
O chegar dos anos e o aspecto de “espigadote” trouxeram mais alguns sobrenomes, e a referência à garrafa da “Canadá Dry” não foi esquecida.
Adolescente, longilíneo, sempre pronto para um bom “jogo de trapeira” e com forte propensão para os “golos de cabeça”, a entrada no Liceu D. João de Castro iria coincidir com uma alcunha que me iria marcar para o resto da vida. Simplesmente, TORRES.
Estávamos no início da década de sessenta do século passado e no Benfica começava a despontar, não só o herdeiro natural de José Águas mas, principalmente, um dos maiores goleadores do futebol português, a quem Eusébio “deve” muitos dos golos conseguidos, proporcionados pelos “amortis de cabeça” do bom gigante, José Torres.
Mais tarde, princípios dos anos oitenta, na casa de um amigo comum tive a felicidade de conhecer o ex-jogador. Trocámos algumas palavras de circunstância e abordámos alguns temas futebolísticos de então. Também não deixei passar a oportunidade de referir a importância que o seu apelido teve no meu percurso de vida, tendo ele acrescentado, com naturalidade, que com o seu filho mais velho acontecia situação semelhante, uma vez que, na escola que frequentava, era conhecido pelo “Chico Gordo”, goleador da época.
Vai hoje a enterrar um homem bom, simples, brincalhão, com sentido de humor, gigante futebolista e grande glória do futebol português, que jamais esquecerei.
É com orgulho que, actualmente, após mais de quarenta anos passados do tempo liceal, cruzando-me com colegas dos tempos passados, ainda sou apelidado de Torres em virtude de desconhecerem que tal epíteto não consta do meu bilhete de identidade.
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