quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Calmex!

Eh, pá!
O homem mal acabou de chegar e está a tentar a aplicar o 4-3-3, na variante 4-2-3-1, táctica que mais se adapta ao futebol português. Na ausência de flanqueadores e de médios-ala, tem efectuado as adaptações mais aconselháveis. O plantel existente, para além de não permitir grandes soluções está “viciado” e vocacionado para a utilização do “losango”, que poucos resultados conseguiu.
Também, a instabilidade emocional que se apoderou dos centro-campistas, designadamente, de João Moutinho e de Miguel Veloso, tem impedido que o jogo ganhe fluidez e a profundidade necessária para “descobrir” os caminhos do golo.
Por outro lado, a urgente necessidade de preenchimento dos lugares nos flancos, obrigou Carlos Carvalhal a utilizar, prematuramente, Izmailov, regressado de longa paragem, por motivo de lesão. O empenho do russo não esconde a sua falta de preparação, mas o tempo, os treinos e os jogos, irão melhorar os seus índices de produtividade e torná-lo num titular indiscutível.
As baixas prestações evidenciadas por Vukcevic têm sido justificadas pela falta de “rodagem”, face às lesões que o têm apoquentado, no entanto, a fogosidade que o caracteriza poderá estar a ocultar alguma falta de potencial, indispensável para representar um clube com as aspirações do Sporting.
Com exibições pouco convincentes e com os índices de autoconfiança abaixo do exigido, Anderson Polga tem sido dos futebolistas mais afectados pelo ambiente que se vive no futebol leonino. Igualmente a campanha, “alimentada” pelos “mass media” que, normalmente, responsabilizam o antigo campeão do mundo pelos falhanços defensivos, tem gerado instabilidade e criado dificuldades na desejada recuperação.
Ainda que as qualidades patenteadas por Rui Patrício possam vir a fazer dele o “futuro keeper” do futebol português, presentemente, denota algumas insuficiências, justificáveis pela sua juventude, e alguma imaturidade que tem sido responsável por alguns pontos perdidos pelo clube que defende. Um Sporting com aspirações não poderá estar continuamente a “fazer futebolistas”, oriundos das suas camadas jovens e, simultaneamente, a lutar pelos lugares cimeiros nas competições onde está inserido.
Possivelmente, enquadravam-se na perfeição no “sistema táctico” que Paulo Bento tentou implementar, mas futebolistas com as limitações técnicas evidenciadas por Pedro Silva, Caneira, Grimi, Caicedo, Angulo ou Matias Fernandez, ou foram erros de “casting” ou denunciam grande falta de perspicácia por parte de quem os aconselhou, principalmente, quando se rejeitam opções como Silvestre Varela, Derlei, Rochemback, André Santos, Alonso ou Hugo Viana.
E só faltava o “senhor” Liedson para responsabilizar a estratégia, escolhida pelo novo técnico, pela sua falta de concretização, sabendo-se que, com o anterior “esquema” também não “facturava”, desde Setembro. Aos 32 anos os golos não “fogem” por mero acaso. A atitude de “pedir” para não jogar, em virtude de não se encontrar em forma, parece reavivar estratagemas utilizados em tempos não muito distantes, quando “se fazia” aos cartões amarelos para não disputar encontros importantes do clube e, assim, mostrar aos adeptos a falta que fazia à equipa. Provavelmente prepara-se para, mais uma vez, tentar não cumprir o prazo concedido para o regresso das férias natalícias, no Brasil. Ou será que já está a “encolher-se” para aparecer folgado na Africa do Sul?
Há que ter esperança, recuperar os índices de confiança e, em Janeiro, equilibrar as “tropas”.

domingo, 29 de novembro de 2009

Futebolices XIX

No final do “derby” da capital e após ter empatado (0-0) em Alvalade, o treinador do Benfica Jorge Jesus foi lesto em afirmar: «Resultado é melhor para nós, Sporting está fora do título».
De facto, Jesus tem razão quando classifica de um bom resultado o empate no campo do principal rival, contudo era previsível o equilíbrio de forças e a dificuldade que o Sporting iria sentir em “chegar” ao golo. A ausência forçada de Luisão foi trunfo importante para os benfiquistas que, assim, não passaram pela humilhação de ver Liedson, mais uma vez, “fazer gato-sapato” do seu compatriota e concretizar com relativa facilidade.
Já a segunda parte da frase não encerra a mesma carga de certeza, uma vez que, o Sporting não está tão fora da corrida para a disputa do título nacional como o Benfica de vencer a Taça Portugal, depois do V. Guimarães lhe “ter feito a folha” (0-1), na sua própria casa.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

2º Aniversário

Com uma temática extremamente restritiva e dedicada, exclusivamente, ao fenómeno futebolístico, faz hoje dois anos que, neste blogue, foi publicado o primeiro “post”.
Funcionando como “hobby”, para o autor dos textos, e continuando a atrair os habituais visitantes, existe a promessa que, no futuro, os comentários e reflexões manter-se-ão em torno do futebol.
Com uma frequência, aproximada, de dois mil visitantes/ano poderá parecer uma média baixa, mas atendendo à diminuta publicitação e à forma como foi direccionado o blogue, apenas divulgado entre amigos e conhecidos, o propósito está a ser plenamente conseguido.
Talvez por deformação clubista, os temas abordados têm sido um pouco repetitivos, privilegiando-se as incidências e os assuntos relacionados com o clube ao qual o autor se encontra vinculado afectivamente.
Também o seleccionar nacional de futebol não tem sido poupado e, provavelmente, massacrado excessivamente. Mas a sua aptidão para o lugar que desempenha, também não é muita.
O responsável pelo blogue, com algum atrevimento e talvez com pouco sentido das limitações, sabendo que é do agrado de quem lê, tem teorizado sobre alguns princípios técnico-tácticos do futebol, sempre na perspectiva de acrescentar algo de didáctico e proveitoso.
Por fim uma palavra de agradecimento a todos aqueles anónimos (os comentários não aparecem) que têm tido a paciência de visitar e de ler alguns dos longos textos publicados que, com a sua atitude, continuam a dar força e a manter viva “a chama que alimenta este espaço”, o qual pretende afirmar-se pela isenção e frontalidade nos temas focados.

domingo, 15 de novembro de 2009

Futebolices XVIII

Todos sabemos que o futebol português é fértil em originalidades.
Mas é difícil de encontrar justificação para o risco que o Sporting iria assumir, numa altura tão conturbada, ao contratar o jovem André Villas-Boas, como técnico principal da sua equipa de futebol.
Treinador à pouco mais de um mês, o seu palmarés está limitado à colaboração com José Mourinho na observação e avaliação das equipas adversárias.
Concluído o curso de treinador de futebol de 4º nível, na Escócia, Villas-Boas nada mostrou. Pelos vistos “viver” na envolvente do "special one" é “meio caminho andado” para se ter uma “grande saída”, como técnico futebol.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Abandono com tranquilidade

O elevado profissionalismo, o carácter, a coerência e a frontalidade não são predicados suficientes para se conseguir êxito no futebol. Não sendo menos competentes, rigorosos e exigentes que Paulo Bento, os ex-técnicos leoninos como Fernando Vaz, Mário Lino, Rodrigues Dias, Fernando Mendes ou Augusto Inácio também viram os seus contratos interrompidos, devido à sentença dos resultados, mesmo depois de terem conseguido o título nacional.
Contrariamente ao que aconteceu com aqueles vitoriosos técnicos, Paulo Bento pode-se considerar um privilegiado pois chegou ao comando técnico da principal equipa de futebol, de um clube com a grandeza e aspirações do Sporting, pela mão do então presidente Soares Franco, sem experiência, sem a maturidade necessária para o lugar e com um curriculum quase nulo (treinou uma época a equipa de juniores).
Consciente da ausência de traquejo e evidenciando os naturais complexos de afirmação, não descansou enquanto não afastou os capitães Beto e Sá Pinto, tendo utilizado conflitos pontuais, provavelmente evitáveis, com Liedson, Vuckevic, Polga, Stojkovic e Miguel Veloso, para se continuar a impor, no grupo de trabalho.
Também não foi inteligente na forma e no estilo de discurso escolhido para manifestar o descontentamento em relação às arbitragens, originando polémicas e deteriorando a sua própria imagem e a do clube que servia.
Usando de um autoritarismo exagerado e transparecendo um “ar”, quase sempre, amargo e sisudo, a imagem de liderança que tentou “passar” terá dificultado a união com o grupo de trabalho aumentando, perigosamente, o distanciamento entre a equipa e o técnico.
As quatro taças que conquistou (duas Taças de Portugal e duas Supertaças), em quatro épocas, não ofuscaram a ausência do principal titulo nacional (Liga) nem fizeram esquecer as goleadas verificadas nas competições europeias.
Embora louvável o lançamento de futebolistas, formados nas camadas jovens do clube, o reinado de Paulo Bento fica marcado pela ideia de que não procedeu a uma gestão adequada do grupo de futebolistas ao seu dispor, permitindo pensar que a motivação e o esforço para a realização de objectivos, são deveras influenciados por uma gestão desadequada ao fim que se pretende atingir.
Sabendo-se que, “pecare”, em latim, significa, nem mais nem menos, que “errar”, não é difícil identificar alguns dos principais pecados, do ex-treinador do futebol do Sporting e compreender o motivo pelo qual o clube de Alvalade, nas últimas temporadas, tem estado afastado dos principais títulos, com as nefastas consequências que se conhecem.
Um pequeno exercício de reflexão, permite identificar algumas das causas que levaram ao desempenho desadequado do ex-técnico:
- Quatro épocas em Alvalade, em que a qualidade de jogo praticado não convenciam, os mais optimistas. Raramente se presenciava uma jogada com princípio, meio e fim;
- A rotatividade na constituição das equipas não transmitia a confiança necessária aos futebolistas e prejudicava a mecanização do futebol praticado;
- Alterações constantes das posições dos jogadores que, durante um jogo, tinham que desempenhar várias funções;
- Doentia aposta numa rigidez táctica e num fastidioso “losango”, servido por futebolistas com características pouco adaptáveis ao “sistema” e que não deu os resultados esperados;
- Plantel formatado para um único plano de acção (táctica do losango), não permitindo alternativas nem a consolidação de um plano B. Vai ser a grande “dor de cabeça” do futuro treinador;
- Incompreensível a recomendação para o recrutamento de futebolistas (Rochemback e Postiga), cujas qualidades não se “encaixavam” no “seu losango”;
- Amuos e birras que tinham como principal objectivo a criação de anticorpos que, provavelmente, serviram para ofuscar as suas incapacidades e os resultados menos favoráveis;
- Aconselhamento/consentimento nas aquisições de Caicedo, Ângulo, Caneira, Pedro Silva para não referenciar Bueno, Ronny, Gladstone, Marian Had, Farnerud, Romagnoli, Celsinho, Purovic, e Rodrigo Tiuí.
- Apostou na formação que o acompanhou dos juniores. Na época 2008/2009 o Sporting também foi campeão nacional júnior e Paulo Bento não foi expedido a aproveitar qualquer elemento, tendo “mandado” os campeões "rodar" no Real de Massamá.
O orçamento e a qualidade da equipa não podem ser o bode expiatório dos maus resultados, sabendo-se que, o Sporting se encontra, na tabela classificativa, atrás de clubes com orçamentos muito mais limitados, com a vantagem de possuir um plantel constituído por futebolistas na sua maioria internacionais.
A frontalidade de Paulo Bento levou-o a confessar que esteve quatro meses a mais no Sporting. De facto, só Bettencourt não se apercebeu que o tempo de Paulo Bento se tinha esgotado, no final da época passada.
Também não se entende a atitude de alguns “notáveis” que continuam a afirmar que Paulo Bento não era o problema mas a solução, quando a equipa se encontrava quase a meio da tabela, exibindo um futebol lastimável.
Espera-se que, com José Eduardo Bettencourt, o Sporting não se esteja a “Belenizar” mas a “Atléticanizar-se”, como o simpático clube de Alcântara que, actualmente, disputa a II Divisão nacional.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O "losango" segundo Jesus

