sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Oh! Dr. SOARES seja FRANCO


Nunca senti uma especial admiração pelas qualidades evidenciadas pelo professor Carlos Queiroz e tão elogiadas pela nossa comunicação social. No entanto, reconheço que, na entrevista concedida, nos dias que antecederam o confronto entre o Manchester United e o Sporting, o técnico manteve um discurso coerente e responsável.
Começou por referir que, respondia às questões no plano estritamente pessoal e quando questionado sobre o potencial de Miguel Veloso, confirmou a opinião generalizada sobre as virtudes e maturidade patenteadas pelo jovem jogador.
Até aqui tudo bem, e o Dr. Soares Franco deve ter gostado daquilo que ouviu.
Pior foi quando Carlos Queiroz manifestou, eventual, desinteresse pelo atleta ao informar que, para a posição do médio, o clube inglês possuía seis futebolistas e não pretendia desfazer-se de nenhum.
Aí, a desilusão foi total. Soares Franco não suportou que lhe estivessem a desvalorizar um “activo importante”, com o qual previa “arrecadar” já em Janeiro, embora tente “passar a imagem” do contrário, cerca de 30 milhões de euros, e “caiu o Carmo e a Trindade”.
Ripostou o professor, de forma deselegante, classificando a preferência do presidente do Sporting por “outras cores” que não o “verde”.
Talvez o Real Madrid consiga deitar “água na fervura”.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

«Está aí um bom grupo!»


Não se iludam os mais optimistas que, descortinaram uma campanha fácil, para a selecção portuguesa, na disputa do grupo de apuramento para o Mundial de Futebol a realizar na longínqua Africa do Sul, em 2010.
Disputar a fase preliminar, de um grupo constituído por seis selecções, onde só se apura, directamente, a primeira classificada e onde como parceira existe a Suécia que, por norma, é uma presença assídua nas fases finais dos europeus ou mundiais, não é cómodo.
Por outro lado, a inconstância da selecção dinamarquesa que, ao longo dos tempos, tem ciclicamente atingido períodos de protagonismo, devido ao aparecimento esporádico de algumas estrelas de primeira grandeza, não é garantia de seis pontos na tabela classificativa.
A Hungria será, presentemente, a maior desilusão da Europa do futebol. Com um passado futebolístico de “sonho”, tecnicamente foi do melhor que existiu, passa por um período de “travessia no deserto” que aproveitará, certamente, para uma renovação consistente e eficaz, aguardando pacientemente o despontar de jovens talentos. Espera-se que esses novos valores não se revelem, a curto prazo.
O passado recente, diz-nos que nunca será de menosprezar o valor da Albânia e de Malta, exigindo-se, nesses encontros, empenho e concentração.
Logicamente que, a selecção portuguesa, é mais uma vez a favorita do grupo, não só pelo potencial e categoria que os seus jogadores evidenciam, mas também pelo respeito e temor que impõe aos mais directos adversários.
As palavras do actual seleccionador, após o sorteio, ao classificar de “um bom grupo de apuramento”, trazem “água no bico”, pois tratasse de um indivíduo que se tem manifestado, por natureza, pessimista.
Como deverá abandonar o cargo no final do europeu, ironicamente, estará a reconhecer as dificuldades que irão surgir, afirmando, sub-repticiamente, que: Atrás de mim virá, quem bom de mim fará.
Dá que pensar.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Mais um "Socolari"


Lutar pelo apuramento, até ao minuto final do último jogo, quando à partida Portugal era considerado, unanimemente, como o principal favorito ao lugar cimeiro do grupo, no mínimo é dramático.
Uma selecção recheada de futebolistas pertencentes a equipas do “top europeu” onde disputam os campeonatos mais mediáticos do mundo, que não conseguem vencer a selecção da Polónia, Finlândia e Sérvia e, pior que isso, devem o apuramento aos pontos conquistados com os “minorcas do grupo”, no mínimo é caricato.
Evidentemente que Scolari, pelo cargo que ocupa, é, forçosamente, o principal responsável por um “feito” que, ao longo da fase de apuramento, lhe provocou um desgaste e instabilidade emocional, patenteados, em certas ocasiões, por ausência de “fair-play” e pelas atitudes lamentáveis, presenciadas no final do jogo com a Sérvia e na conferência de imprensa realizada, após a consumação do apuramento.
Contudo, ninguém lhe pode tirar o mérito de, com alguma angústia é certo, ter contribuído para a qualificação de uma selecção recheada de óptimos jogadores, mas onde se notam algumas lacunas importantes (ex.: carência de esquerdinos; ponta-de-lança-matador, etc.) e, principalmente, a falta de um “maestro” experiente, que paute o jogo da equipa.
De facto, desde o abandono de Rui Costa e Figo, que se nota, na selecção portuguesa, a falta de um “condutor de jogo” que, evidenciando experiência, tão necessária em momentos de pressão, possa transmitir tranquilidade e assuma a “cadência do jogo” de forma a tornar tudo muito mais fácil. Deco ainda não conseguiu ocupar este posto.
Os meses que se aproximam são deveras importantes para o desempenho de Portugal, no próximo europeu. É uma fase de jogos amigáveis, não só de descompressão para o próprio seleccionador, mas também de granjeio de estabilidade para os futebolistas.
Por outro lado, as anteriores atitudes de Scolari embora condenáveis são, em parte, justificáveis, não só pelo desespero em que viveu, durante meses, ao ver, continuamente, o apuramento adiado, mas principalmente por se tratar de um individuo do “tipo emotivo”, sanguíneo, com a latinidade à flor da pele e que luta pela sua causa até às últimas consequências.
Vamos ter calma que, na fase final do europeu, as exibições e os resultados vão aparecer com naturalidade e, provavelmente, com a consagração de Pepe e de Ricardo Carvalho, formando a melhor dupla de centrais do torneio.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

O "LOSANGO" de Paulo Bento


Sempre nutri uma certa admiração pelo Paulo Bento-futebolista, desde os tempos em que sob a orientação técnica de João Alves, dava os primeiros passos, como profissional, no Estrela da Amadora.
Centro-campista, forte fisicamente, bom sentido de marcação e disciplina táctica, evidenciando uma constância competitiva acima da média, não lhe faltavam atributos e empenho que fizeram dele um “líder”, dentro e fora do campo. Na gíria, o que se apelida de um “profissionalão”.
Após passagem pela cidade berço, não surpreendeu o interesse manifestado, pelo Benfica, ao contratar um futebolista de inegáveis recursos e tamanho potencial.
Abandonaria, mais tarde, o clube do seu coração e, romaria a Oviedo, onde consolidou uma carreira, a todos os títulos, brilhante. Em 2000, abandonou o competitivo futebol espanhol e regressou ao futebol português, pelas portas de Alvalade, aonde, já trintão, mostraria estar na plenitude das suas capacidades físicas e técnicas.
Terminada a carreira, e após breve passagem, como treinador dos juniores leoninos, é convidado pela Administração da SAD a assumir a liderança técnica da equipa principal, de futebol do Sporting.
No desempenho das novas tarefas, depressa tentou impor um esquema táctico baseado num 4-4-2, com quatro médios-centro, a formarem o famoso “losango”. Acusado, por muitos, por “afunilar o jogo”, e prescindir de médios-ala de raiz, este sistema táctico, não proporciona espectáculos muito agradáveis, sendo, inclusive, apontado como um dos principais responsáveis pelo afastamento de adeptos dos estádios.

