sábado, 16 de maio de 2009

Jesus "o salvador"

Em face da época miserável protagonizada pela equipa de futebol do Benfica, orientada pelo pouco convincente Quique Flores, os seus adeptos e simpatizantes numa atitude que patenteia justificado desespero, começaram a “embandeirar em arco” com a possibilidade de Jorge Jesus vir a treinar a equipa, na próxima temporada.
Pensando que se “benzem” talvez os benfiquistas venham a “partir o nariz”.
O “povo benfiquista”, à semelhança do que aconteceu com o povo judeu, há cerca de dois mil anos, tenta agarrar-se á “tábua de salvação” que está mais á mão, acreditando nas capacidades deste “novo Jesus” e no poder profético de Filipe Vieira e Rui Costa, esquecendo-se que, milagres já ninguém faz e que o técnico, agora contratado, construiu o seu curriculum em equipas de pouca nomeada cujas principais aspirações são a subida de divisão ou a luta pela permanência, no escalão máximo do futebol português. A excepção que confirma a regra aconteceu na época que agora termina, no Sp. Braga, onde um forte e dispendioso plantel, oriundo dos principais clubes portugueses e de agremiações com palmarés na América latina, conseguiu elevar o treinador para patamares de voos próximos da águia Vitória.
De facto, com a entrada de Jorge Jesus no Benfica muita coisa terá que mudar. A começar pela táctica, sabendo-se que o técnico é apologista do “fastidioso losango”.
Com a implementação de tal sistema táctico ao actual plantel benfiquista, dificilmente futebolistas como os extremos Reys, Di Maria e Balboa conseguirão ser titulares. O mesmo acontecerá com Cardoso, que terá de ir marcar golos para “outra freguesia”, uma vez que o paraguaio possui características de “avançado-centro fixo”, posição não contemplada no famoso losango, que “vive” de dois pontas-de-lança que fazem da mobilidade a sua principal qualidade. Provavelmente, e á falta de melhor, a escolha recairá na dupla constituída por Nuno Gomes e Mantorras. Ah! Ah! Ah!
Ao utilizar apenas um trinco no vértice recuado do quadrilátero, Jorge Jesus terá, forçosamente, de dispensar futebolistas com as qualidades e os defeitos de Katsouranis, Yebda, Binya, Carlos Martins ou Ruben Amorim. Jogadores que denunciam grandes dificuldades na adaptação aos vértices-ala do polígono.
Talvez Aimar consiga, finalmente, “dar um ar da sua graça” uma vez que passará a existir a posição nº10, para a qual o argentino se encontra mais vocacionado.
De facto, com a entrada de Jorge Jesus o plantel do Benfica terá de “levar uma grande volta”, sendo por demais evidente a necessidade de adquirir futebolistas com características específicas para implementação da táctica escolhida. Após mais um ano a ver os títulos a “passarem”, mas onde o investimento foi extremamente elevado, torna-se penoso para o clube da Luz iniciar mais um ciclo com os custos e os encargos que os novos elementos acarretarão.
Do “tipo pintas”, culturalmente débil e com um percurso similar ao de Quinito, se Jorge Jesus na próxima época, manifestar a mesma competência para treinar um “grande” como aquela que o técnico setubalense evidenciou na época 1988/1989 ao serviço do FC do Porto, tempos difíceis continuarão à espera dos adeptos e simpatizantes encarnados.

1 comentário:

Kroniketas disse...

É um retrato pessimista, mas então o que recomendaria Paulo Bento para treinador da equipa principal do Sporting a não ser a sua passagem pelos juniores? E afinal, às vezes ainda cabe um Vukcevic no famigerado losango...