As leis que regem o futebol estabelecem que o jogo é praticado por onze jogadores de cada lado e que um deles, chamado de guarda-redes e equipado de maneira diferente, goza da prerrogativa especial de poder jogar com as mãos, dentro da grande-área. As mesmas leis nada referem relativamente ao posicionamento dos jogadores no terreno de jogo, à existência de defesas, médios ou avançados, nem ao modo como se joga, pelo chão ou pelo ar, em passe curto ou em passe longo, nem às movimentações defensivas ou ofensivas.
Não é possível passar ao lado da evolução estratégica do futebol, sem abordar o seu elemento fundamental: a colocação dos jogadores no terreno de jogo. Progressivamente, “arrumar” os futebolistas provocou o desaparecimento do jogo instintivo e desconexo e fortaleceu o entendimento entre os seus elementos desenvolvendo o espírito de equipa.
Ao longo dos anos, e fruto da imaginação e experiência dos técnicos do futebol, foram sido criadas as tácticas e surgiram os “sistemas de jogo”, ajustados tanto às características dos futebolistas que compõem a equipa como às características do adversário que defrontam.
Pode dar-se liberdade e valorizar as iniciativas individuais dos futebolistas, mas a estratégia e a forma como os jogadores se combinam e associam e participam no trabalho de conjunto tem de existir em todas as equipas, sob pena de o futebol praticado se transformar numa anarquia de esforços descontrolados, de pontapé para a frente e de correrias desenfreadas. Sem técnica, nem táctica de jogo, sem princípios reguladores da utilização dos futebolistas, na manobra defesa-ataque, não podem existir grandes espectáculos e dificilmente se “chegará” ao golo.
Assim, não é de estranhar que, as “linhas-mestras”, que suportam a formação e estruturação de uma equipa de futebol, minimamente competitiva, assentem na escolha táctica, na estratégia e, logicamente, na qualidade dos futebolistas que a compõem.
Muitos técnicos portugueses, onde se incluem os treinadores dos dois principais rivais da capital, Paulo Bento e Jorge Jesus, fazem da utilização do 4-4-2, em losango, constituído por quatro centro-campistas colocados nos vértices de um losango imaginário, que avança e recua à medida que surgem adversários, o “modelo táctico” predilecto e a almejada chave para alcançar êxitos.
Como só por si, a escolha da “táctica do losango” não é, sinónimo de sucesso, a presente época na Liga tem mostrado como o Sporting e o Benfica conseguem resultados tão díspares, que os têm afastado na tabela classificativa.
O treinador Jorge Jesus pode evidenciar algumas lacunas, em termos comportamentais e/ou nível do trato pessoal, mas denota uma perspicácia fora do comum na aplicação do “célebre losango”. As provas dadas no Sp. Braga, na última temporada, estão a ser confirmadas no Benfica actual, ao invés do que acontece com o seu homologo, no clube de Alvalade.
Numa táctica tão exigente como a escolhida, os médios não poderão estar somente limitados a desempenhar o papel de ligação entre os defesas e os homens mais avançados terão, forçadamente, de ser os principais responsáveis pela introdução da dinâmica, profundidade e flanqueamento do jogo da equipa.
À semelhança do que aconteceu no Sp. Braga, na época transacta, onde os vértices laterais do losango eram desempenhados por dois elementos com as características de flanqueadores (Alan e César Peixoto), Jorge Jesus conseguiu transportar para o clube da Luz a mesma filosofia e interpretação táctica, servindo-se com mestria da elevada cultura e disciplina de Ramires e das qualidades galvanizadoras do extremo-puro, que é Di Maria.
Contrariamente aquilo que se passa no clube encarnado e após quatro época a implementar o mesmo sistema de jogo, Paulo Bento, por teimosia ou inexperiência ainda não conseguiu entender que João Moutinho no vértice direito do losango e Vukcevic no vértice do lado oposto, não conseguem imprimir ao futebol do Sporting a dinâmica ofensiva e vivacidade requeridas por um futebol com aspirações. De facto, João Moutinho e Vukcevic, vocacionados para jogar mais como médios-centro dificilmente poderão interpretar o papel de “alas”, de forma a alargar a frente de ataque e libertar os ponta-de-lança das marcações cerradas a que estão sujeitos, de forma a tornar o futebol leonino mais eficaz e produtivo.
Face ao exposto, poder-se-á concluir que, não deverá ser a táctica a impor-se aos jogadores mas o inverso, tornando-se primordial escolher um sistema e um plano estratégico de jogo adaptados às qualidades dominantes dos principais elementos que constituem a equipa. O mesmo sistema táctico, que “fabricou” uma grande equipa, pode, com efeito fracassar se for servido por outros intérpretes.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O Sofisma

O baixo vencimento auferido por Paulo Bento tem sido um dos principiais argumentos utilizado, sub-repticiamente, pela Administração da SAD leonina e pelos poucos apoiantes que defendem a presença do treinador, à frente dos destinos do futebol do Sporting. Se acrescentarmos a este facto, o tão apregoado e limitado “orçamento leonino”, encontram-se, teoricamente, reunidas as condições para a manutenção do “Paulo Bento forever” e, logicamente, inviabilizada a possibilidade de contratação de um técnico experiente e categorizado.
Contudo, e segundo os jornais da especialidade, ficámos a saber que, mesmo “diminuto” o ordenado de Paulo Bento consegue superar bastante o salário de Jorge Jesus, como técnico do rival Benfica, que só verá os seus proventos aumentos, através de prémio adicional, se vencer a Liga.
De facto, estamos na presença de mais uma falácia fomentada por dirigentes que, para além de empregarem algum do seu tempo na auto promoção, servem-se do “baixo orçamento” e das poucas disponibilidades financeiras para justificar uma gestão ruinosa, em termos desportivos, mas não impeditiva de conceder prémios de desempenho a uma equipa técnica, com remunerações acima da média, que na última época nada venceu.
Por outro lado, e contraditoriamente à situação de pouca abastança em que o clube vive, a Administração prossegue a sua politica de contratação de futebolistas ao futebol inglês (Caicedo), italiano (Grimi) e espanhol (Ângulo e Matais Fenandez) engrossando os encargos salariais, quase sempre, não correspondidos devido à duvidosa categoria futebolística patenteada por tais elementos.
Os “brilhantes gestores” que se encontram, presentemente, à frente dos destinos do Sporting ao escudarem-se, continuamente, no “baixo orçamento” para além de se desresponsabilizarem de uma gestão convincente, estão a “branquear” os maus resultados da equipa de futebol, colocando em segundo plano a incompetência e a inexperiência reveladas por Paulo Bento.
Os dirigentes leoninos, numa atitude só justificada para ocultação da inépcia e incapacidade, têm, sistematicamente, se servido da argúcia para iludir adeptos, encobrindo o treinador do futebol e desvalorizando um plantel formado por jovens talentosos e internacionais experientes, que o único “pecado” que cometeram foi a inadaptação a um modelo de jogo, gasto por quatro temporadas, onde as ideias do técnico não foram além de um fastidioso “losango”.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Património Nacional?



