Bota de Ouro pouco jogou, os golos não apareceram e a classificação final ficou aquém do esperado.
Quase todos os comentadores referem que, o Sporting, para voltar a ressurgir terá de criar alicerces, suficientemente fortes e suportando o seu futebol na Academia e na Equipa B. Estranha-se que, a solução preconizada, pelos “experts” para “salvar” o Sporting não seja também aplicável ao FC Porto e ao Benfica, em virtude das equipas dos rivais directos serem constituídas, na quase totalidade, por futebolistas estrangeiros, à excepção de João Moutinho e Silvestre Varela, no FCP e de Carlos Martins, no SLB, por sinal formados na Academia de Alcochete.
O Sporting terá de apostar, convictamente, na sua Academia e na respectiva formação de jogadores, mas não com os pressupostos com que o tem feito. Não é admissível que, o elevado investimento realizado, ao longo dos últimos anos, não tenha tido contrapartida desportiva e retorno financeiro, adequados. Sendo inegável que, a Academia tem sido um alforge de futebolistas, também é verdade que um número reduzido tem sido aproveitado pelo clube. De facto, existem algumas pechas que têm de ser rectificadas, sob pena de se continuar a perder tempo e dinheiro.
Da Academia, nos últimos tempos, têm saído bons futebolistas mas um observador mais atento detectará algumas similaridades nas suas qualidades e defeitos. As características de André Martins são muito semelhantes às de André Santos e de Adrien, seguindo a mesma linha evidenciada por João Moutinho, mas de nível inferior. Também as particularidades físicas e técnicas patenteadas pelos defesas-centrais, Tiago Ilori, Pedro Santos e Tobias Figueiredo, não diferem muito das de Daniel Carriço ou Nuno Reis. Por outras palavras: a Academia forma futebolistas “quase iguais” e de nível mediano, notando-se a ausência de avançados, dignos de menção.
Possuindo o Sporting uma Academia com óptimas infra-estruturas, elogiadas por muitos, com o apoio de técnicos de reconhecida capacidade, torna-se incompreensível o fraco grau de aproveitamento de futebolistas para a equipa principal, optando a actual política do clube por reforçar o plantel principal com jogadores jovens, inexperientes, oriundos de vários países (Ex.: Labyad, Arias, Viola, Carrillo, Van Wolfswinke, etc.).
Por outro lado, a directoria de Godinho Lopes, Luís Duque e Carlos Freitas, em dois anos de mandato despenderam, aproximadamente, 75 mil euros em duas dezenas de futebolistas que, juntamente, com a incompreensível opção por Sá Pinto, conduziram o clube de Alvalade à dramática situação em que se encontra, presentemente.
Também, a Equipa B, com o brilhante desempenho que tem tido na segunda Liga, poderia funcionar não só para rodar jovens futebolistas, saídos da formação, mas principalmente como municiador de jogadores para a equipa principal. Para tal teria, forçosamente, de adoptar uma estratégia e estrutura táctica semelhante à da principal equipa, para que os futebolistas, estivessem familiarizados com as posições tácticas bem definidas e se encaixassem na perfeição, quando chamados à Equipa A. Com a alternância de treinadores, quer numa equipa quer noutra, e sem um “fio de jogo”, previamente definido, e a utilizar em todos os escalões, dificilmente a chamada de algum jovem jogador poderá ter êxito, a curto prazo, excepção feita à linha defensiva.
Nos últimos anos, também, a aposta em treinadores nacionais não se tem mostrado eficaz. De facto, contratar técnicos com poucas provas dadas e com fraco curriculum (Ex.: Paulo Sérgio, Carvalhal, Couceiro, Sá Pinto), não tem sido uma solução feliz. Talvez o desempenho de Paulo Bento seja, em parte, a excepção. O próprio Paulo Bento poderia ter atingido outros patamares de êxito se o seu excesso de autoritarismo, em determinados momentos, não o tivesse conduzido a situações pouco aconselháveis num “condutor de personalidades”. Por outro lado, enquanto treinador leonino, Paulo Bento tomou algumas decisões discutíveis, entre as quais se realça a dispensa de Silvestre Varela e o veto ao regresso de Hugo Viana, jogadores formados na Academia leonina, por não se “encaixarem” na estratégia e no esquema táctico escolhido. Contudo, como seleccionador os referidos futebolistas foram por diversas vezes convocados e, inclusive, Varela é frequentemente utilizado, na selecção, como arma secreta, quando a equipa das quinas evidencia dificuldades na concretização.
Até esta data, a contratação de Frank Vercauteren pouco acrescentou à equipa de futebol, em termos exibicionais e de resultados, tendo o técnico aproveitado os dois jogos já disputados para testar alguns futebolistas e proceder a algumas experiências e alterações que, reflectem um desconhecimento evidente do plantel. O desempenho de Capel, frente ao Genk, mostrou que nunca poderia ter ficado no banco, em Setúbal. Tirar Rinaudo, do encontro com o Genk, para meter Gelson Fernandes, não é compreensível. Insistir em Labyad e Viola em detrimento de Izmailov e Carrillo, não parece aceitável. Apostar, nos minutos finais no jogo com o Genk, em três centrais com a entrada do jovem e inexperiente Ilori com o adversário a pressionar, procurando o empate a todo o custo, foi completamente desaconselhável.
 
