
De facto, ao assumir a liderança do Inter de Milão, Mourinho recebeu uma pesada herança, o clube conquistou os três últimos títulos nacionais, e um grupo de futebolistas maduros mas, salvo raras excepções, já com idade pouco recomendável para “lutar” nas diversas competições onde se encontra inscrita a “squadra nerazzurri”.
Por outro lado, os reforços escolhidos pelo técnico português não pareciam, à partida, ser os mais aconselhados. Deslocar-se a Inglaterra para adquirir Muntari, por um montão de libras, não lembra ao Diabo e o empenho que o jogador coloca no jogo não disfarça a falta de categoria, tão necessária num clube candidato ao “scudetto”.
A desilusão Quaresma era previsível e Mancini apenas tem confirmado aquilo que Mourinho, provavelmente, desconheceria, que o brasileiro não tem as características técnicas mínimas que justifiquem uma transferência de Roma para Milão. Provavelmente, o técnico português não conhecia, em pormenor, o grupo de futebolistas ao seu dispor, e “comprar só por comprar” sem olhar a despesas nem às necessidades do plantel, não foi uma opção acertada.
É incompreensível que a zona central da defensiva “nerazzurri” não tenha sido objecto de um cuidadoso estudo, sabendo-se que é constituída por jogadores trintões, “espremidos” pelo futebol de alta competição e que já nem nas respectivas selecções nacionais têm lugar. Futebolistas como Córdoba, Materazzi, Samuel e Burdisso por muita experiência e sentido posicional que possam evidenciar, denotam “deficits”, em termos de frescura física e de velocidade de recuperação, e muito dificilmente “aguentarão” uma Liga italiana, extremamente exigente, agravada pelo desgaste provocado na disputa da Champions.
Na defensiva só o guardião Júlio César, o “back-direito” Maicon e o romeno Chivu evidenciam capacidades suficientes para corresponder às aspirações do clube italiano. Até no flanco esquerdo, onde a solução Maxwell parecia ser a mais aconselhada, Mourinho para “complicar” resolveu “lançar” o jovem Santon e introduzir mais instabilidade no sector.
No centro do terreno, para além do ganês Muntari não justificar o investimento realizado, também o sérvio Stankovic e o francês Patrick Vieira, provavelmente pelo desgaste provocado por carreiras realizadas ao mais alto nível competitivo, pouco têm “mostrado” que justifique a presença num lote de futebolistas que luta para vencer, em todas as frentes. Até o romeno Chivu, quando opção para a zona intermediária vê reduzidas as suas potencialidades e só os argentinos Cambiasso e Zanetti, pela inegável categoria patenteada, têm merecido o estatuto de titulares.
No meio-campo, sujeito a alterações tácticas constantes, restam o chileno Jimenez que, devido a lesões, ainda não confirmou todo o seu potencial e a opção Figo, que pese a sua veterania tem, sempre que chamado à equipa, correspondido e evidenciado uma capacidade técnica acima da média, embora insuficiente para disfarçar as naturais carências físicas de um atleta com 36 anos.
Como acontece em quase todas as equipas de futebol o maior problema encontra-se, normalmente, na linha da frente e na dificuldade de concretização. O Inter de José Mourinho não foge à regra. O brasileiro Adriano tem mostrado uma falta de mobilidade confrangedora e raramente consegue utilizar, com eficácia, o seu poderoso remate. Também a dupla argentina, constituída por Júlio Cruz e Herman Crespo, tem manifestado uma aflitiva ausência de poder concretizador, exibindo-se muito aquém do rendimento mínimo exigido aos ponta-de-lança, confirmando que a idade não perdoa.
Dos jovens de origem africana Obina e Balotelli, embora pouco utilizados, só este último, a espaços, tem transmitido alguns sinais de um futuro promissor, apontando golos decisivos, que têm valido pontos.
Na frente de ataque encontra-se o homem mais bem pago do futebol italiano. Sobreavaliado, pelo treinador português, quando em comparação com Cristiano Ronaldo na escolha do “melhor do mundo”, o sueco Ibrahimovic, embora por vezes abandonado à sua sorte, tem evidenciado uma relevante capacidade individual e correspondido com aquilo que melhor sabe fazer, marcar golos.
Ao manter as habituais polémicas com os principais “agentes desportivos”, com a Juventus a “morder-lhe os calcanhares”, na Liga transalpina e afastado da “Champions League” após ter “levado três” da Sampdoria, para a Taça de Itália, Mourinho nem sabe onde se foi meter e não tardará a ser apelidado, pelos intolerantes adeptos “nerazzurri”, de “buffone” (palhaço).
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