Sempre ouvi dizer que uma mentira repetida vezes sem conta, pode vir a transformar-se numa “verdade absoluta”.
A “revolução dos cravos”, saída do 25 de Abril de 1974, trouxe para a “ribalta” alguns “cristãos novos” que utilizaram o “progressismo” para ganhar posições de relevo, numa sociedade que dava os primeiros passos democráticos ou, pior ainda, com o objectivo de ocultar passados pouco abonatórios.
O desporto não podia fugir à regra e, não foram poucos os “democratas” que o utilizaram como “trampolim” e contraponto ao regime deposto.
Futebolisticamente falando, Eusébio foi um predestinado e, justamente, classificado como um dos melhores jogadores da sua geração, ao nível de Pelé, Di Stefano, Cruyff ou Garrincha.
Terminada a sua brilhante carreira de futebolista, e à semelhança do que acontece com outros antigos desportistas, da nossa praça, Eusébio começou a ser solicitado e a marcar presença em debates, mesas redondas, painéis de opinião ou simples programas televisivos de divertimento, que versavam temas relacionados com a sua passada actividade.
Nesta nova tarefa, o “nosso” Eusébio nunca mostrou a mesma aptidão como a que tinha com a bola nos pés e, às vezes, o desconforto era tão grande que acabava por “meter os pés pelas mãos”, coisa que nunca aconteceu em campo. Logicamente que, a responsabilidade não era exclusiva da antiga vedeta mas, principalmente, de quem fazia o convite.
Ocasiões houve, onde sobrava assunto mas faltavam as palavras e, onde a única forma de se esquivar era abordar um tema recorrente, mas muito do agrado dos “novos situacionistas”, e referia: «Após o Mundial 66, tive convites para jogar em Itália mas o Dr. Salazar, pessoalmente, comunicou-me que eu era considerado “património nacional” e que não me autorizava a abandonar o País».
Uma frase com esta “carga” cai sempre bem a quem a ouve e a quem a profere.
No entanto, não existe referência que Eusébio e Salazar se tenham “cruzado” para além da recepção que o então Presidente do Conselho concedeu, em homenagem aos “magriços”, que tão brilhantemente representaram o futebol português, no mundial realizado em Inglaterra. Também não há memória, nem testemunhas de que, posteriormente, Eusébio e Salazar se tenham encontrado e trocado qualquer palavra.
Na recepção realizada, no Palácio de S. Bento, com a presença dos jogadores e dirigentes federativos, também não existem testemunhos de o Presidente do Conselho tenha abordado o tema “património nacional” que, para além de descabido não teria, à época, qualquer sentido, atendendo a que a proposta da Juventus de Itália só aconteceu meses depois. O próprio Eng.º Armando Rocha, então Director Geral dos Desportos, que na cerimónia protocolar desempenhou a missão de apresentar os futebolistas, confirmou que não foi Eusébio que mereceu um tratamento prolongado, mas sim Vicente com quem Salazar teve uma demorada troca de impressões, uma vez que o jogador belenenses tinha regressado de Londres com o pulso partido.
Por outro lado, não se pode negar que, o “grande Eusébio” após a sua brilhante participação no mundial de futebol, realizado em Inglaterra em 1966, tenha recebido aliciante convite da “vecchia signora” e, inclusive, se deslocado a Itália com a mulher, Flora, afim de se inteirar da realidade da sociedade transalpina e, eventualmente, assinar o respectivo contrato com o clube italiano. Só que o imprevisto aconteceu e, em face da desastrosa participação da “squadra azzurra” no citado mundial de futebol, onde foi eliminada, na fase de grupos, depois de ter perdido com a URSS e a Coreia do Norte, a federação italiana decidiu cancelar a entrada de jogadores estrangeiro no seu futebol, tendo como objectivo fomentar o aparecimento de jovens talentos locais.
Assim, Eusébio e qualquer outro futebolista estrangeiro viram-se impedidos de emigrar para o futebol italiano, durante algumas épocas, no caso português, para gáudio dos benfiquistas.
A confusão patenteada por Eusébio não se limita à celebre frase atribuída a Salazar, também afirmou que o trajecto entre Liverpool e Londres, que antecedeu o jogo da meia-final com a Inglaterra, em Wembley, teria sido efectuado num velho e desconfortável autocarro, quando na realidade, o percurso se realizou em comboio tendo, somente, sido requerido um autocarro para o transbordo entre a estação de caminho-de-ferro e o hotel londrino.
O “politicamente correcto" boato, criado pela natural perturbação que existe numa mente, provavelmente, afectada pelos diversos impactos do esférico, embora não tendo qualquer consistência irá perdurar e continuará a branquear a história, tornando-se, como todos os outros boatos, mais perigoso que um Decreto-Lei, uma vez que o boato é sempre para “cumprir” e o D.L. poderá ser ou não.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O Hulk vai nu!

Era uma vez um rei muito vaidoso que gostava de andar bem vestido. Um dia, dois alfaiates intrujões convenceram-no de que tinham um tecido, de muito boa qualidade, que só os tolos não eram capazes de o ver. Com o objectivo de distinguir entre as pessoas inteligentes e as idiotas, que frequentavam a sua corte, o rei logo solicitou um fato com o novo tecido.
Algumas semanas depois, os dois aldrabões apresentaram ao rei o novo fato fazendo de conta que o estavam a vestir e com exclamações elogiosas à nova vestimenta. Este não via nada da nova roupa, mas como não queria passar por parvo, respondeu que era muito bela, tal como aconteceu com os restantes membros da corte que, também acharam o fato uma verdadeira maravilha.
Um dia o rei resolveu sair à rua para mostrar ao povo o novo vestuário e como ninguém queria passar por trouxa, só recebia elogios pelas novas vestes até que, a certa altura, uma criança com toda a sua inocência gritou: - Olha, olha! O rei vai nu!
Foi um espanto! Gargalhada geral. Só então o rei compreendeu que fora enganado.

Analogias com este conto tradicional português são por demais evidentes quando se trata de avaliar e potenciar as qualidades futebolísticas do avançado brasileiro do FC Porto, Givanildo Vieira de Souza, mais conhecido por Hulk.
Tal como no clássico conto, são variadas as vozes que se erguem em elogiosos atributos, numa “corte” reunida em painéis desportivos, constituída por pseudo-comentadores, mais conhecidos por “paineleiros”, e onde se perfilam opiniões coincidentes.
Também os jornais da especialidade, numa unanimidade pouco saudável, classificam o futebolista como um verdadeiro fora-de-série, apontando-o, inclusive, a médio prazo, como um sério candidato a melhor jogador do planeta.
Provavelmente, ou estão a “tomar a nuvem por Juno”, ou tal como no conto, a “ver” alguma coisa que, por enquanto, não existe.
De facto, parece estarmos na presença de um futebolista que, embora ainda jovem e com considerável margem de progressão à sua frente, já evidencia algum potencial, mas que ainda se encontra numa fase de formação e de “crescimento futebolístico”, necessitando de algumas correcções a naturais deficiências e “imperfeições”, tendo em vista o aperfeiçoamento das suas capacidades.
Explosivo e fisicamente poderoso, mas ainda ingénuo e individualista, os adversários servem-se dessas características para o “travar”. As manifestações de evidente descontrolo emocional, em reacção às faltas que sobre ele são cometidas, as queixas insistentes e os excessos verbais, junto dos árbitros, reflectem-se no seu rendimento em campo. Também, o exagerado egoísmo que vem denotando condiciona e impede-o de tornar-se num jogador de equipa que, logicamente, sofreria menos faltas e marcaria mais golos.
Jesualdo Ferreira ao afirmar que pretende “fazer” de Hulk um goleador, colocando-o na posição 9, para além de estar a limitar o espaço de acção do próprio futebolista, estará a prescindir, à partida, de um avançado-centro tradicional, candidato natural à Bola de Prata. Por outro lado, ao fazer descair Hulk para uma das alas, o técnico está a introduzir um “corpo estranho” na estratégia, adulterando um 4-3-3 que tão bons resultados têm proporcionado ao clube do Dragão, e que “vive” de dois alas-clássicos. A prestação do jogador poderá, eventualmente, ser melhorada se escolhida a táctica 4-2-2, com o jogador na posição de segundo ponta-de-lança, a “vir de trás para a frente”, servindo-se do seu forte poder de arranque e da invejável potência de remate, com o pé esquerdo.
Como ninguém gosta de ser enganado, como o rei do famigerado conto tradicional, dever-se-ia reflectir e analisar o motivo pelo qual, em tão mediático “mundo do futebol”, um futebolista com tantas qualidades, que debutou na segunda Liga japonesa, não ter merecido um efectivo interesse, por parte dos principais clubes europeus e somente os “olheiros” ao serviço dos portistas lhe tenham reconhecido qualidades, fora do comum.
Para bem do futebolista, não se deveria exigir demasiado do seu rendimento, com descabidas lisonjas que poderão condicionar a sua evolução, reconhecendo que Hulk é ainda um jovem jogador “por lapidar” que, pelas potencialidades e irreverência que evidencia, poderá aspirar aos mais “altos voos”.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Futebolices XVII

O tempo ainda é um bom conselheiro. Que o digam os poucos associados benfiquistas que votaram, nas últimas eleições, no candidato nortenho da TvCabo. De facto, se Bruno Carvalho tem vencido as eleições do clube da Luz a sua primeira escolha, para técnico da equipa de futebol, teria sido Carlos Azenha. Técnico “chicoteado” à 4ª jornada, pelos péssimos resultados conseguidos no V. Setúbal.
Por outro lado, Jorge Jesus, segundo afirmações, em tempo, de António Salvador, presidente do Sp. Braga, foi o principal responsável pela má campanha do seu clube, na Liga Europa, uma vez que planificou de forma deficiente a época que decorre, bem como a programação das datas de realização dos encontros de preparação, a realizar pelo “Arsenal do Minho”.
Pelos vistos, e fazendo fé nas palavras do presidente do clube minhoto, o primeiro lugar que neste momento o clube ocupa, na Liga Sagres, deve-se em grande parte ao actual treinador do Benfica.