Quando Vercauteren se aperceber de que o plantel actual possui pouco mais que uma dúzia de elementos, com qualidade para jogar na equipa principal, talvez comece a ganhar jogos.
A presente época está, praticamente, condenada e, provavelmente, não merecerá o investimento e o reforço da equipa, com um avançado-centro e um armador de jogo, no mercado de inverno, lacunas evidentes no grupo de trabalho e que tornariam a equipa mais competitiva.

terça-feira, 22 de maio de 2012

O Efeito Sá Pinto

Se só o querer, a raça, o empenho e a atitude ganhassem, por si só, competições, taças e campeonatos, certamente que, bastaria a equipa técnica ser composta por um preparador físico, para “dar músculo” e um psicólogo para “fazer a cabeça” de cada futebolista e os êxitos fluiriam como que espontaneamente.
Se acrescentarmos a todas estas componentes, fundamentais na concepção e dinâmica de uma equipa, a “conquista do balneário” e o apoio dos adeptos, então estamos na presença do “efeito Sá Pinto”, fastidiosamente, elogiado como o introdutor daqueles atributos na filosofia de jogo do Sporting.
De facto, se somente aqueles predicados fossem suficiente para garantir o sucesso de uma “team” de futebol, muitas equipas haveria que, na terceira divisão, nos distritais ou na disputa da Taça Inatel, venceriam todos os fins-de-semana.
Numa equipa técnica tem que existir uma competência mínima, evidenciada na escolha dos jogadores em melhor forma, na melhor táctica a adoptar, na mais eficiente estratégia e na sagacidade das substituições a efectuar. Se tal não se verificar, a vontade, ambição, determinação e exigência acabarão por se diluir, mais dia, menos dia.
Com a comunicação social a seu lado e os “adeptos profissionais” na mão, Sá Pinto regressou ao Sporting numa altura em que no clube, exceptuando a final da Taça de Portugal, pouca ambição existia, depois da equipa leonina ter sido eliminado da Taça da Liga e arredada da disputa dos lugares cimeiros da principal Liga. Sá Pinto desfrutou, assim, da tranquilidade necessária e suficiente para fazer um brilharete na Liga Europa. Contudo, em dez jogos disputados, fora de casa, foi derrotado por seis vezes.
Poucos admitem que, grande parte dos resultados positivos alcançados se deve às ausências, por lesão, de Onyewu (fisicamente forte, mas lento e sem posicionamento) e de Matias Fernandez (evidencia técnica inversamente proporcional ao poder físico e lentidão em demasia), e ao regressado Izmailov (futebolista de elevada capacidade competitiva) bem como, à categoria patenteada, nos “grandes jogos”, pelo injustiçado Anderson Polga que, com Xandão, formou dupla eficaz.
Lamentável a abordagem de Sá Pinto, agastado com as declarações de Adrien, antes da final do Jamor, depois do jogador, emprestado pelo Sporting, ter manifestado a vontade de conquistar o troféu, contrariando o “blackout” (mais um “faits divers” leonino) instituído pelo clube que lhe paga o ordenado.
Quando os resultados não aparecem, o verniz estala e as atitudes intempestivas, inoportunas e até agressivas começam a surgir. Refrear os ímpetos, cada vez vai ser mais difícil e, progressivamente, os comentários e as críticas às arbitragens vão suceder.
 Com Domingos ou Sá Pinto, o Sporting investiu e a sua equipa de futebol não cumpriu os objectivos, como vem sendo habitual, Espera-se que, o clube leonino, na próxima época, não tenha de recomeçar a meio da temporada, como vem acontecendo nos últimos anos.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

O guarda Abel Cristóvão

A década de 80 do futebol português ficou, negativamente, marcada pela figura sinistramente desdentada de um ex-policial que, no velho Estádio das Antas, aterrorizava jornalistas, intimidava árbitros, agredia os adeptos contrários e amedrontava no túnel de acesso ao balneário visitante. Era conhecido como o “guarda Abel”.

Toda esta situação só foi possível e duradoura, com o beneplácito da direcção portista da qual, dizem as más-línguas, o “guarda” recebia todas as instruções e orientações de actuação.

Os principais clubes do futebol português (Sporting e Benfica) sempre se manifestaram críticos a esta forma ameaçadora do FCP receber os seus mais directos antagonistas tendo, inclusive, “sentido na pele” e sofrido bastantes dissabores, nas visitas ao norte do País.

Repugnante criatura há muito foi esquecida, pelos adeptos do futebol, e só o episódio protagonizado pelo actual vice-presidente do Sporting trouxe à memória os tempos de então.

O clube de Alvalade e as suas direcções sempre tentaram transmitir uma imagem de rigor e isenção, repudiando e denunciando actos de aliciamento, de corrupção ou de coacção, mas a chegada da direcção chefiada por Godinho Lopes colocou em Alvalade, um vice-presidente para o pelouro do Património e das Infraestruturas, ex-policial mas de curriculum pouco recomendável.

Em poucos meses e segundo consta, depois de estar implicado na escolha das infelizes fotos do túnel de acesso ao relvado e, provavelmente, na precoce saída do treinador Domingos, é envolvido num processo-crime e acusado de denúncia caluniosa ao árbitro auxiliar José Cardinal, numa tentativa de incriminar as gentes do Marítimo, em véspera de encontro, com os leões, para a Taça de Portugal.

Em virtude de tais acontecimentos e de ter sido constituído arguido, Paulo Pereira Cristóvão auto-suspende-se das funções de vice, com o argumento de tal atitude defender os interesses do Sporting e o bom nome do clube leonino. Godinho Lopes aprecia o gesto e é lesto a aceitar o pedido.

Mas como em futebol, como diria o outro, aquilo que hoje é verdade amanhã é mentira, Cristóvão, 48 horas após, arrepende-se e manifesta a intenção de regressar ao abandonado posto e, pasme-se, é ao próprio presidente Godinho Lopes que, numa reunião que se prolongou por mais de 10 horas, tomou a decisão de reintegrar o seu vice-presidente, com plenos poderes no Conselho Directivo.

De facto, arguido não é culpado mas como a procissão ainda vai no adro, Pereira Cristóvão deveria ficar longe de Alvalade até todo o processo finalizar evitando envolver e denegrir a imagem da instituição Sporting.

