sexta-feira, 28 de março de 2008

Queirós de lampião?


Verdade ou não, as notícias que abriram o telejornal, no dia de hoje, anunciavam contactos entre Carlos Queirós e os dirigentes do Benfica.
O que leva um treinador de futebol, de 55 anos, comodamente sentado ao lado de Sir Alex Ferguson, responsável máximo pelo futebol do Manchester United, a aceitar um convite do Benfica, para treinar a equipa de futebol?
Normalmente, a vida não é aquilo que parece e o braço-direito do técnico escocês, apontado por muitos como o seu natural sucessor, se calhar, não reúne as condições necessárias para dar continuidade ao projecto idealizado, pelos “donos do clube”.
Por outro lado, a última década, passada fora de Portugal, não pode ser considerada como enriquecedora para o curriculum do técnico português. De facto, as passagens como treinador principal pelo Metro Stars (EUA), Nagoya Grampus (Japão), seleccionador dos Emiratos Árabes Unidos e da Africa do Sul e, finalmente, como técnico do galáctico Real Madrid, só serão recordadas pelas chorudas indemnizações embolsadas e nunca pelos êxitos desportivos alcançados e tão almejados, por aqueles que apostaram nas suas capacidades.
Também, pelo passado de Queirós no futebol português, nomeadamente, ao serviço da principal selecção nacional e do Sporting, se pode concluir que estamos em presença de um bom técnico secundário.
A imagem que “passa” define-o como um “teórico da bola” que planifica, optimamente, os treinos, que estuda exaustivamente as características dos adversários directos e que domina na perfeição o importante mercado da prospecção. No “banco”, as suas principais qualidades não são tão relevantes e, a necessária perspicácia, astúcia e sagacidade raramente são evidenciadas, em virtude de “ler mal o jogo” e, por este motivo, esporadicamente “acerta” nas substituições a efectuar.
Explorando bem a própria imagem, a formação académica dotou-o de cultura e dom de palavra, acima da média, que sabiamente utiliza, em algumas ocasiões, para disfarçar e ocultar deficits de audácia e de coragem na assunção das suas responsabilidades. De facto, não é raro, quando os resultados não correm de feição, vê-lo “sacudir a água do capote” para cima dos árbitros, ou mais estranho ainda, para as costas dos responsáveis directivos, como aconteceu, em tempos, na Federação e no Sporting.
E como uma desgraça nunca vem só, se Carlos Queirós aceitar o comando técnico do Benfica está a comprometer-se com um clube que é gerido na “praça pública”, com um plantel de qualidade duvidosa e onde a mística, dos gloriosos tempos, já não é transmitida pelo capitão nem tão pouco por futebolistas oriundos das camadas jovens. Por outro lado, e em face das anunciadas saídas de alguns dos seus principais jogadores, não se deslumbra, a curto prazo, uma mudança drástica da actual situação, nem se prevê que a época 2008/2009 traga algo de novo, para o clube encarnado.
Portanto, a escolha de Carlos Queirós para técnico principal, não parece ser a mais acertada para solucionar a crise que, há bastante tempo, se instalou no futebol benfiquista. Numa fase onde, com tanta insistência, se menciona o nome de Rui Costa como futuro director desportivo, não parece aconselhável que, num cenário de afirmação do ex-jogador nas suas novas funções, tenha como subalterno um treinador a quem “deve” imenso respeito e consideração e que marcou, tão positivamente, o inicio da carreira do internacional português.

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