sábado, 12 de setembro de 2009

A pesada herança

O principal argumento utilizado, pelo seleccionador nacional de futebol e por todos os “queirozianos” que o apoiam, para explicar o descalabro nos resultados e o desconsolo exibicional verificados, na fase de apuramento para o mundial de futebol a disputar na Africa do Sul, fundamenta-se numa “pesada herança” deixada pelo seu antecessor, Luiz Felipe Scolari.
Carlos Queiroz acusa o anterior seleccionador de, durante o tempo em que exerceu o cargo, não ter tido a preocupação de renovar uma selecção envelhecida, introduzindo “sangue novo” e preparando-a para um desempenho tranquilo, na fase de qualificação e, tanto quanto possível, meritório na África do Sul.
Assim, e segundo o professor, a sua tarefa tem sido dificultada pela necessidade de, simultaneamente, disputar a fase de grupos e efectuar a tão apregoada renovação da “equipa das quinas”.
Por certo o senhor professor, na tentativa de se desresponsabilizar dos resultados, até agora conseguidos, ter-se-á esquecido de que o antigo seleccionar conseguiu “fazer a ponte” entre uma “geração de ouro”, nascida na década de 90 e gerada pelo próprio Queiroz, e uma rejuvenescida selecção que em nada envergonhou os seus antecessores, conseguindo resultados que permitiram manter Portugal na “crista da onda” e consolidar uma posição cimeira, no ranking da FIFA.
A contradição é, por demais, evidente quando, após quase dois anos no cargo, se constata que na convocatória dos futebolistas, para a disputa dos decisivos encontros com a Dinamarca e a Hungria, não foram contempladas grandes inovações/modificações ao grupo habitualmente escolhido por Scolari.
De facto, dos 22 seleccionados, por tão “ilustre renovador”, e abstraindo dos “veteranos” Nuno Gomes, Simão e Tiago, que chegaram a internacionais A pelas mãos, respectivamente, de António Oliveira, Humberto Coelho e Agostinho Oliveira, a maioria dos restantes elementos, como Bosingwa, Bruno Alves, Cristiano Ronaldo, Deco, Duda, João Moutinho, Maniche, Miguel, Miguel Veloso, Nani, Pepe, Raul Meireles e Ricardo Carvalho, conheceram a primeira internacionalização através das convocatórias de ……….………..............................… Luiz Felipe Scolari.
Só Eduardo, Beto, Rolando, Zé Castro e Liedson são exemplos de novos internacionais e da regenerada selecção nacional. Contudo, Eduardo e Beto ocupam a posição de guarda-redes onde, há muito, se exigia e se perspectivava a substituição de Ricardo. Rolando e Zé Castro poucas expectativas têm de jogar, com assiduidade, atendendo a que na sua frente encontram-se defesas-centrais de classe mundial, como Ricardo Carvalho, Bruno Alves e Pepe. Liedson é um caso especial e surgiu da desesperada e urgente necessidade de colmatar a lacuna existente na linha da frente, após a retirada de Pauleta.
Não é admissível nem nobre a atitude de Carlos Queiroz ao descartar-se e desculpabilizar-se, de uma possível ausência da fase final do campeonato do mundo de futebol, com a obrigatoriedade de renovar o plantel de internacionais e, complementarmente, lutar pelos pontos suficientes para a qualificação.
Uma selecção nacional onde pontificam, para além do melhor jogador do mundo, diversos futebolistas que representam algumas das melhores equipas europeias, nomeadamente, Chelsea, Juventus, Real Madrid e Manchester United, para citar as mais conceituadas, não pode estar á mercê de um seleccionador com pouca propensão para o êxito que, quando não falha na táctica, falha na estratégia ou nas substituições.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Orçamento ou demagogia?


Possivelmente herdámos dos romanos, fenícios, cartagineses, eventualmente, dos árabes, quando da sua passagem pela Península Ibérica, a propensão para culpabilizar terceiros, por actos menos conseguidos da nossa autoria. Nos outros actos, aqueles onde se consegue atingir com êxito os objectivos preconizados, mesmo não sendo de nossa inteira responsabilidade, somos lestos a clamar os louros do sucesso.
Como portugueses que se prezam, os responsáveis pela condução dos destinos do Sporting, e não enxergando argumentos mais válidos, denunciaram o “orçamento” como o grande causador para o descalabro desportivo, de início de temporada.
Contudo, não foram orçamentos identicamente reduzidos, que impediram a equipa leonina, nas últimas épocas, de vencer duas Taças de Portugal, duas Supertaças, disputar as finais da Taça da Liga, estar presente nas últimas cinco edições da Liga dos Campeões e conquistar a maioria dos pontos em disputa com os principais rivais (FCP e SLB), de orçamentos bem mais recheados.
Também não parece de bom-tom evocar um “orçamento”, com as costas largas mas com os bolsos pequenos, que em confrontos directos com outros orçamentos bem menos abastados (ex.: Nacional, V. Guimarães, Sp. Braga) raramente os consegue levar de vencida.
Os “maiores orçamentos do mundo” pouco têm provado. Abordar o tema dos galácticos do Real Madrid, que pouco rentabilizaram, ou os grandes investimentos em futebolistas de nomeada, dos principais clubes europeus, é contar histórias de fracasso atrás de fracasso.
Os êxitos dependem principalmente de “gestões” competentes e de decisões inteligentes e muito pouco de “gestões demagógicas” e orçamentos avultados. Os dirigentes e responsáveis técnicos do futebol leonino antes de “sacudirem” o fardo dos maus resultados para cima do “minúsculo orçamento” deveriam assumir a sua quota parte de responsabilização em opções, muitas delas incompreensíveis, relacionadas com a condução da equipa de futebol e que têm interferido, de forma pouco abonatória, para a situação financeira, agora vivida.
Também se desconhece os responsáveis pelo aumento dos custos inerente à aquisição e pagamento de honorários a jogadores que, por não possuírem categoria suficiente para representar o clube ou por dificuldades de afirmação na equipa, representaram negócios ruinosos e bastante discutíveis. São exemplos disso: Ronny, Gladstone, Marian Had, Farnerud, Romagnoli, Celsinho, Purovic, Stojkovic, Paredes, João Alves, Deivid, Douala, Bueno, Tello, Manoel, Mota, Rogério, Silva, Luís Loureiro, Pinilla, Edson, Wender, Koke, Luis Paéz e Rodrigo Tiuí. Os regressos de Rochemback e Caneira para além de descabidos, também, não contribuíram para a melhoria financeira.
Intoleráveis, por existirem verbas disponíveis resultantes da presença da equipa na Liga dos Campeões, são os prémios de desempenho atribuídos, na época passada, à equipa técnica e aos dirigentes que gravitam em seu redor, sabendo que os títulos e os troféus estiveram completamente afastados da equipa de futebol.
Num clube, onde o seu plantel é constituído por um elevado número de futebolistas oriundos das camadas jovens, alguns com cláusulas de rescisão de contrato superiores aos 25 milhões de euros, que fornece à selecção nacional 3/4 jogadores, com uma equipa técnica que se mantêm num lugar estável há aproximadamente quatro épocas, é pouco perceptível que o orçamento possa justificar os actuais insucessos desportivos.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

"Quando um escudo era um escudo"

Mais um livro que, em tempo de férias, se lê de um folgo.
Conta a história de um condenado procurado pela justiça.
É da autoria do advogado, António Pragal Colaço, benfiquista dos quatro costados, e dá-nos a conhecer diversas jogadas escuras de alta finança, protagonizadas pelo antigo presidente encarnado, João Vale e Azevedo.
Para além de algumas burlas e vigarices que têm caracterizado o percurso de vida de tão “brilhante advogado”, ficamos também a conhecer, em pormenor, as principais “golpadas” dadas no património encarnado pelo homem que, em plena campanha eleitoral à presidência benfiquista, afirmava com rigor e convicção que: «Um escudo é um escudo».
Começou por rasgar os contratos com a Olivedesportos, apostando na passagem dos direitos de transmissão dos jogos para a SIC. Com esta atitude, leviana e inconsciente, Vale e Azevedo estava a dar a primeira machada no Sport Lisboa e Benfica cuja acção, considerada improcedente pelo Tribunal, acabou por forçar o clube a um acordo que conduziu a uma dação em pagamento através de participações financeiras, no grupo empresarial, no montante de 2,137 milhões de contos, acrescidos de juros. Só em custas, pagas aos tribunais, a factura rondou os 300 mil contos. Se acrescentarmos, ainda, as despesas com os advogados, podemos concluir que o mandato de Vale e Azevedo se iniciava de forma pouco promissora, para o clube da Luz.
A contratação de Poborsky que, em princípio, custaria 600 mil contos, acabaria por ficar em um milhão de contos ao clube encarnado. Vale e Azevedo arrecadaria 400 mil contos com a transferência, através da “fabricação” de um documento escrito em inglês, no qual o Benfica teria de pagar aquela verba, relativa à exploração dos direitos de imagem do futebolista, a uma empresa sedeada na Suiça e da qual o presidente encarnado era o representante.
O negócio Kandaurov não ficaria ao Benfica nos 270 mil contos anunciados, como grande pechincha, pelo então presidente. Mais uma vez e à semelhança daquilo que tinha feito com Poborsky, Vale e Azevedo decidiu “fabricar” mais um documento que apelidou de direitos de imagem sobre o jogador, devendo o Benfica pagar a quantia de um milhão de dólares a outra empresa, também com sede em Zurique, onde o presidente encarnado era o principal interessado.
Também a transferência de Ovchinnikov do Benfica para o Alverca deu origem a um crime de peculato tendo, parte do dinheiro, servido para pagar a última prestação do luxuoso iate “Lucky Me”, onde Vale e Azevedo e a família saboreavam longos cruzeiros.
O processo Euroárea foi mais uma delapidação do património benfiquista no montante, aproximado, de 60 milhões de euros. Depois de registar os terrenos que já pertenciam ao Benfica, Vale e Azevedo vendeu-os logo de seguida a preços irrisórios, quando o metro quadrado estava avaliado no dobro. Alguém se terá aproveitado de um momento economicamente débil do clube? Ou talvez não?
Para quem tinha prometido, em campanha eleitoral, que com ele no Benfica os contratos dos futebolistas eram realizados por “objectivos” e sem empresários, a receber comissões, não esteve nada mal.
Nem um anti-benfiquista primário, fanático sportinguista ou do FC Porto, conseguiria prejudicar tanto o Benfica como o fez o ex-presidente João António de Araújo Vale e Azevedo.
Com a justiça “à perna” e para fugir da cadeia em Portugal, refugiou-se em Londres com a mulher Filipa, a grande estratega de muitas das suas “operações”.

domingo, 2 de agosto de 2009

Thank you "Sir"

Faleceu um grande senhor do futebol mundial, de seu nome Robert William Robson, mais conhecido por Bobby Robson.
Treinador de futebol, passou por diversos clubes de nomeada do futebol europeu, inclusive pela selecção britânica.
Em Portugal treinou o Sporting e o FC Porto. No norte foi bicampeão, ganhou duas Supertaças e uma Taça de Portugal. No Sporting não.
“Entrou” no futebol português pela porta 10A, do Estádio José de Alvalade, na época 1992/1993. Na temporada seguinte, seria despedido, numa atitude de incrível falta de coragem de Sousa Cintra que, depois do clube ter sido eliminado da Taça UEFA pelo Casino Salzburgo, após prolongamento, acabou por "chicotear" o técnico inglês, numa altura em que o clube leonino comandava o campeonato nacional.
O competente técnico que, com tão longa e prestigiante carreira, nunca tinha sido despedido, deixaria saudades em Alvalade.
Depois de afastado e substituído pelo professor Carlos Queiroz, no comando técnico da equipa de futebol do Sporting, proferiria uma frase tão célebre quanto verdadeira: «Fui substituído por um homem que nem um pontapé na bola sabe dar».

sábado, 1 de agosto de 2009

Transacções portistas

Mais um ano em que o FC Porto não se acomodou e, forçado ou não, vendeu as principais “jóias” argentinas, Lisandro e Lucho. Se acrescentarmos a “taluda” de 15.000 milhões de euros recebidos por Cissokho e os “pozinhos” resultantes da venda de Ibson, Paulo Machado e Vieirinha, chegamos facilmente a um encaixe financeiro na ordem dos 65.000 milhões de euros que, possibilitou ao clube adquirir quase uma nova equipa, preferencialmente, oriunda do mercado sul-americano.

