quarta-feira, 30 de junho de 2010

O Asno

Abordar a temática da Selecção Nacional de Futebol e o seu desempenho no Mundial da África do Sul é, mais uma vez, colocar em causa as opções e as estratégias escolhidas pelo seleccionador Carlos Queiroz.
Embora para muitos observadores os “objectivos mínimos” tenham sido alcançados, o certo é que se a equipa das quinas tivesse sido conduzida de forma bem diferente as perspectivas de continuidade, na competição, daqueles futebolistas que representam muitas das melhores equipas da Europa, teriam sido substancialmente diferentes.
De facto, por vontade própria ou, a espaços, por imposição dos adversários, a equipa nacional nunca assumiu o domínio dos jogos disputados. Se no encontro com a Costa do Marfim, Portugal entrou em campo praticando um futebol de contenção e procurando jogar no erro do adversário, provavelmente, justificado pela importância e o receio de perder o primeiro jogo da “poule”, no segundo encontro com a frágil Coreia do Norte, a equipa, inexplicavelmente, continuou a adoptar a mesma estratégia, o que poderia ter causado “amargo de boca” se os coreanos tivessem concretizado as duas oportunidades que antecederam o tento de Raul Meireles. Com a Coreia a evidenciar ausência de categoria, cometendo erros primários, a goleada facilmente emergiu, também fruto do empenho de futebolistas que só “deixaram de carregar no acelerador” quando o Cristiano Ronaldo apontou o golo que perseguia há quase dois anos.
Com o Brasil foi mais do mesmo. Um meio-campo super povoado, o ataque entregue ao desamparado Ronaldo e a sensação de que o nulo final só aconteceu porque os brasileiros não necessitavam de vencer para manterem a liderança do grupo.
Assim, nos oitavos-de-final, o encontro com a Espanha, recheada de belíssimos futebolistas e actual campeã da Europa, afigurava-se complicado e com diminutas probabilidades de êxito. Mais uma vez Carlos Queiroz entregou “o ouro ao bandido” ao apostar, inicialmente, em Ricardo Costa, para “back-direito”, insistindo em Pepe e, provavelmente, só não colocando o canhoto Duda como médio-direito, como aconteceu com o Brasil, por se encontrar lesionado. A estratégia de contenção e de “oferecer o jogo” ao adversário continuou a vigorar, sendo o nulo verificado ao intervalo bastante lisonjeiro, para as cores nacionais. Depois, só não aconteceu o inexplicável, porque sabemos da pouca vocação de Queiroz para “ler o jogo” e efectuar as substituições adequadas. Num jogo “mata-mata”, como diria o “outro” agora também acusado de não ter efectuado a necessária renovado a selecção, “mexer” na equipa com o resultado 0-0, começando por tirar o avançado-centro (Hugo Almeida), que “obrigava” os centrais espanhóis a não abandonarem as suas posições, fazendo entrar o frágil Danny e deixando, uma vez mais, Cristiano Ronaldo entregue à sua sorte, na luta com os aguerridos Puyol e Piquet, não lembrava ao mais burro e incompetente treinador de futebol.
Se por um lado, é um alivio não ter mais que “torcer” por uma selecção com potencialidades evidentes mas que, nos momentos cruciais normalmente falha, por outro, lamenta-se o facto de vermos um dos melhores futebolistas do planeta (Cristiano Ronaldo) jogar desgarrado, isolado na frente de ataque, responsabilizado e obrigado a resolver, só por si, os encontros que disputa, contrariamente ao que acontece nos clubes por onde tem passado, onde existe a preocupação de o apoiar e “servir” de forma a aproveitar todas as suas reais capacidades.

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