sexta-feira, 24 de julho de 2009

O guru

Durante as férias chegou-me às mãos, pela módica quantia de 1,95 €, um livro daqueles que se lêem de um assentada. Ou porque possuem poucas páginas, ou porque são cativantes ou ainda por estarmos desejosos de partir para outro tipo de leitura.
Este livro da autoria do parapsicólogo (?), vidente (?), espírita (?) guru (?) ou, o mais provável, empresário de futebol, Delane Vieira, possui todas aquelas características e algumas passagens curiosas:

«No final dos anos 60, trabalhei no Benfica, no qual fui muito acarinhado.
Vim para o Benfica com o treinador Otto Glória, meu compatriota e amigo, grande treinador de futebol, falecido em 1986………..Mas o que ele (Otto) queria era alguém com força psicológica e capacidade de médium – e nestas áreas, ele sabia que podia contar comigo. Otto era grande amigo de meu pai, um dos maiores espíritas do Brasil, que já o tinha informado sobre as minhas capacidades de premonição».

«Comecei a colaborar com o FC Porto no início da época de 1984/85.
No início, tinha a minha casa em Lisboa. Ia todas as quintas-feiras para o Porto e regressava no fim dos jogos. Era muito cansativo – porque tinha de preparar em Lisboa os “trabalhos” e levar tudo para o Porto. Chamo “trabalhos” a tudo o que decorre da minha acção como médium, o dom que permite contactar e receber as informações das entidades espirituais que me acompanham. Era preciso, por exemplo, preparar fitinhas para um ou outro jogador prender nas pernas por debaixo das meias e preparar uma moedinha, que era atirada para o campo antes dos jogos. Era necessário, ainda, levar garrafas de cachaça – que, às sextas-feiras à noite, eram partidas numa praia em oferenda ao Pai João».

«Uma das pessoas que mais me desapontaram no futebol foi o Inácio.
Eu era amigo dele, amigo da família, amigo de casa, amigo independente de qualquer interesse. Ele pediu-me ajuda para ser campeão pelo Sporting. Consultei as entidades. Estava tudo certinho: Inácio estaria nas mãos do Pai João e seria campeão. O que eu previa concretizou-se. O Sporting foi campeão.
Inácio apanhou-se com o título e desapareceu».

E eu que, depois de tantos anos a ver e a acompanhar o futebol, sempre atribuí o domínio benfiquista, na década de sessenta, ao Eusébio e aos “monstros” que o acompanhavam.
Ingenuamente ou não, também pensei que o FC Porto tinha vencido a Taça dos Campeões Europeus, em 1987, por ser detentor de um quadro futebolístico com categoria acima da média, onde se evidenciavam o Paulo Futre, o Gomes, o Madjer, o Juary e outros tais.
Nunca me passaria pela cabeça que o Sporting tinha vencido o campeonato nacional, após 18 anos de jejum, devido aos poderes ocultos de um “iluminado” brasileiro e não à capacidade de estruturar e “arrumar” um “team” do Augusto Inácio ou à experiência e classe patenteadas por um Schmeichel, André Cruz, Babb, Acosta, Pedro Barbosa, etc.
Estamos sempre a aprender….

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