Beto: Guardião com “escola”. Chega ao FC Porto com a idade ideal para se poder impor. Independentemente das suas qualidades, que são muitas, terá de aguardar a sua vez, uma vez que se Helton conseguir manter índices de concentração elevados, não cederá o seu lugar com facilidade.

Miguel Lopes: Uma das grandes revelações da época transacta. Defesa-lateral-direito formado na “escola benfiquista” é possuidor de “grande pulmão” e elevado temperamento que lhe permitem fazer o “seu corredor” vezes sem conta. Com as dificuldades sentidas por Sapunaru e com a opção Fucile, em aberto, para o flanco esquerdo, certamente, Jesualdo Ferreira irá proporcionar oportunidades a este jovem de se mostrar.

Nuno André Coelho: Jogador com raça, formado na “escola portista”, é um defesa-central que denota ainda alguma insegurança e ansiedade, dispensáveis na zona do campo onde actua. Com Rolando, Bruno Alves e Maicon a “taparem” o lugar dificilmente jogará com assiduidade, na equipa principal. Eventualmente, será opção para lateral.

Maicon: Depois de brilhante época ao serviço do Nacional da Madeira, que lhe valeu o ingresso nas fileiras do FCP, este jovem defesa brasileiro, prepara-se para ser o suplente nº 1 dos centrais portistas. Com boa morfologia para o lugar, por vezes transmite uma imagem de lentidão, pouco aconselhável para as funções a desempenhar no centro da defensiva. No entanto, para além de um excelente jogo de cabeça, mostra uma personalidade e um sentido de posicionamento, que lhe permitem resolver as situações mais complicadas e sair com a bola controlada.

Álvaro Pereira: Confiante, aguerrido e rápido sobre a bola, subindo no terreno sempre que aconselhável, possui características muito semelhantes às do seu antecessor. O FCP, com a entrada deste uruguaio, terá ganho em qualidade, experiência e segurança defensiva o que perdeu em enquadramento táctico e conhecimento do clube, que Cissokho já possuía. Jogador prometedor, a mudança foi nitidamente favorável ao clube azul.

Silvestre Varela: Mais um jogador formado na academia leonina. Chega ao FC Porto já com algum traquejo e experiência adquiridos nas principais ligas espanhola e portuguesa. Por vezes, transmite uma imagem de lentidão na hora das decisões. Ainda jovem, deverão ser “limadas” algumas arestas das suas características, nomeadamente, o controlo de bola e o último passe. No entanto, o engodo que evidencia pela baliza adversária, a forte compleição física e o potente remate irão, ao longo da época, ser muito úteis à equipa, proporcionando aos adeptos portistas momentos de satisfação.

Belluschi: Chegou ao Porto com a missão de substituir o seu compatriota Lucho. Este argentino, pode não possuir a classe e não ser tão cerebral como o seu antecessor, mas pelo que já demonstrou, parece estarmos na presença de um estratega de elevada qualidade técnica, que executa rápido e dá ritmo ao jogo. Com desmarcações de qualidade e oportuno nas assistências cria, com facilidade, desequilíbrios na área adversária. Também parece estar à vontade na marcação de bolas paradas. Provavelmente, estaremos na presença da revelação do próximo campeonato.

Falcão: Jogador aguerrido que nunca vira a cara, segura bem a bola e sabe jogar de costas para a baliza, desmarcando com oportunidade os companheiros. Não possuindo o poder físico de Lisandro Lopez, é um futebolista que se movimenta bem na área, necessitando de algum tempo para se adaptar ao futebol europeu e ganhar rotinas e entrosamento com os colegas. É “mais jogador” que Farias.

Orlando Sá: Este avançado pouco mostrou, ao serviço do Sp. Braga, para além de força física e empenho na luta com os centrais adversários. O facto de encontrar-se a recuperar de uma lesão grave faz diminuir as hipóteses de afirmação, a curto prazo. Ainda jovem, muito caminho terá de percorrer. A sua chamada à selecção nacional para além de prematura, foi descabida.

Diego Valeri: Os poucos minutos jogados não são suficientes para se poder fazer um juízo de valor do futebolista. Contudo, evidencia uma compleição física que intimida os adversários.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Mais do mesmo

Sporting - Atlético Cacém: 3-0;
Sporting – Nottingham: 0-1;
Sporting – Feyenoord: 1-2;
V. Guimarães – Sporting: 2-2;
Sporting – Twente: 0-0.

Eram perfeitamente previsíveis os resultados, pouco animadores, conseguidos pelo Sporting nos encontros disputados, na pré-temporada.
De facto, com uma nova equipa técnica (Paulo Bento encontra-se à frente da equipa de futebol há, aproximadamente, quatro épocas), com um plantel completamente renovado (saíram, apenas, Romagnoli e Derlei e entraram Matias Fernandez e Caicedo), temporadas consecutivas com jovens craques, formados na academia, a abandonarem o clube (o último a sair foi Nani há dois anos) e com a equipa a ser reforçada, anualmente, seguindo as orientações do treinador, tornou-se complicado vencer o Atlético do Cacém, em encontro disputado na academia de Alcochete.
Com a presença do “Ferguson de Alvalade” a comandar a equipa técnica e com o “team” a denotar falta de entrosamento, excessiva rigidez táctica (losango e mais losango), jogadores a mudarem de posição, frequentemente, no decorrer do jogo e com titulares sem condições para tal (ex.: Pedro Silva e Caneira), avizinha-se mais uma época futebolística em que não se augura nada de bom para os sportinguistas, que começam a ver perigar o segundo lugar na Liga.

domingo, 26 de julho de 2009

Ajustes leoninos

No presente defeso e seguindo as orientações do seu técnico o Sporting, mais uma vez, decidiu fazer acertos e afinações cirúrgicas no plantel de futebol. Assim, e para além de não ter saído qualquer dos jovens “craques” formados na academia, viu o grupo de trabalho ser reforçado com quatro elementos. Dois (André Marques e Saleiro), são jovens futebolistas que, após algumas épocas a “rodar fora”, regressam à casa-mãe.

André Marques: Jogador canhoto, como convêm a um lateral-esquerdo-puro, é um jovem com elevado potencial e qualidades suficientes para, a médio prazo, se afirmar como titular no onze leonino. Forte fisicamente e rápido na marcação, complementa estes atributos com um remate potente, não se acanhando sempre que se aventura em subidas à área adversária. Provavelmente, estamos na presença do futuro defesa-esquerdo da selecção nacional. Só necessita de jogos e experiência.

Saleiro: Avançado-centro à moda antiga, mais posicional e de pouca mobilidade possui, no entanto, um remate certeiro que lhe tem valido alguns golos. Tal como Hélder Postiga, este jovem vai sentir dificuldades para garantir a titularidade num “losango” que “vive”, especialmente, do irrequietismo dos dois pontas-de-lança.

Matias Fernandez: De remate fácil e bom tecnicamente, como é característica dos sul-americanos, prometeu muito antes de chegar a Alvalade. Ainda pouco entrosado com a equipa, este chileno nascido na Argentina, se jogar 50% daquilo que evidenciou no Colo-Colo certamente irá “fazer a diferença”. A grande questão, destes sul-americanos que entretanto têm ingressado no futebol português, oriundos de ligas mais competitivas (Liga Espanhola, Liga Inglesa, Liga Italiana, etc.), é conhecer o motivo porque, ao longo dos últimos anos, não se conseguiram afirmar de forma categórica nos clubes por onde passaram, acabando por se refugiarem num futebol de menor dimensão, como o nosso.

Caicedo: Contratado para colmatar a vaga deixada pelo laborioso Derlei, o equatoriano pouco se mostrou no Manchester City, nos últimos tempos. Jogador ainda jovem, este esquerdino de forte compleição física, poderá ser o complemento ideal para Liedson. Mas atenção que, é mais um futebolista da América latina a sentir dificuldades em se impor no futebol europeu.

sábado, 25 de julho de 2009

Caras novas na Luz

Era espectável que as aquisições benfiquistas incidissem em futebolistas cujas características se encaixassem, na perfeição, na "táctica do losango", tão apreciada pelo treinador Jorge Jesus e que tão bons resultados têm proporcionado aos clubes por onde o técnico tem passado.

Shaffer: A vinda deste lateral-esquerdo pouco tem a ver com a táctica a utilizar, no futuro, mas tão-somente com a finalidade de colmatar uma lacuna existente no plantel, desde a época passada, que levou à adaptação de David Luiz aquela posição.
As primeiras impressões deixadas pelo argentino têm sido positivas. Parece ser um jogador raçudo que sobe bem pelo seu flanco e que centra com precisão e a propósito. Tem todas as condições para ser titular e relegar Sepsi para o banco.

Ramires: Confesso que não fiquei muito bem impressionado com o seu desempenho na Taça das Confederações. Embora o brasileiro veja no Benfica o trampolim para a Europa do futebol, muito terá de justificar para merecer uma pretensa proposta de um clube europeu de nomeada. Frágil fisicamente, vai sentir algumas dificuldades de adaptação ao futebol que por cá se joga. Por outro lado, chega cansado e com muitos jogos nas pernas, nada benéfico para a sua afirmação. Presentemente poderá ser considerado um “reforço com reservas”, embora se adapte na perfeição ao vértice direito do “losango”.

Patric: Será uma opção para o lado direito da defesa, mas nunca um concorrente directo a Maxi Pereira que, presentemente, já evidencia um bom momento de forma. De facto, o brasileiro nos poucos minutos que tem jogado pouco tem provado e dificilmente será primeira escolha para Jesus que, preferencialmente, poderá utilizar como recurso Ruben Amorim a lateral.

Saviola: Este argentino conseguiu chegar aos 27 anos sem se impor, categoricamente, num clube de nomeada do futebol europeu. E as oportunidades não lhe faltaram.
Bom tecnicamente, mas com carências ao nível físico para jogar junto dos centrais adversários, denota também alguma falta de velocidade para as funções a desempenhar no último terço do campo. Provavelmente, será uma boa opção para nº 10, quando o seu compatriota Aimar começar a sentir o desgaste dos jogos e o “peso” das lesões.

Weldon: Futebolista sobejamente conhecido do treinador, do tempo em que estiveram juntos em Belém, é um jogador de forte compleição física e que, com a velocidade que possui, pode criar dissabores nas defesas contrárias. Jogador nitidamente de contra-ataque, a táctica escolhida e o seu poder deambulante facilitarão a sua inclusão, de forma regular, no ataque encarnado podendo vir a ser uma opção válida para os lugares de Saviola e Cardozo.

Javi Garcia: Este ex-merengue só entrou no plantel encarnado devido à fraca consistência exibicional e ao diminuto poder de adaptação, ao vértice mais recuado do “losango”, evidenciados por Yebda e Ruben Amorim, nos jogos de preparação já disputados. Com a saída de Katsouranis o quadro de futebolistas, ao dispor de Jorge Jesus, não contemplava um jogador que desse as garantias necessárias ao técnico para o lugar. Pretende-se um futebolista com elevado poder de marcação, disponível para as compensações defensivas e sempre que se justifique apoie os homens da frente. O chamado médio “box to box”. Oxalá o madrileño não venha a desiludir, como aconteceu com o seu ex-colega Balboa, também oriundo do Real Madrid, e de percurso idêntico.

Fábio Coentrão: Esquerdino nato possuí, tal como Di Maria, as características de extremo à antiga, pronto para jogar colado à linha lateral e proporcionar jogadas de linha-de-fundo que, normalmente, são meio-golo. Com o “losango” como táctica preferencial, se quiser jogar com assiduidade terá, tal como o argentino, de pisar terrenos mais interiores do campo, à semelhança do que aconteceu com César Peixoto, na época passada no Sp. Braga.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

O guru

Durante as férias chegou-me às mãos, pela módica quantia de 1,95 €, um livro daqueles que se lêem de um assentada. Ou porque possuem poucas páginas, ou porque são cativantes ou ainda por estarmos desejosos de partir para outro tipo de leitura.
Este livro da autoria do parapsicólogo (?), vidente (?), espírita (?) guru (?) ou, o mais provável, empresário de futebol, Delane Vieira, possui todas aquelas características e algumas passagens curiosas:

«No final dos anos 60, trabalhei no Benfica, no qual fui muito acarinhado.
Vim para o Benfica com o treinador Otto Glória, meu compatriota e amigo, grande treinador de futebol, falecido em 1986………..Mas o que ele (Otto) queria era alguém com força psicológica e capacidade de médium – e nestas áreas, ele sabia que podia contar comigo. Otto era grande amigo de meu pai, um dos maiores espíritas do Brasil, que já o tinha informado sobre as minhas capacidades de premonição».

«Comecei a colaborar com o FC Porto no início da época de 1984/85.
No início, tinha a minha casa em Lisboa. Ia todas as quintas-feiras para o Porto e regressava no fim dos jogos. Era muito cansativo – porque tinha de preparar em Lisboa os “trabalhos” e levar tudo para o Porto. Chamo “trabalhos” a tudo o que decorre da minha acção como médium, o dom que permite contactar e receber as informações das entidades espirituais que me acompanham. Era preciso, por exemplo, preparar fitinhas para um ou outro jogador prender nas pernas por debaixo das meias e preparar uma moedinha, que era atirada para o campo antes dos jogos. Era necessário, ainda, levar garrafas de cachaça – que, às sextas-feiras à noite, eram partidas numa praia em oferenda ao Pai João».

«Uma das pessoas que mais me desapontaram no futebol foi o Inácio.
Eu era amigo dele, amigo da família, amigo de casa, amigo independente de qualquer interesse. Ele pediu-me ajuda para ser campeão pelo Sporting. Consultei as entidades. Estava tudo certinho: Inácio estaria nas mãos do Pai João e seria campeão. O que eu previa concretizou-se. O Sporting foi campeão.
Inácio apanhou-se com o título e desapareceu».

E eu que, depois de tantos anos a ver e a acompanhar o futebol, sempre atribuí o domínio benfiquista, na década de sessenta, ao Eusébio e aos “monstros” que o acompanhavam.
Ingenuamente ou não, também pensei que o FC Porto tinha vencido a Taça dos Campeões Europeus, em 1987, por ser detentor de um quadro futebolístico com categoria acima da média, onde se evidenciavam o Paulo Futre, o Gomes, o Madjer, o Juary e outros tais.
Nunca me passaria pela cabeça que o Sporting tinha vencido o campeonato nacional, após 18 anos de jejum, devido aos poderes ocultos de um “iluminado” brasileiro e não à capacidade de estruturar e “arrumar” um “team” do Augusto Inácio ou à experiência e classe patenteadas por um Schmeichel, André Cruz, Babb, Acosta, Pedro Barbosa, etc.
Estamos sempre a aprender….

sábado, 27 de junho de 2009

Futebolices XVI

A contratação pelo Benfica de Saviola, ao Real Madrid, só é compreensível em virtude do clube da Luz viver uma fase pré-eleitoral.
Mesmo depois de uma época onde a aquisição de nomes sonantes se saldou em evidente fracasso (Ex.: Aimar, Balboa, Suazo, Reys, Carlos Martins, etc.), parece que o “espectáculo” vai continuar.
O jogador argentino, e à semelhança do que aconteceu com outros futebolistas, prometeu muito nas camadas jovens e na selecção sub-20 da Argentina, mas mostrou-se incapaz de confirmar todas as suas potencialidades quando confrontado com o futebol europeu, mais competitivo e exigente, nomeadamente, o que se pratica no Barcelona, Real Madrid, Mónaco e Sevilha, onde a sua passagem não foi além de um insucesso.
Bom tecnicamente mas frágil fisicamente, possui características muito semelhantes às do seu antigo companheiro no River Plate. Mais um Pablo Aimar a caminho da Luz.

domingo, 14 de junho de 2009

"Brilhantes gestores"

Já conhecíamos o “sacrifício” e dedicação de certos políticos que, abdicando de mordomias, renunciam a cargos em empresas privadas ou semi-públicas, principescamente remunerados, por vezes atirando para segundo plano o próprio agregado familiar, tudo em nome da lealdade à governação e devoção à causa pública.
O desenvolvimento do processo de candidatura do novo presidente leonino trás à lembrança não só a postura de alguns pseudo-políticos, da nossa praça, como faz recordar uma frase que ficou imortalizada, no léxico do nosso futebol. Foi proferida há anos pelo Dr. Pimenta Machado, então presidente do V. Guimarães, provavelmente reconhecendo pecados próprios, que enunciou: «No futebol o que hoje é verdade, amanhã é mentira». Expressão que se aplica, na perfeição, à decisão tomada pelo Dr. José Eduardo Bettecourt, que abdicou de um alto cargo no Banco Totta Santander, “deu o dito por não dito” e assumiu-se como o protagonista principal da “candidatura de continuidade do reino leonino”.
Já conhecido nos meios futebolísticos, Bettecourt assumiu as rédeas do Sporting e prepara-se não só para dar seguimento ao plano de reestruturação financeiro, defendido pelo seu antecessor, mas também para auferir 800.000 € + Prémios, anuais, que representa quatro vezes os honorários do sempre criticado Pinto da Costa. Mas, segundo o próprio, o projecto é de continuidade e o trabalho será desenvolvido e assente na sustentabilidade de uma politica de rigor, equilíbrio financeiro e nas sempre apregoadas seriedade, honestidade e solidariedade.
No Sporting só se altera o emblema e em certos jogos a cor das camisolas, já que nem as moscas mudam, mantendo-se a ”monarquia” e as mordomias inerentes aos cargos dos sempre presentes, Ribeiro Teles, Moniz Pereira, Ernesto Ferreira da Silva, Rogério Alves, Agostinho Abade, Filipe Nobre Guedes, etc., apoiados numa equipa técnica de futebol, que recebe prémios de desempenho sem nada ter vencido e, onde existem funcionários (ex.: Pedro Barbosa, Sá Pinto, etc.) em funções onde não se conhecem, com exactidão, as atribuições.
Com a pressão da banca (BCP e BES), parceira leonina num novo “project-finance” defendido pelo antigo presidente e com José Eduardo Bettecourt, seu sucessor em linha directa, a defender as mesmas ideias e ocultando a real situação económica/financeira do clube, não será difícil compreender a decisão de apostar num “plano de reestruturação” que manterá o Sporting amordaçado, em termos de resultados desportivos.
Por outro lado, o “presidente situacionista” deverá, mais cedo ou mais tarde, por exigência também da banca, transferir a Academia, património do Sporting, para a SAD, tendo como única preocupação a defesa dos accionistas da SAD, em detrimento dos sócios do clube.
Património desportivo do Sporting e situada numa zona de valorização, próxima do futuro aeroporto, a Academia é uma valiosa fonte de receita do clube que desaparecerá e se tornará em menos uma despesa para a SAD, que segundo parece é muito lucrativa. Alguém terá de fazer ver, a tão “brilhantes gestores”, que o clube não é o mesmo que a SAD. O clube é dos sócios e a SAD é de meia dúzia de accionistas, muitos deles nem sportinguistas são.
Por outro lado, ao transformar Paulo Bento numa figura consensual, na actual estrutura directiva, é abrir uma “via verde” para a continuidade do “Ferguson em Alvalade”, fazendo crer aos associados e simpatizantes leoninos que se luta pela conquista dos títulos, há muito arredados do futebol.
Mais tarde ou mais cedo, o Sporting terá, forçosamente, de ser devolvido aos sportinguistas, com vista a recuperar a mística e a militância dos seus sócios e simpatizantes, sempre empenhados em acrescentar palmarés a um clube centenário.

