quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Auto-exclusão



Todos aqueles que se encontram identificados com o fenómeno desportivo, nomeadamente o futebol, previam a rejeição de José Mourinho ao convite da FA, para o desempenho do cargo de seleccionador inglês.
Sabendo-se da perspicácia do técnico português e do estatuto que goza, presentemente, em Inglaterra devido aos títulos conquistados nas últimas épocas, ao serviço do Chelsea, facilmente se concluiria que Mourinho não iria, a curto prazo, correr o risco de hipotecar o prestígio granjeado.
Treinar uma selecção não é o mesmo que uma equipa de clube, para mais quando se trata da selecção inglesa onde a margem de exigência, em termos de resultados, é enorme e grande parte dos futebolistas que a representam, não evidenciam qualidade suficiente para tamanhas aspirações.
Já nos tempos áureos do Chelsea, o técnico afirmava que só equacionaria treinar uma selecção, nomeadamente, a portuguesa a partir dos 50 anos, até lá o objectivo passaria sempre por orientar uma equipa de clube, pois tinha necessidade de sentir o pulsar do balneário, o cheiro da relva, o convívio diário com os futebolistas e do confronto, permanente, com os principais opositores.
Mesmo com o apoio da maioria dos agentes do futebol da Velha Albion, Mourinho tomou a decisão mais sensata, para desilusão dos media britânicos que já sonhavam em ser “alimentados” com as habituais guerras de palavras, como nos tempos de glória do Chelsea. Mourinho sabe melhor que ninguém que, não poderia utilizar todas as suas “armas estratégicas” e que conferências de imprensa, antes dos jogos, jamais serviriam para desgastar a imagem dos adversários directos e respectivos técnicos. Responsabilizar árbitros e a programação dos jogos, deixariam de fazer sentido. Arrogância verbal e declarações bombásticas, num contexto de seleccionador, eram no mínimo descabidas.
Certamente, José Mourinho não perdeu a emotividade e a teatralidade que tão bem cultivou, num passado recente, e que tão bons resultados lhe têm dado, mas na versão de seleccionador, obviamente, toda a sua energia teria de ser canalizada e orientada noutras direcções. Iríamos conhecer um Mourinho mais “soft”, mais adulto e mais cordial, mas os resultados, provavelmente, não apareceriam como o desejado.
José Mário dos Santos Mourinho Felix, presentemente com 44 anos, tem outras ambições e o Barcelona e Milan estão na calha.

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