Os mais perversos poderão ver no seu regresso, aprovado pelo Conselho Leonino e defendido pelo próprio presidente, a possibilidade da existência de cumplicidades, no reino do leão, e, os mais crédulos, a certeza de que até Agosto serão pintados quatro mastros, contruídas duas novas bancadas, uma bancada para a família e uma nova sala para os sócios do Sporting.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Sem Paciência


O verde para além de ter uma forte afinidade com a natureza, sendo a cor que procuramos, instintivamente, quando estamos deprimidos, encontra-se conotado com a esperança e, também, associada à cor predominante no Sporting Clube de Portugal.
Para o simples adepto ou simpatizante do clube de Alvalade, tudo isto parece não fazer qualquer sentido quando, mês após mês, época após época, se verifica um auto-flagelamento e o abandono precoce dos objectivos, previamente, estabelecidos.
O início da temporada 2011/2012 perspectivava, mais uma vez, para as hostes sportinguistas, o “virar de uma página” e o “corte integral” com um passado recente nada vanglorioso, por ausente em títulos.
Com a chegada da nova direcção, presidida por Godinho Lopes, apoiada no regresso de gestores (?) para o futebol, com responsabilidades nos últimos títulos conquistados (Carlos Freitas e Luís Duque), a esperança no futuro foi renovada e a contratação de Domingos Paciência, como treinador, depois de relativo êxito no Sp. Braga, era prova disso.
O início da temporada indiciava que, o Sporting, passava a ter uma verdadeira política de aquisições e que o plantel iria ser constituído com “cabeça, tronco e membros”.
Assim, e após a escolha da equipa técnica que, implementava, predominantemente, o sistema de jogo mais aconselhado para o futebol português (4-3-3), foram cirurgicamente adquiridos, dentro das limitações financeiras existentes, os futebolistas que melhor se “encaixariam” na táctica e estratégia, previamente, escolhidas.
A aquisição de quase duas dezenas de jogadores, a falta de entrosamento e mecanização haveriam de justificar alguns dos resultados menos conseguidos, no início da época futebolística.
Estabilizada a equipa, começaram a “aparecer” os resultados que galvanizaram os adeptos para “altos voos”. “Sentia-se” a equipa equilibrada e os êxitos conseguidos nos meses de Setembro/Outubro, foram disso o reflexo.
Com a baliza entregue a um guarda-redes jovem, mas confiante, que justifica plenamente a titularidade na selecção portuguesa e um quarteto defensivo, formado embora por elementos cuja experiência competitiva suplanta, nitidamente, a capacidade técnica, deveriam contudo “chegar”, perfeitamente para as exigências.
No entanto e no actual plantel, são os centro-campistas que evidenciam melhor qualidade e que dão à equipa a estabilidade necessária para os triunfos. Rinaudo é um trinco “box to box”, raçudo, com elevado poder de marcação e desarme, extremamente, importante quando a equipa perde o esférico e cuja ausência terá contribuído, em parte, para o ambiente que se vive, presentemente, para as bandas de Alvalade.
Ao futebol praticado e ao equilíbrio táctico evidenciados, pela serie de dez vitórias consecutivas, não poderão ser alheios os “triângulos” constituídos nas alas, por João Pereira, Elias e Carrillo, na direita, e Insúa, Schaars e Capel no lado oposto, “coisa” que há muito não se via na equipa de futebol do Sporting.
No ataque, a "entrega" do jovem Van Wolfwinkel não disfarça ausência de um “matador”, nem as saudades de Acosta e Liedson. Logicamente que, os resultados ressentem-se disso.
Refira-se que, uma equipa de futebol, com aspirações não aparece de “um dia para o outro”, torna-se necessário tempo e “estabilidade ambiental” que, mais uma vez, não foram concedidos ao novo técnico.
Embora com presença garantida na final da Taça de Portugal, o actual Sporting não possui o “andamento de jogo” evidenciados pelo Benfica e FC Porto e que, à partida, o coloca numa posição de “outsider” relativamente à disputa directa pela Liga. Também a ausência de suplentes “à altura”, provocou em Domingos uma temporária e inesperada desorientação, nas opções e na “arrumação” dos homens do meio-campo, após a lesão de Rinaudo.
Com um presidente que, evidencia uma personalidade de acordo com a sua estatura física, rodeado por “jagunços” que se escondem em atitudes populistas e de fácil mediatização (o túnel é disso exemplo), o mais aconselhado era dizer mal dos árbitros ou “correr” com o treinador, substituindo-o por um instável e conflituoso Sá Pinto, cujas principais qualidades técnicas são: o carisma, o sportinguismo, a garra e o acerto do seu punho, confirmado por Artur Jorge e Liedson.
PS: O futuro treinador não deverá nem poderá “inventar”. Basta conservar a táctica, colocar os futebolistas nas suas posições e, acreditem ou não, retirar Onyewu (sem “escola” nem velocidade, para o lugar que ocupa) e Matias Fernandes (falta “cabedal”, velocidade e a “ mastigar” muito o jogo) e não prescindir do Polga, independentemente das campanhas existentes contra o experiente jogador.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Sintetizando