sábado, 13 de junho de 2009

O Senhor 94 milhões

Para além de ser o protagonista da maior transferência da história do futebol, também a passagem de Cristiano Ronaldo do Manchester United para o Real Madrid, é o concretizar de um sonho antigo do jogador português. Contudo, e embora dotado de uma técnica primorosa, velocidade estonteante e capacidade física fora do comum, atributos tão úteis na consistente adaptação ao futebol inglês e que fizeram dele o expoente máximo do futebol mundial, poderão não ser suficientes para vencer na difícil Liga espanhola. A excessiva dureza e o cerrado poder de marcação, características de “nuestros hermanos”, e a ausência de “espaços de manobra”, tão necessários a um futebolista com as características de Ronaldo, poderão dificultar a sua adaptação.
Em Madrid, com a “fúria espanhola” à perna, as lesões poderão aparecer com maior frequência, as ausências mais prolongadas e a luta pelo “pichichi” um miragem.

terça-feira, 9 de junho de 2009

"O mais custoso"

Coleccionar é sinónimo de procura, motivando o coleccionador a constantes buscas de material que possam valorizar o seu património e proporcionar horas de lazer, aproveitadas para analisar temas de colecção que se coadunam com os gostos e vocações.
As antigas cadernetas de colecções de cromos desportivos, que por vezes folheamos, proporcionam viajar com incrível facilidade pelo mundo do desporto, conseguindo com elas reconstituir cenários passados, recordar atletas que, pelos seus feitos, ficaram para sempre no nosso imaginário.
O contributo da imagem para a popularização do futebol é tal que, em Portugal, logo nos anos 20, surgem, em rebuçados e também nos maços de cigarros, os futebolistas da época, erguidos ao estatuto de ídolos e cativando de forma crescente jovens camadas de público. Tratava-se, neste caso, de dar a conhecer os intérpretes do jogo.
Na década de 50 quando, ainda de calções, íamos todos à mercearia da esquina comprar os rebuçados desportivos, começavam a proliferar as colecções de «bonecos», com a introdução no léxico juvenil de novas expressões como: «tens prá troca?», «o número da bola» ou «o mais custoso».
A explosão do cromo não se cingiu unicamente ao espaço desportivo. Havia também outras cadernetas temáticas que acolhiam heróis e figuras de assuntos variados e que abriam espaço à imaginação.
O cromo da nossa infância, no que se refere ao futebol, vivia bastante de uma quase impossibilidade prática: obter o mais custoso, chegando a haver milhares de cadernetas em mãos de crianças às quais faltava apenas esse cromo, para se poder ir buscar à loja, a bola de cauchu que funcionava como prémio. Se existia a garantia que cada caixa tinha um exemplar do mais custoso, a natural astúcia dos negociantes de cromos, levava-os, por vezes, a colar o cobiçado rebuçado no fundo da caixa, fornecendo-o a quem, mais abastado, arrebatasse os últimos restantes. Normalmente o felizardo era o filho do dono do estabelecimento que, apercebendo-se de que a caixa se aproximava do fim, se apoderava daquele tesouro supremo e, logicamente, da respectiva bola de cauchu.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Futebolices XV

Na última (?) grande entrevista como presidente, ao jornal “Record”, Soares Franco para além de abordar alguns dos temas da actualidade leonina, elogia as faculdades e capacidades de Paulo Bento, à frente do futebol do Sporting, da seguinte forma:

a) Carácter e personalidade;
b) Grande sentido de missão;
c) Assunção plena dos compromissos;
d) Honestidade fantástica;
e) Excelente “líder”;
f) Alegria de viver e trabalhar;
g) Enorme sentido de humor.

Atendendo ao seu desempenho como treinador da equipa de futebol do Sporting, estranha-se que, não seja feita referência à sua competência técnica e à falta de troféus verificada ao longo de quase quatro anos de vivência em comum, preferindo elogiar as suas qualidades humanas, existentes em muitos sportinguistas, mas não suficientes para a conquista dos títulos que o clube persegue e os associados ambicionam.

sábado, 16 de maio de 2009

Jesus "o salvador"

Em face da época miserável protagonizada pela equipa de futebol do Benfica, orientada pelo pouco convincente Quique Flores, os seus adeptos e simpatizantes numa atitude que patenteia justificado desespero, começaram a “embandeirar em arco” com a possibilidade de Jorge Jesus vir a treinar a equipa, na próxima temporada.
Pensando que se “benzem” talvez os benfiquistas venham a “partir o nariz”.
O “povo benfiquista”, à semelhança do que aconteceu com o povo judeu, há cerca de dois mil anos, tenta agarrar-se á “tábua de salvação” que está mais á mão, acreditando nas capacidades deste “novo Jesus” e no poder profético de Filipe Vieira e Rui Costa, esquecendo-se que, milagres já ninguém faz e que o técnico, agora contratado, construiu o seu curriculum em equipas de pouca nomeada cujas principais aspirações são a subida de divisão ou a luta pela permanência, no escalão máximo do futebol português. A excepção que confirma a regra aconteceu na época que agora termina, no Sp. Braga, onde um forte e dispendioso plantel, oriundo dos principais clubes portugueses e de agremiações com palmarés na América latina, conseguiu elevar o treinador para patamares de voos próximos da águia Vitória.
De facto, com a entrada de Jorge Jesus no Benfica muita coisa terá que mudar. A começar pela táctica, sabendo-se que o técnico é apologista do “fastidioso losango”.
Com a implementação de tal sistema táctico ao actual plantel benfiquista, dificilmente futebolistas como os extremos Reys, Di Maria e Balboa conseguirão ser titulares. O mesmo acontecerá com Cardoso, que terá de ir marcar golos para “outra freguesia”, uma vez que o paraguaio possui características de “avançado-centro fixo”, posição não contemplada no famoso losango, que “vive” de dois pontas-de-lança que fazem da mobilidade a sua principal qualidade. Provavelmente, e á falta de melhor, a escolha recairá na dupla constituída por Nuno Gomes e Mantorras. Ah! Ah! Ah!
Ao utilizar apenas um trinco no vértice recuado do quadrilátero, Jorge Jesus terá, forçosamente, de dispensar futebolistas com as qualidades e os defeitos de Katsouranis, Yebda, Binya, Carlos Martins ou Ruben Amorim. Jogadores que denunciam grandes dificuldades na adaptação aos vértices-ala do polígono.
Talvez Aimar consiga, finalmente, “dar um ar da sua graça” uma vez que passará a existir a posição nº10, para a qual o argentino se encontra mais vocacionado.
De facto, com a entrada de Jorge Jesus o plantel do Benfica terá de “levar uma grande volta”, sendo por demais evidente a necessidade de adquirir futebolistas com características específicas para implementação da táctica escolhida. Após mais um ano a ver os títulos a “passarem”, mas onde o investimento foi extremamente elevado, torna-se penoso para o clube da Luz iniciar mais um ciclo com os custos e os encargos que os novos elementos acarretarão.
Do “tipo pintas”, culturalmente débil e com um percurso similar ao de Quinito, se Jorge Jesus na próxima época, manifestar a mesma competência para treinar um “grande” como aquela que o técnico setubalense evidenciou na época 1988/1989 ao serviço do FC do Porto, tempos difíceis continuarão à espera dos adeptos e simpatizantes encarnados.

sábado, 2 de maio de 2009

O Símbolo da "Briosa"

Em dia de mais um encontro, em Coimbra, entre a Académica e o Sporting, é curioso recordar que o emblema da Académica, conforme hoje existe, deve-se ao Sporting.
A Académica começou a disputar as primeiras provas nacionais no princípio do século passado, de equipamento preto, sem emblema e com os adeptos a erguerem como bandeira a capa académica. Tal facto originou a necessidade de se definir um emblema, para o clube representativo dos estudantes. Primeiro apareceu um pequeno rectângulo com figuras a preto-e-branco e a expressão latina: «Mens sana in corpore sano». Depois, nova tentativa, com uma Cruz de Cristo e com um escudo esquartejado onde se inseriam as insígnias das várias Faculdades da Universidade. A terceira tentativa foi a mais fugaz, durou apenas noventa minutos. A duração do jogo de futebol, frente ao Sporting. E foi por causa do resultado desse jogo que apareceu o actual emblema.
A iniciativa pertenceu à equipa de futebol de 1927 que decidiu avançar para um emblema de cariz definitivo. A ideia era simples: as três letras iniciais da Associação Académica de Coimbra – AAC, em formato arredondado, bordadas nas camisolas.
Com estreia agendada para o encontro com o Sporting, o emblema apareceu do esforço de uma simpática senhora, que em fatigante tarefa trabalhou dia e noite para que os jogadores tivessem, a tempo, nas suas camisolas o novo símbolo bordado.
Contudo, Armando Sampaio o então guarda-redes da Académica, mais tarde seleccionador nacional, esteve em dia pouco feliz e a Académica foi, copiosamente, derrotada pelo Sporting. Mas, curiosamente, a culpa foi atribuída ao emblema bordado, com as tais três letras arredondadas, que por isso, foi arrancado das camisolas.
Após a goleada leonina, foi o próprio Armando Sampaio que pediu a Fernando Pimentel para desenhar um novo emblema para Briosa. Fernando Pimentel, então estudante de Medicina, desenhou, em poucos dias, com total liberdade criativa, o símbolo da Académica que ainda vigora, com as letras AAC e com a Torre da Universidade dentro de um losango a preto-e-branco. O emblema das três letras bordadas, vitimado pelos golos sofridos, foi para o rol do esquecimento.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Criação de Bento

