quinta-feira, 23 de abril de 2009

Criação de Bento

Depois de um Congresso que não aqueceu nem arrefeceu, e com o clube em fase pré-eleitoral é natural o aparecimento, na comunicação social, de entrevistas a pseudo candidatos à liderança do Sporting, onde são abordados os temas actuais do clube e evidenciadas algumas das “linhas mestras” que presidirão a projectos a implementar.
Tratando-se de facções distintas e por vezes antagónicas estranha-se a sintonia manifestada pelos putativos candidatos a candidatos relativamente ao futuro a dar à equipa técnica responsável pelo futebol no clube, nos últimos anos. De Pedro Souto a Sousa Moraes, passando pela surpresa de um ex-inspector da Judiciária, Paulo Cristóvão, todos afinam pelo mesmo diapasão: fazer de Paulo Bento o “Ferguson de Alvalade”.
É no mínimo preocupante a sintonia e concordância manifestadas pelos pretendentes ao lugar presidencial do clube leonino uma vez que, futebolisticamente, as últimas épocas têm sido marcadas por posições secundárias, em termos classificativos, e pela conquista de “taças menores”.
O futebol do Sporting encontra-se recheado de excelentes e jovens futebolistas mas tem-se abusado em demasia da rigidez táctica e da rotatividade dos jogadores, num ano em que o clube de Alvalade não vendeu nenhuma “estrela” e se reforçou com futebolistas experientes e identificados com o clube.
De facto, as grandes vitórias não têm aparecido e as opções técnicas, talvez por inexperiência, também não têm sido as mais eficazes e casos como os de Liedson, Polga, Carlos Martins, Stojkovic, Moutinho, Vukcevic, Veloso, etc., que o treinador não originou (?) mas que alimentou e tão bem soube utilizar, justificam parte dos insucessos de quatro anos de um aborrecido “losango”.
Contudo o técnico mantém-se, como habitual, destemido e imune a criticas beneficiando do beneplácito da “gerência” que não se sentiu envergonha com os humilhantes resultados, com o Bayern de Munique, em tão indigna eliminatória que marcará para sempre a imagem e a história do clube de Alvalade, na Europa do futebol.
Mas também ninguém poderá acusar Paulo Bento de incoerente ou de falta de personalidade, uma vez que tem cometido os mesmos erros por diversas ocasiões mesmo que, a direcção “moderna” e “competente” considere que os objectivos estejam a ser atingidos, quer em termos de equilíbrio orçamental quer em termos desportivos.
A maioria dos sportinguistas aguarda que a nova direcção dê um safanão não só na equipa técnica mas também no sentido de apagar a imagem deixada nos últimos tempos, onde o clube registou as três maiores derrotas em competições europeias tendo, pelo caminho, “levado mais cinco” em Chamartin, num amigável para esquecer.
Não basta dizer que alguns dos resultados não foram os esperados, é necessário saber porque é que estas coisas acontecem. Um clube como Sporting não pode “dar-se ao luxo” de estar, simultaneamente, a “fazer jogadores” e a “criar técnicos”, que no curriculum apenas consta um ano à frente da equipa de juniores, nem pode estar três anos sem ser campeão nacional.
Com os sócios e simpatizantes leoninos a afastarem-se do Estádio, o “modelo Ferguson” terá, forçosamente, de ser abandonado com a saída de Soares Franco que, à semelhança de Deus e Adão, foi o “grande criador” de Paulo Bento.

Sem comentários: