domingo, 22 de março de 2009

Sociabilidade

Liverpool, 15 horas, tarde de sol em Anfield Road.
Aproximadamente 40 mil espectadores aguardavam o início do encontro entre o Liverpool e o Aston Villa, quando é anunciado que se irá proceder a “um minuto de silêncio” em memória de um funcionário, recentemente falecido e que desempenhou as suas tarefas no clube da casa, nos últimos 17 anos.
Ao primeiro apito do árbitro, as bancadas são envoltas num silêncio impressionante, com os presentes evidenciando um semblante carregado e de profundo pesar, em homenagem ao funcionário desaparecido, numa atitude de respeito e grande civismo.
Uma semana antes, num Sporting–Rio Ave, disputado em Alvalade, foi igualmente solicitado um “minuto de silêncio” em memória do juiz Adriano Afonso, falecido dias antes, que para além de ter sido presidente da Assembleia Geral do Benfica, desempenhou funções relevantes na FPF e na Liga e, segundo aqueles que o conheceram de perto, foi um individuo de elevada independência e integridade moral.
Contrastando com o que se passou, em Liverpool, começaram-se a ouvir, para além dos habituais “gritinhos histéricos” e das despropositadas assobiadelas, um chorrilho de impropérios e asneirolas que só terminaram à segunda apitadela do árbitro.
Se esta dualidade de atitudes tivesse a ver com o “fenómeno futebol” não existiria tanta apreensão, e situações similares “morreriam” no fanatismo das claques ou com o “crescimento” dos adeptos. Só que, preocupantemente, o problema é mais profundo e tem haver, principalmente, com falta de civilidade, de princípios, disciplina e de referenciais de uma sociedade que tem uma “forma de estar na vida” pouco edificante.

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