A solicitação, atravez de email, de um amigo sportinguista, sobre o desempenho dos três grandes na principal  Liga do futebol português, foi a "perda de toque" de reactivação do blogue, há muito esquecido.
Assim, e relativamente ao futebol, e sintetizando, penso que:

O FCP, pouco mudou a equipa relativamente à época passada, “apenas” saíram o treinador e o Falcão, do team super-vencedor.
O Vitor Pereira, embora mantendo a táctica, é um técnico que “lê mal o jogo”, e não são raras as vezes que não acerta nas substituições (por vezes parece o Carlos Queiroz) e no escalonamento da equipa.
Por outro lado, não sei onde o Pinto da Costa tinha a cabeça (provavelmente entre as pernas da brasileira), quando acreditou que o Kleber seria o substituto do Falcão. O Kleber, quando no Marítimo, pouco se tinha evidenciado, algumas vezes nem titular era, e em termos de golos marcados não justificava, quanto a mim, a transferência para o FCP.
Com um treinador "burro" e sem um “matador”, à altura, dificilmente repetiriam a época passada.

No Benfica, para além de se ter reforçado com elementos com alguma valia, está a beneficiar da perspicácia do Jorge Jesus. Culturalmente débil, foi suficientemente inteligente para abandonar a enraizada “táctica do losango” que, no primeiro ano tinha dado “frutos” mas que na época passada deixou muito a desejar, para introduzir algumas das novas aquisições que dificilmente “encaixavam” na táctica antiga (muito rígida).
A equipa está melhor, especialmente defensivamente, com o Artur a dar a tranquilidade que nunca existiu com o Roberto, mas pode ser traída pelo endeusamento e convencimento de que são favoritos, e a eliminação da Taça de Portugal quer dizer alguma coisa.
Para não falar do “banho de bola” que levou, no seu estádio, do Sporting.

O nosso Sporting recomenda-se. Finalmente, está a jogar como eu sempre preconizei e defendi.
Numa táctica 4x3x3, com dois extremos “colados às linhas”, com um único ponta-de-lança, com grande sentido de desmarcação, e com o triangulo do meio-campo a inverter os vértices consoante o adversário e o desenrolar do desafio. Foi pena aquele “tampão” do centro do terreno (Rinaudo) ter-se lesionado. Com ele, em campo, as aspirações seriam outras.
No entanto, acho que a defesa, especialmente na zona central, ainda não atingiu os índices de segurança tão necessários numa equipa que luta em todas as frentes, para vencer. O Rodriguez que tão regular foi no Sp. Braga, tarda em aparecer. O americano provoca-me arrepios, com a bola nos pés e embora sendo alto, possui um deficiente tempo de salto (como ficou demonstrado na Luz) que tem contribuído para que o Sporting já tenha sofrido cinco tentos em cantos e bola
parada. É um jogador sem “escola” e sem categoria.
Penso que, no defeso, os responsáveis pelas aquisições fizeram um bom papel. Escolheram a táctica que melhor se adapta ao futebol nacional (4x3x3). Contrataram o técnico que, habitualmente, utilizava essa táctica e compraram os futebolistas com características para implementar a táctica e estratégia previamente delineada.
Também foi importante a dispensa de alguns jogadores, dos tempos do Paulo Bento, que andava a “afunilar o jogo” e pouco produziam.

