sábado, 12 de julho de 2008

O Mito

O “Portugal futebolístico”, finalmente, irá ter oportunidade de desmistificar o professor Carlos Queirós.
Possuidor de um curriculum invejável, em termos de recebimento de chorudas indemnizações, elogiado por todos (?) e com a imagem de profissionalismo e competência criadas, em grande parte pelos “media”, que advêm das conquistas alcançadas, com as camadas jovens.
Com o pretexto de iniciar mais um “projecto” e efectuar a “recuperação do futebol português”, a todos os níveis, o prof. Queirós prepara-se para assumir o cargo de seleccionador nacional de futebol e celebrar um contrato milionário, com a duração de quatro anos.
Ingrata tarefa aguarda o professor, ao trocar o bem-estar inglês pela incerteza do êxito na selecção.
Substituir Luiz Felipe Scolari, tomar conta da “equipa de todos nós” e reestruturar a formação, a nível das camadas mais jovens, não parece “pêra doce” nem ao alcance do adjunto de Ferguson.
A história não se repete nem os títulos mundiais conquistados, em 1989 e 1991, apareceram por acaso.
Na época, para além de ter tido a felicidade de dispor da “geração d’ouro”, conseguiu “transformar” jovens adolescentes em profissionais de futebol.
Essas vitórias tiveram o seu “custo”. De facto, enquanto os nossos adversários, situados na mesma faixa etária, natos e criados em países ditos desenvolvidos andavam a caminho da escola, fazendo da prática do futebol o seu “hobby” preferido, os “meninos do Queirós” treinavam intensamente no Jamor, com evidente prejuízo para os clubes, que só dispunham das suas melhores unidades nos jogos de fim-de-semana.
Quem não se terá esquecido daqueles tempos e da forma intensiva como eram ministrados esses treinos foram, certamente, os adeptos e simpatizantes do Sporting que, na altura possuía uma equipa de juniores recheada de futebolistas, com capacidades técnicas invulgares (ex.: Figo, Peixe, João O. Pinto, Paulo Torres, etc.) e com potencial mais do que suficiente para vencer a prova máxima nacional. Quedar-se-iam pelo segundo posto, tendo o V. Guimarães arrebatado o titulo, para a Cidade Berço. Curiosamente, dessa equipa vitoriana, não foi “aproveitado” qualquer elemento para o plantel principal.
Demagogia pura é pensar-se que, a competência de Carlos Queirós no planeamento das selecções e no trabalho a desenvolver com os mais jovens irá, forçosamente, trazer resultados. As selecções jovens portuguesas sempre foram “alimentadas” pelo trabalho de formação realizado nos principais clubes portugueses (Sporting, FC Porto e Benfica). Presentemente, para esses clubes todo o dinheiro é pouco e a formação vive, também, na perspectiva do lucro rápido resultante da venda de alguma “vedeta”, sendo objectivo secundário o “abastecimento” da equipa principal.
Com equipas de juniores formadas na grande maioria por jogadores estrangeiros, dificilmente se conseguirá a nível de selecções os êxitos alcançados no passado, sem as necessárias naturalizações.
Por outro lado, o consenso que gravita em torno de Carlos Queirós, depressa se desvanecerá se os resultados não aparecerem e o apuramento, para o Mundial de 2010, se saldar em fracasso.
A estreia está marcada para Agosto, num difícil encontro com as Ilhas Faroé. Depois, para moralizar, talvez o Nepal ou a selecção de San Marino.

Sem comentários: