segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Ainda tu Carlos?

Lembraste Carlos quando ainda jovem, no início dos anos 60, davas os primeiros “toques na bola”, nos terrenos baldios da longínqua Nampula? Já nessa altura denotavas alguma falta da aptidão para a prática do jogo, escolhido pela maioria da garotada. Talvez por este facto, te “refugiaste” entre as duas pedras estrategicamente colocadas a “fazer” de baliza e qual Açor-africano voavas como guardião intransponível.
Pois é Carlos! Nesses tempos, também eu jogava de “sarjeta a sarjeta” com os companheiros de rua. Só que nos tempos livres, sempre que me era permitido, aproveitava-os para ir observar os treinos das equipas que “moravam” na Tapadinha ou no Restelo, locais próximos do bairro onde cresci e, assim, rever alguns dos ídolos que me passavam pelas mãos com os “caramelos desportivos”. O domingo era sagrado. De quinze em quinze dias, sentava-me nas frias bancadas do velhinho Estádio de Alvalade e, deliciava-me com as actuações da equipa que, mais tarde, viria a vencer a Taça das Taças. Também não esquecerei os “monstros sagrados” recém bi-campeões europeus pelo Benfica, onde pontificava o grande Eusébio que, sendo teu conterrâneo, por ironia do destino, nunca o viste jogar.
De facto Carlos, o futebol não se aprende nas carteiras da escola e as teorias que, por ventura, terás aprendido na licenciatura do INEF, raramente, são suficientes para se saber “ler o jogo” e conseguir êxito ao nível do futebol profissional. Também os dotes oratórios, só por si, não chegam e, muitas das vezes, só conseguem “convencer” aqueles putos que em 1989 e 1991 nem sabiam que veriam a pertencer a uma “geração d’ouro”.
Carlos, no INEF de certeza que te ensinaram muitos “princípios básicos” mas, certamente, não te falaram no “Princípio de Peter” que bem útil teria sido e, quem sabe, evitado os fracassos no MetroStars, Nagoya Grampus Eight e nas selecções de Portugal, Emiratos Árabes Unidos e Africa do Sul. A ti Carlos, nem os galácticos do Real Madrid te “salvaram”.
Até na tua passagem por Alvalade não conseguiste ser feliz, deixando uma réstia de desolação nos adeptos sportinguistas. Aí Carlos, tiveste à disposição um grupo recheado de campeões do mundo Sub-19 (Figo, Filipe, Amaral, Paulo Torres, Paulo Sousa, Peixe, etc.) reforçado por futebolistas estrangeiros de renome (Juskoviak, Naybet, Amunike, Marco Aurélio, Valckx, Balakov, Yordanov, etc.), e eu não te perdoarei o tempo que me fizeste estar afastado do “meu” Estádio, igual aquele que lá permaneceste, só por não acreditar nas tuas competências técnicas e não confiar em ti, para chegarmos ao título nacional. Mas a satisfação foi tão grande, na hora da despedida que, no dia seguinte ao do teu afastamento do clube, cumpri uma promessa e tornei o meu filho associado. Estávamos na época 94-95 e, pessoalmente, tentava dar mais alguns sinais de desconfiança nas tuas competências técnico/futebolísticas. Daí para cá aconteceu aquilo que todos sabemos. Fracasso seguido de indemnização, mais fracasso seguido de indemnização.
As tuas limitações são tão evidentes que, as tentas disfarçar com “tiques” de vedetismo e prosápia, colocando ênfase nas banalidades por ti realizadas. Carlos, um pouco de modéstia e humildade não eram desaconselhados e, certamente, levariam os portugueses a serem mais tolerantes quando os resultados da nossa selecção não são aquilo que esperam.
Também já sabemos Carlos, que sacudir a “água do capote” e atirar com as “porcarias” para cima dos outros é uma das tuas especialidades.
Foi assim, no dia 17 de Novembro de 1993 quando, em San Ciro, perdeste o apuramento com a Itália (1-0) num jogo de qualificação para o Mundial dos Estados Unidos e proferiste a celebre frase: «É preciso varrer a porcaria. Há muita coisa para mudar». Felizmente que foste tu o varrido e o seleccionador mudado. Mas a história repete-se e, mais recentemente, quando “levaste” seis do Brasil foste, mais uma vez, lesto, a culpabilizar os futebolistas que não estavam preparados para te acompanhar à “selva”.
Contigo Carlos, não ia nem ao Jardim da Estrela ver os “patos”, muito menos para à “selva”, acompanhar um caçador que o único tiro que acerta é no próprio pé.
Não te iludas Carlos, e não tornes a mostrar aquele sorriso de satisfação, parecias ter ganho o “euromilhões”, quando abandonavas o Estádio do Algarve, depois da selecção ter vencido a Finlândia (1-0), com uma exibição paupérrima e um golo de penalty………. inexistente.
O “Projecto Queiroz” é sobejamente conhecido e passa por mais uma “travessia no deserto” e, logicamente, pelo afastamento das fases finais das grandes competições internacionais. Depois, como a culpa não morre solteira, a responsabilização será transferida para os jogadores ou para a FPF, por não ter colocado à disposição do “expert” as condições necessárias para o êxito.
Ai! Carlos, Carlos! O teu exemplo da vaca é elucidativo. De facto, a teta da tua nunca mais seca.

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