Não sei se fui explicito, mas foi uma opinião dada ao “correr da pena”.

Um abraço e saudações leoninas,
Luís de Sousa


domingo, 3 de abril de 2011

O Calimero

O professor Carlos Queiroz voltou a atacar. Com a comunicação social sempre pronta para branquear a sua imagem e incompetência, as lamentações regressaram e descobriram-se novos alvos, sempre responsáveis pelos seus insucessos ou má conduta. Criticou o primeiro-ministro, José Sócrates. Atacou o Secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias. Acusou o vice-presidente da FPF, Amândio de Carvalho. Responsabilizou Luis Horta, presidente da AdoP. Afrontou Scolari, ex-seleccionador nacional de futebol. Incriminou Onofre Costa, assessor da imprensa do Secretário de Estado. Hostilizou Pepe e Deco, jogadores por si seleccionados e associou doping com Liedson, depois de, em tempos, ter agredido Jorge Batista, assessor da imprensa da UEFA. Talvez estivesse na altura do professor Carlos Queiroz pegar numa equipa de futebol sénior e ganhar um título, mesmo que de II Liga. Também nós já estamos fartos da sua sonsice, das suas lamechices e da “conversa da chácha” que lhe têm permitido sobreviver “à pala” das indemnizações.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Situacionismo

O pedido de demissão do primeiro-ministro José Sócrates que, forçosamente, conduzirá à queda do executivo por ele chefiado e às consequentes eleições legislativas, assemelha-se em parte à situação, presentemente, vivida pelos associados do Sporting Clube de Portugal que, no próximo fim-de-semana irão a votos. Coincidência ou não, o certo é que o Sporting sempre pareceu um clube que, para o bem e para o mal, mostrou andar a par com os regimes políticos que têm governado (?) o País, nos últimos cem anos. De origem aristocrata, o clube de Alvalade, fundado em 1906 em plena monarquia, nasceu do ideal e do financiamento de um visconde. Durante os longos anos do Estado Novo foi presidido por indivíduos com afinidades ao antigo regime e onde, habitualmente, faziam parte do elenco directivo quadros oriundos da Legião Portuguesa ou com aproximação aos governantes de então. Após o 25 de Abril, e tal como o País, viveu a instabilidade do PREC e quase “caiu na rua”. Ano após ano as dificuldades foram surgindo, os êxitos começaram a ficar cada vez mais longe e os adeptos leoninos a verem os títulos a serem repartidos pelos principais rivais. Com o advento do século XXI, e mais uma vez com similaridades ao que aconteceu em Portugal nos anos pós-entrada na Comunidade Europeia, ganha novo folgo e um equilíbrio suportado num aparente desenvolvimento, financiado por terceiros, que conduzem à conquista de dois títulos nacionais de futebol. Mas a década não iria terminar sem que a crise económico-financeira, que se fez sentir a nível nacional, não visse reflexo no clube de Alvalade. Atingindo valores astronómicos de passivo, devido a ruinosas e megalómanas administrações, servidas por gestores encartados mas nada escrupulosos e com pouca propensão para a competência, o clube entrou em colapso economico e em recessão, em tudo comparável ao que acontece no País. Endividado às entidades bancárias, suportando juros elevados, exigidos pelos financiadores, dependendo da ajuda externa para fazer fase aos compromissos imediatos, com o espectro da falência ou bancarrota como pano de fundo e em período eleitoral originado, também, pelo abandono do presidente eleito, o clube e a Nação continuam em, preocupante, sintonia.