Depois de um Congresso que não aqueceu nem arrefeceu, e com o clube em fase pré-eleitoral é natural o aparecimento, na comunicação social, de entrevistas a pseudo candidatos à liderança do Sporting, onde são abordados os temas actuais do clube e evidenciadas algumas das “linhas mestras” que presidirão a projectos a implementar.
Tratando-se de facções distintas e por vezes antagónicas estranha-se a sintonia manifestada pelos putativos candidatos a candidatos relativamente ao futuro a dar à equipa técnica responsável pelo futebol no clube, nos últimos anos. De Pedro Souto a Sousa Moraes, passando pela surpresa de um ex-inspector da Judiciária, Paulo Cristóvão, todos afinam pelo mesmo diapasão: fazer de Paulo Bento o “Ferguson de Alvalade”.
É no mínimo preocupante a sintonia e concordância manifestadas pelos pretendentes ao lugar presidencial do clube leonino uma vez que, futebolisticamente, as últimas épocas têm sido marcadas por posições secundárias, em termos classificativos, e pela conquista de “taças menores”.
O futebol do Sporting encontra-se recheado de excelentes e jovens futebolistas mas tem-se abusado em demasia da rigidez táctica e da rotatividade dos jogadores, num ano em que o clube de Alvalade não vendeu nenhuma “estrela” e se reforçou com futebolistas experientes e identificados com o clube.
De facto, as grandes vitórias não têm aparecido e as opções técnicas, talvez por inexperiência, também não têm sido as mais eficazes e casos como os de Liedson, Polga, Carlos Martins, Stojkovic, Moutinho, Vukcevic, Veloso, etc., que o treinador não originou (?) mas que alimentou e tão bem soube utilizar, justificam parte dos insucessos de quatro anos de um aborrecido “losango”.
Contudo o técnico mantém-se, como habitual, destemido e imune a criticas beneficiando do beneplácito da “gerência” que não se sentiu envergonha com os humilhantes resultados, com o Bayern de Munique, em tão indigna eliminatória que marcará para sempre a imagem e a história do clube de Alvalade, na Europa do futebol.
Mas também ninguém poderá acusar Paulo Bento de incoerente ou de falta de personalidade, uma vez que tem cometido os mesmos erros por diversas ocasiões mesmo que, a direcção “moderna” e “competente” considere que os objectivos estejam a ser atingidos, quer em termos de equilíbrio orçamental quer em termos desportivos.
A maioria dos sportinguistas aguarda que a nova direcção dê um safanão não só na equipa técnica mas também no sentido de apagar a imagem deixada nos últimos tempos, onde o clube registou as três maiores derrotas em competições europeias tendo, pelo caminho, “levado mais cinco” em Chamartin, num amigável para esquecer.
Não basta dizer que alguns dos resultados não foram os esperados, é necessário saber porque é que estas coisas acontecem. Um clube como Sporting não pode “dar-se ao luxo” de estar, simultaneamente, a “fazer jogadores” e a “criar técnicos”, que no curriculum apenas consta um ano à frente da equipa de juniores, nem pode estar três anos sem ser campeão nacional.
Com os sócios e simpatizantes leoninos a afastarem-se do Estádio, o “modelo Ferguson” terá, forçosamente, de ser abandonado com a saída de Soares Franco que, à semelhança de Deus e Adão, foi o “grande criador” de Paulo Bento.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Jogo Relâmpago


O aproximar da 23 ª jornada da Liga Sagres e de mais um encontro entre o Sporting e o Leixões, trouxe-me à memória recordações longínquas e alguns sentimentos de desconforto vividos, na década de 70 no velho Estádio de Alvalade, onde apaixonados adeptos, mas pouco pacientes, e com dedicação excessiva ao seu clube transformaram uma solarenga tarde outonal de futebol, num espectáculo pouco digno e difícil de esquecer.
Tudo aconteceu no dia 29 de Outubro de 1972.
O Sporting recebia, para a oitava jornada do Nacional o Leixões e, como habitual, muito antes do jogo começar já me encontrava instalado, na bancada central, no lugar cativo a que tinha direito. Só que, o jogo começou e durou apenas cinco minutos, devido a invasão de campo por parte dos adeptos leoninos, muitíssimo revoltados com o árbitro.
Por vezes e por muito que se defenda a idoneidade e a estatura moral dos homens do apito, verificam-se situações difíceis de entender. Em cinco minutos de jogo, o Sr. Carlos Lopes, de Coimbra, já tinha perdoado uma grande penalidade ao Leixões, tinha mandado repetir um penalty duvidoso contra o Sporting, que Damas havia defendido, e convertido bolas pontapeadas por defensores leixonenses, pela linha de fundo, em pontapés de baliza.
Revoltados, os adeptos leoninos invadem o campo, o árbitro é agredido e o jogo interrompido.
A FPF acabaria por averbar a vitória leixonense por 1-0, resultado que se verificava na altura, e interditaria o Estádio de Alvalade por nove jogos.
Só eu sei a desilusão e desconsolo que senti, ao abandonar o estádio, depois do jogo mais curto que presenciei.

domingo, 22 de março de 2009

Sociabilidade

Liverpool, 15 horas, tarde de sol em Anfield Road.
Aproximadamente 40 mil espectadores aguardavam o início do encontro entre o Liverpool e o Aston Villa, quando é anunciado que se irá proceder a “um minuto de silêncio” em memória de um funcionário, recentemente falecido e que desempenhou as suas tarefas no clube da casa, nos últimos 17 anos.
Ao primeiro apito do árbitro, as bancadas são envoltas num silêncio impressionante, com os presentes evidenciando um semblante carregado e de profundo pesar, em homenagem ao funcionário desaparecido, numa atitude de respeito e grande civismo.
Uma semana antes, num Sporting–Rio Ave, disputado em Alvalade, foi igualmente solicitado um “minuto de silêncio” em memória do juiz Adriano Afonso, falecido dias antes, que para além de ter sido presidente da Assembleia Geral do Benfica, desempenhou funções relevantes na FPF e na Liga e, segundo aqueles que o conheceram de perto, foi um individuo de elevada independência e integridade moral.
Contrastando com o que se passou, em Liverpool, começaram-se a ouvir, para além dos habituais “gritinhos histéricos” e das despropositadas assobiadelas, um chorrilho de impropérios e asneirolas que só terminaram à segunda apitadela do árbitro.
Se esta dualidade de atitudes tivesse a ver com o “fenómeno futebol” não existiria tanta apreensão, e situações similares “morreriam” no fanatismo das claques ou com o “crescimento” dos adeptos. Só que, preocupantemente, o problema é mais profundo e tem haver, principalmente, com falta de civilidade, de princípios, disciplina e de referenciais de uma sociedade que tem uma “forma de estar na vida” pouco edificante.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Internazionale

Dispor de um plantel composto por alguns futebolistas “fora de prazo” e conseguir manter a liderança na competitiva Liga Italiana, a sete pontos de distanciamento da “vecchia signora”, não estará ao alcance de um qualquer “special one”.
De facto, ao assumir a liderança do Inter de Milão, Mourinho recebeu uma pesada herança, o clube conquistou os três últimos títulos nacionais, e um grupo de futebolistas maduros mas, salvo raras excepções, já com idade pouco recomendável para “lutar” nas diversas competições onde se encontra inscrita a “squadra nerazzurri”.
Por outro lado, os reforços escolhidos pelo técnico português não pareciam, à partida, ser os mais aconselhados. Deslocar-se a Inglaterra para adquirir Muntari, por um montão de libras, não lembra ao Diabo e o empenho que o jogador coloca no jogo não disfarça a falta de categoria, tão necessária num clube candidato ao “scudetto”.
A desilusão Quaresma era previsível e Mancini apenas tem confirmado aquilo que Mourinho, provavelmente, desconheceria, que o brasileiro não tem as características técnicas mínimas que justifiquem uma transferência de Roma para Milão. Provavelmente, o técnico português não conhecia, em pormenor, o grupo de futebolistas ao seu dispor, e “comprar só por comprar” sem olhar a despesas nem às necessidades do plantel, não foi uma opção acertada.
É incompreensível que a zona central da defensiva “nerazzurri” não tenha sido objecto de um cuidadoso estudo, sabendo-se que é constituída por jogadores trintões, “espremidos” pelo futebol de alta competição e que já nem nas respectivas selecções nacionais têm lugar. Futebolistas como Córdoba, Materazzi, Samuel e Burdisso por muita experiência e sentido posicional que possam evidenciar, denotam “deficits”, em termos de frescura física e de velocidade de recuperação, e muito dificilmente “aguentarão” uma Liga italiana, extremamente exigente, agravada pelo desgaste provocado na disputa da Champions.
Na defensiva só o guardião Júlio César, o “back-direito” Maicon e o romeno Chivu evidenciam capacidades suficientes para corresponder às aspirações do clube italiano. Até no flanco esquerdo, onde a solução Maxwell parecia ser a mais aconselhada, Mourinho para “complicar” resolveu “lançar” o jovem Santon e introduzir mais instabilidade no sector.
No centro do terreno, para além do ganês Muntari não justificar o investimento realizado, também o sérvio Stankovic e o francês Patrick Vieira, provavelmente pelo desgaste provocado por carreiras realizadas ao mais alto nível competitivo, pouco têm “mostrado” que justifique a presença num lote de futebolistas que luta para vencer, em todas as frentes. Até o romeno Chivu, quando opção para a zona intermediária vê reduzidas as suas potencialidades e só os argentinos Cambiasso e Zanetti, pela inegável categoria patenteada, têm merecido o estatuto de titulares.
No meio-campo, sujeito a alterações tácticas constantes, restam o chileno Jimenez que, devido a lesões, ainda não confirmou todo o seu potencial e a opção Figo, que pese a sua veterania tem, sempre que chamado à equipa, correspondido e evidenciado uma capacidade técnica acima da média, embora insuficiente para disfarçar as naturais carências físicas de um atleta com 36 anos.
Como acontece em quase todas as equipas de futebol o maior problema encontra-se, normalmente, na linha da frente e na dificuldade de concretização. O Inter de José Mourinho não foge à regra. O brasileiro Adriano tem mostrado uma falta de mobilidade confrangedora e raramente consegue utilizar, com eficácia, o seu poderoso remate. Também a dupla argentina, constituída por Júlio Cruz e Herman Crespo, tem manifestado uma aflitiva ausência de poder concretizador, exibindo-se muito aquém do rendimento mínimo exigido aos ponta-de-lança, confirmando que a idade não perdoa.
Dos jovens de origem africana Obina e Balotelli, embora pouco utilizados, só este último, a espaços, tem transmitido alguns sinais de um futuro promissor, apontando golos decisivos, que têm valido pontos.
Na frente de ataque encontra-se o homem mais bem pago do futebol italiano. Sobreavaliado, pelo treinador português, quando em comparação com Cristiano Ronaldo na escolha do “melhor do mundo”, o sueco Ibrahimovic, embora por vezes abandonado à sua sorte, tem evidenciado uma relevante capacidade individual e correspondido com aquilo que melhor sabe fazer, marcar golos.
Ao manter as habituais polémicas com os principais “agentes desportivos”, com a Juventus a “morder-lhe os calcanhares”, na Liga transalpina e afastado da “Champions League” após ter “levado três” da Sampdoria, para a Taça de Itália, Mourinho nem sabe onde se foi meter e não tardará a ser apelidado, pelos intolerantes adeptos “nerazzurri”, de “buffone” (palhaço).