segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Balanço: FCP

Face ao fraco potencial evidenciado pelos principais rivais, embora mostrando algumas fragilidades nos jogos já disputados, o F.C. Porto só por culpa própria não revalidará o título nacional de futebol.
Ao não contar com as “trivelas” de Quaresma, com o “todo-o-terreno” Bosingwa ou com o “tampão” Paulo Assunção, era natural que o FCP viesse a denotar alguma intranquilidade, com os resultados menos favoráveis a aparecerem, atirando a equipa para os lugares secundários da classificação.
Mas a explicação para um desempenho tão pouco habitual do FCP não está só no abandono de alguns dos craques mas também, na introdução de um “corpo estranho”, conhecido por Hulk, na frente de ataque de uma equipa onde os automatismos e mecanizações de jogo se encontravam há muito consolidados.
Ao conceder a titularidade ao recém-chegado Hulk, Jesualdo Ferreira correu alguns riscos que podem vir a custar caro. Se por um lado o jovem brasileiro trouxe agressividade e uma salutar “fossanguice” à zona mais avançada da equipa, por outro “obrigou” o técnico a prescindir do mais que testado 4-3-3, tornando a equipa insegura e colocando em xeque o “fio de jogo”, responsável pelos êxitos, ultimamente, alcançados pelos dragões.
Por outro lado, no centro do terreno, ao “obrigar” Lucho Gonzalez a descair para a ala-direita de forma a dar mais consistência ao novo 4-4-2, limitou a influência do sul-americano numa zona fulcral do terreno, retirando-lhe protagonismo, quer no “balanceamento” da equipa, quer na cadência do futebol praticado, reduzindo, drasticamente, o número de “assistências” que o argentino proporcionava ao seu compatriota Lisandro Lopez.
As novas tarefas atribuídas a Lisandro, também, não têm ajudado a alcançar os melhores resultados. De facto, ao retirá-lo da posição “homem em cunha” no centro do ataque, concedendo-lhe tarefas de “dobragem” dos companheiros da retaguarda, desgastou o argentino que perdeu “poder de fogo” e de explosão que, na época passada, fizeram dele o melhor marcador da liga portuguesa.
Também a adaptação de Rodriguez não tem sido pacífica, em virtude do uruguaio jogar muito “colado” à linha lateral, limitando-lhe o espaço de manobra e de envolvência no jogo atacante da equipa.
Difícil de solucionar, neste FC Porto de 2008/2009 é, sem dúvida, a lacuna existente no lado esquerdo da defensiva. A saída, mal equacionada, de Marek Cech provocou insegurança e instabilidade naquela zona, a que não será alheia a falta de afirmação de Benitez, a pouca propensão de Lino para defender e a adaptação, contra natura, de Pedro Emanuel.
Hulk, embora a espaços evidencie ainda alguma “verdura” e excesso de fogosidade, pela velocidade e poder de remate que tem demonstrado, poderá vir a ser a grande revelação do campeonato, mas uma coisa é certa, a estratégia e o sistema táctico agora implementados demorarão algum tempo a “enraizar” e a equipa irá, forçosamente, ressentir-se disso e, consequentemente, sentir dificuldades na revalidação do titulo.

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