segunda-feira, 10 de março de 2008

Camacho, adiós


Nunca foi bom indício substituir um técnico no advento das competições da temporada, principalmente, quando o clube tem sérias aspirações à conquista das provas onde se encontra inscrito, como acontece com o Benfica. Para além de, em parte, desresponsabilizar o treinador que acaba de ocupar o lugar, em virtude de não ter sido da sua competência a estruturação e constituição do plantel futebolístico, atrasa e dificulta as tarefas de adaptação à estratégia e concepção de jogo a adoptar.
Por estes motivos, ou talvez não, o Camacho que substituiu Fernando Santos e chegou ao clube da Luz na fase embrionária da presente época, pouco tinha a ver com o técnico dinâmico, interventivo, actuante que arrebatou, anos antes, a Taça de Portugal ao FC Porto de José Mourinho.
De facto, quando da primeira passagem pelo clube, o técnico espanhol tinha evidenciado um conjunto de características e predicados, tão apreciadas pelos benfiquistas, que fizeram dele um treinador estimado e desejado. Estranhamente, as qualidades patenteadas, anteriormente, não se confirmaram na recente passagem.
Para além da ausência da garra e da “fúria” tão características de nossos “hermanos”, apresentou-se, especialmente, durante os jogos, desmotivado, desligado da equipa e pouco empenhado. Até a emotividade, uma das suas principais características, exibidas quer como jogador quer como técnico, nunca apareceu em pleno, tendo sido substituída por um aparente afastamento e conformismo, relativamente à actuação da equipa e ao desempenho dos futebolistas.
Com um plantel potencialmente débil, as “compras de Janeiro” confirmaram algum desinteresse, da sua parte, uma vez que não incidiram, como seria de esperar, no preenchimento dos “lugares carentes” da equipa, nomeadamente, na aquisição de um médio ala-direito, de forma a equilibrar um plantel que, no flanco oposto dispunha de cinco esquerdinos. Também custa a crer que, tenha sido Camacho a aconselhar a contratação de Makukula, pois trata-se de um futebolista (?) que não evidencia as condições mínimas para representar um clube com o passado e as pretensões do clube da Luz.
Por outro lado, embora José António Camacho, revele forte personalidade e algum “carisma”, o seu curriculum, em termos de conquista de títulos, deixa muito a desejar, limitando-se à Taça ganha no Jamor.
Contudo, com o Benfica posicionado no segundo lugar da Liga Bwin, com acesso directo à Liga Milionária, a atitude tomada pelo treinador demonstra, à semelhança daquilo que já tinha acontecido por duas vezes no Real Madrid, uma grande dose de coragem e dignidade, qualidades arredias de muitos dos nossos técnicos, para os quais um quinto lugar na Liga nada envergonha, mesmo sabendo-se que, o clube em questão tem a obrigação de lutar, anualmente, pelo título nacional.

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