sábado, 12 de setembro de 2009

A pesada herança

O principal argumento utilizado, pelo seleccionador nacional de futebol e por todos os “queirozianos” que o apoiam, para explicar o descalabro nos resultados e o desconsolo exibicional verificados, na fase de apuramento para o mundial de futebol a disputar na Africa do Sul, fundamenta-se numa “pesada herança” deixada pelo seu antecessor, Luiz Felipe Scolari.
Carlos Queiroz acusa o anterior seleccionador de, durante o tempo em que exerceu o cargo, não ter tido a preocupação de renovar uma selecção envelhecida, introduzindo “sangue novo” e preparando-a para um desempenho tranquilo, na fase de qualificação e, tanto quanto possível, meritório na África do Sul.
Assim, e segundo o professor, a sua tarefa tem sido dificultada pela necessidade de, simultaneamente, disputar a fase de grupos e efectuar a tão apregoada renovação da “equipa das quinas”.
Por certo o senhor professor, na tentativa de se desresponsabilizar dos resultados, até agora conseguidos, ter-se-á esquecido de que o antigo seleccionar conseguiu “fazer a ponte” entre uma “geração de ouro”, nascida na década de 90 e gerada pelo próprio Queiroz, e uma rejuvenescida selecção que em nada envergonhou os seus antecessores, conseguindo resultados que permitiram manter Portugal na “crista da onda” e consolidar uma posição cimeira, no ranking da FIFA.
A contradição é, por demais, evidente quando, após quase dois anos no cargo, se constata que na convocatória dos futebolistas, para a disputa dos decisivos encontros com a Dinamarca e a Hungria, não foram contempladas grandes inovações/modificações ao grupo habitualmente escolhido por Scolari.
De facto, dos 22 seleccionados, por tão “ilustre renovador”, e abstraindo dos “veteranos” Nuno Gomes, Simão e Tiago, que chegaram a internacionais A pelas mãos, respectivamente, de António Oliveira, Humberto Coelho e Agostinho Oliveira, a maioria dos restantes elementos, como Bosingwa, Bruno Alves, Cristiano Ronaldo, Deco, Duda, João Moutinho, Maniche, Miguel, Miguel Veloso, Nani, Pepe, Raul Meireles e Ricardo Carvalho, conheceram a primeira internacionalização através das convocatórias de ……….………..............................… Luiz Felipe Scolari.
Só Eduardo, Beto, Rolando, Zé Castro e Liedson são exemplos de novos internacionais e da regenerada selecção nacional. Contudo, Eduardo e Beto ocupam a posição de guarda-redes onde, há muito, se exigia e se perspectivava a substituição de Ricardo. Rolando e Zé Castro poucas expectativas têm de jogar, com assiduidade, atendendo a que na sua frente encontram-se defesas-centrais de classe mundial, como Ricardo Carvalho, Bruno Alves e Pepe. Liedson é um caso especial e surgiu da desesperada e urgente necessidade de colmatar a lacuna existente na linha da frente, após a retirada de Pauleta.
Não é admissível nem nobre a atitude de Carlos Queiroz ao descartar-se e desculpabilizar-se, de uma possível ausência da fase final do campeonato do mundo de futebol, com a obrigatoriedade de renovar o plantel de internacionais e, complementarmente, lutar pelos pontos suficientes para a qualificação.
Uma selecção nacional onde pontificam, para além do melhor jogador do mundo, diversos futebolistas que representam algumas das melhores equipas europeias, nomeadamente, Chelsea, Juventus, Real Madrid e Manchester United, para citar as mais conceituadas, não pode estar á mercê de um seleccionador com pouca propensão para o êxito que, quando não falha na táctica, falha na estratégia ou nas substituições.

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