quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Mais um "Socolari"


Lutar pelo apuramento, até ao minuto final do último jogo, quando à partida Portugal era considerado, unanimemente, como o principal favorito ao lugar cimeiro do grupo, no mínimo é dramático.
Uma selecção recheada de futebolistas pertencentes a equipas do “top europeu” onde disputam os campeonatos mais mediáticos do mundo, que não conseguem vencer a selecção da Polónia, Finlândia e Sérvia e, pior que isso, devem o apuramento aos pontos conquistados com os “minorcas do grupo”, no mínimo é caricato.
Evidentemente que Scolari, pelo cargo que ocupa, é, forçosamente, o principal responsável por um “feito” que, ao longo da fase de apuramento, lhe provocou um desgaste e instabilidade emocional, patenteados, em certas ocasiões, por ausência de “fair-play” e pelas atitudes lamentáveis, presenciadas no final do jogo com a Sérvia e na conferência de imprensa realizada, após a consumação do apuramento.
Contudo, ninguém lhe pode tirar o mérito de, com alguma angústia é certo, ter contribuído para a qualificação de uma selecção recheada de óptimos jogadores, mas onde se notam algumas lacunas importantes (ex.: carência de esquerdinos; ponta-de-lança-matador, etc.) e, principalmente, a falta de um “maestro” experiente, que paute o jogo da equipa.
De facto, desde o abandono de Rui Costa e Figo, que se nota, na selecção portuguesa, a falta de um “condutor de jogo” que, evidenciando experiência, tão necessária em momentos de pressão, possa transmitir tranquilidade e assuma a “cadência do jogo” de forma a tornar tudo muito mais fácil. Deco ainda não conseguiu ocupar este posto.
Os meses que se aproximam são deveras importantes para o desempenho de Portugal, no próximo europeu. É uma fase de jogos amigáveis, não só de descompressão para o próprio seleccionador, mas também de granjeio de estabilidade para os futebolistas.
Por outro lado, as anteriores atitudes de Scolari embora condenáveis são, em parte, justificáveis, não só pelo desespero em que viveu, durante meses, ao ver, continuamente, o apuramento adiado, mas principalmente por se tratar de um individuo do “tipo emotivo”, sanguíneo, com a latinidade à flor da pele e que luta pela sua causa até às últimas consequências.
Vamos ter calma que, na fase final do europeu, as exibições e os resultados vão aparecer com naturalidade e, provavelmente, com a consagração de Pepe e de Ricardo Carvalho, formando a melhor dupla de centrais do torneio.

1 comentário:

Krónikas Tugas disse...

As reacções intempestivas de Scolari revelam, já desde o jogo com a Sérvia, um treinador que perdeu a calma porque perdeu o controlo da equipa e da situação que tinha preparado. O jogo da selecção nunca convenceu e as contas do apuramento nunca estiveram seguras, tendo estado até ao último minuto do último jogo à mercê dum golo fortuito que deitasse por terras todas as contas feitas. A incapacidade de Scolari de lidar com as críticas mostra um homem que atingiu o ponto de saturação porque atingiu o limite da sua competência. Já deu tudo o que era possível e já não parece capaz de nos levar a dar o último salto que falta. O seu consulado em Portugal está esgotado.