Famigerada táctica, não é recente e pouco se tem modificado ao longo dos tempos, tendo, em alguns períodos, sido adoptada, por José Mourinho, quando das suas passagens por Leiria e Porto.
Contudo, Mourinho, mais exactamente, ao serviço do FC Porto, possuía um plantel que lhe possibilitou aplicar a “táctica do losango”, com relativa eficácia, pois dispunha de dois laterais (Paulo Ferreira e Nuno Valente) que subiam com facilidade à área contrária onde, com assistências mortíferas, construíam “meio-golo”. Por outro lado, o quarteto do meio-campo era constituído por jogadores polivalentes que “balanceavam” o jogo, com mestria, e “caíam” com a propósito nas alas, nomeadamente, Maniche, Aleinichev e o próprio Deco.
No caso actual, do futebol leonino, Paulo Bento, por obsessão ou teimosia, tem adoptado quase sempre a “táctica do losango”, tendo inclusive, moldado e preparado o plantel leonino de forma a jogar, quase que, exclusivamente, naquele sistema, impossibilitando o recurso a alternativas tácticas que compreendam a utilização de extremos ou médio-alas.
De facto, ter um plantel formado à base de médios-centro, onde só Vukcevic possui características que se assemelham às de um médio-ala-esquerdo, condiciona e “condena” futebolistas, como João Moutinho, Adrien (já deveria ter sido lançado), Romagnoli, Pereirinha, Izmailov ou Farnerud, a terem de se adaptar a jogar em posições pouco habituais, nas faixas laterais, originando um “defict” de rendimento e abaixamentos de forma, inesperados, fruto de uma inadaptação ao lugar, para o qual não se sentem vocacionados.
Torna-se, por demais evidente a ausência, no grupo de trabalho, de jogadores com as qualidades e aptidões técnicas para jogar nos flancos e que, ao longo da época, poderiam ser muito úteis como recurso ou opção, num plano táctico alternativo ao modelo-base, tendo em vista tornar o futebol leonino mais eficaz, espectacular e concretizador.
Embora os defensores e seguidores do “losango” continuem a afirmar que, o mais importante não é a táctica mas sim a dinâmica, a estratégia, a atitude dos futebolistas perante a interpretação do esquema a utilizar, o certo é que o futebol praticado pelo Sporting, encontra-se, presentemente, muito condicionado, com uma rigidez táctica inadmissível, situando-se, em termos exibicionais, muito aquém do exigível.
Por outro lado, o “losango” pressupõe a existência de um duo atacante cujas principais características deverão privilegiar, um elevado grau de deambulação, a rapidez de execução e o remate fácil.
É certo que, a lesão de Derlei veio dificultar bastante a implementação do “losango leonino”, uma vez que, tanto Purovic como Yannick, não têm evidenciado o poder concretizador que a equipa necessita, nem tão pouco têm justificado ser o complemento de Liedson.
Quem conhece as características técnicas e a forma de jogar de Liedson facilmente se apercebe que, estamos em presença de um futebolista que pouco se “incomoda” se ficar sozinho na frente de ataque, de preferência assistido por dois flanqueadores, que criem os espaços necessários, na defensiva adversária, por onde o brasileiro possa movimentar-se e visar a baliza contrária.
Paulo Bento ao colocar outro ponta-de-lança, perto do “levezinho”, não está só a encurtar o espaço de manobra do brasileiro, como também “a chamar” a presença de outros defensores à zona central que, forçosamente, irão dificultar a tarefa do goleador.
Sabendo-se que, nos jogos já realizados, o “losango” tem sido opção inicial, não tendo correspondido, em termos de resultados, ao que dele se esperava, uma vez as vitórias só têm, por norma, aparecido quando o treinador, já em situação de desespero, “tira” defesas e “mete” avançados e vice-versa, desmembrando a equipa e retirando-lhe “rotinas de jogo”, torna-se, por demais evidente que, dificilmente, o “losango” ajudará a equipa de futebol do Sporting a atingir os êxitos desejados.

Complementarmente, refira-se que, o Benfica de Fernando Santos, padecia do mesmo mal. Já no início da época passada o técnico tentou impor a “táctica do losango”, mas a chegada de Simão, após lesão, obrigou-o a “arrepiar caminho”. Como a titularidade de Simão na equipa era inquestionável, Fernando Santos, bem tentava colocá-lo no “vértice do losango”, atrás do ponta-de-lança, mas a situação nunca resultou. O jogador sempre “rendeu” mais nas alas, numa opção táctica de 4-3-3. No centro do terreno, o seu desempenho perdia protagonismo e eficácia, levando-o a praticar um futebol inconsequente e desgarrado, acabando “perdido no campo”.
No início desta época tudo apontava para que a situação se repetisse, mas a saída de Simão para Espanha veio “simplificar” um pouco as coisas, ao treinador. No dia em que Simão abandonou o Benfica, Fernando Santos, pôde finalmente respirar de alívio, uma vez que as “portas” para impor o seu “doentio losango” se abriam de par em par. Mas, por ironia do destino ou falta de visão técnica, seria essa mesma táctica que, originaria o seu afastamento, pois os resultados não apareciam e, mais preocupante do que isso, as perspectivas de êxito eram diminutas.

Difícil de prever foi a contratação de Jesualdo Ferreira, como técnico do FC Porto, pois tratava-se de um treinador com um longo passado ao serviço das selecções jovens, mas com um “curriculum” pouco recheado de resultados positivos, ao nível das provas nacionais. Mas, de forma perspicaz, como é seu hábito, Pinto da Costa, inesperadamente, contrata um técnico que, como opção prioritária não utiliza a táctica do “losango” mas, preferencialmente, o 4-3-3 que tão bons resultados lhe proporcionaram, em Braga. Com tão astuta decisão, Pinto da Costa estava à partida, não só, a afastar erros tácticos verificados num passado recente, e que conduziram a equipa ao afastamento das grandes conquistas, mas, principalmente, a criar condições para a prática de um jogo flanqueado, que privilegie as potencialidades de Ricardo Quaresma.